Bolsa: ponto-chave será aprovação da reforma da Previdência (Cris Faga/Getty Images)
Karla Mamona
Publicado em 12 de março de 2019 às 16h54.
(Bloomberg) -- A recente queda das ações brasileiras não foi suficiente para abalar a visão de Emy Shayo, estrategista de ações para América Latina do JPMorgan Chase & Co.
"Vemos basicamente um ciclo virtuoso acontecendo no Brasil, onde você tem uma política fiscal mais apertada e uma política monetária mais relaxada", disse Shayo, em entrevista. "Isso atrai capital externo e faz com que as empresas possam recuperar muito do que perderam em termos de lucros. O crescimento dos lucros das empresas é o principal motor da bolsa."
O banco reiterou sua recomendação overweight para as ações brasileiras e estima que o Ibovespa encerrará o ano a 105.900 pontos, enquanto o governo começa as negociações com o Congresso sobre a reforma da Previdência, que é vista como questão-chave para atacar o problema das contas públicas. O índice fechou em 98.026 na segunda-feira.
No front macroeconômico, a inflação baixa e o crescimento econômico lento permitiram que o Banco Central mantivesse a taxa básica de juros em patamares historicamente baixos. Alguns gestores de fundos multimercados, inclusive, estão começando a apostar em uma Selic ainda menor.
Após um "pausa saudável" no rali do mercado acionário, os investidores devem permanecer focados nos "altos e baixos" das discussões sobre a reforma, de acordo com Shayo. Em fevereiro, o Ibovespa reduziu ganhos anuais. "Esperamos um processo mais lento e pode ser muito apertado para o governo aprovar a reforma na Câmara no primeiro semestre do ano."
O JPMorgan tem uma visão favorável sobre a Petrobras, graças aos preços mais elevados do petróleo, expectativa de desinvestimentos e boa política de preços, disse Shayo. O banco também gosta do setor financeiro, Rumo, Localiza, Equatorial, GPA, Cyrela e Lojas Renner.