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JBS: o que esperar da ação após o resultado recorde de 2021?

Expansão no último ano foi impulsionada pela operação nos EUA; analistas do BTG Pactual apontam que a ação está barata, a níveis 'injustificáveis'

JBS avalia que operação nos EUA deve ajudar a preservar as margens do grupo (Ueslei Marcelino/Reuters)

JBS avalia que operação nos EUA deve ajudar a preservar as margens do grupo (Ueslei Marcelino/Reuters)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 22 de março de 2022 às 17h36.

Última atualização em 22 de março de 2022 às 18h50.

Depois dos números recordes operacionais e financeiros apresentados pela JBS (JBSS3) na noite de segunda-feira, dia 21, investidores e analistas se questionam por quanto tempo mais o forte ritmo de crescimento da empresa poderá ser sustentado, bem como a rentabilidade. E quais as perspectivas para as ações da companhia.

As expectativas de analistas do mercado que acompanham a JBS, apesar de desafios como a pressão dos custos, são favoráveis. De 15 recomendações colhidas pela Refinitiv, 14 são de compra e uma é neutra.

Analistas do BTG Pactual e do Itaú BBA apontam potencial de valorização aproximada de 49% e 27% para as ações da JBS em 12 meses, respectivamente.

Ainda de acordo com analistas de mercado, o Ebitda (indicador do resultado operacional) da JBS deve ser ligeiramente mais baixo em 2022.

Segundo as estimativas de analistas do BTG Pactual, de R$ 42 bilhões de Ebitda para este ano, as ações da empresa estão sendo negociadas a um múltiplo “injustificável” de 3,7x EV/Ebitda, considerado muito baixo. Esse indicador mede o valor da empresa a partir da geração de caixa operacional. 

As ações encerraram o pregão nesta terça-feira, dia 22, negociadas a R$ 36,95, com queda de 1,81%. Em 12 meses, no entanto, a valorização fica na casa de 35%.

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De olho nas margens

Um ponto que recebeu a atenção de analistas que cobrem a empresa é o das margens da operação em um momento de forte aumento de custos na cadeia produtiva.

“A empresa teve uma expansão significativa da margem ano a ano, apesar do aumento de 22% nos preços do gado nos Estados Unidos, uma vez que a demanda doméstica por carne bovina continuou superando a oferta”, afirmaram analistas do Itaú BBA em relatório.

A JBS, por sua vez, afirmou em teleconferência com investidores e analistas de mercado que espera que as margens sigam em patamares historicamente elevados em 2022, mas abaixo do nível “excepcional” de 2021.

As vendas do primeiro trimestre do ano, segundo André Nogueira, CEO da JBS USA, estão mais fortes que no mesmo período de 2021. Sua expectativa é que a demanda interna e externa também mantenha os preços elevados. 

“O mercado americano é diretamente impactado pelo preço mundial e a demanda mundial está bastante forte, principalmente na Ásia. Não há nada no cenário que indique que isso vai mudar”, afirmou Nogueira na conferência.

“A surpresa positiva na divisão de carne bovina dos Estados Unidos pode estar um pouco precificada, uma vez que os resultados da Marfrig já indicavam forte lucratividade no trimestre. Os spreads [prêmios] de carne bovina dos EUA mostraram alguns sinais de normalização até agora no primeiro trimestre, mas a plataforma diversificada da JBS deve mitigar a tendência de queda nas margens consolidadas”, avaliaram analistas do Itaú BBA.

Recordes em 2021

O resultado da JBS divulgado na noite de ontem voltou a superar as estimativas do mercado no quarto trimestre. O lucro líquido da JBS chegou a R$ 6,47 bilhões, valor 61% maior que o registrado no mesmo período do ano passado e 33% acima do consenso de mercado da Bloomberg. A receita líquida ficou em R$ 97,2 bilhões. 

O resultado global da companhia foi impulsionado principalmente pelas operações da JBS USA, cujas receitas cresceram 38,3% na comparação anual e representaram a maior fatia do grupo, com 43% do total.

O Ebtida ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, que corresponde ao resultado operacional) da divisão no mercado americano saltou 167% na comparação anual, para R$ 7,80 bilhões no trimestre e R$ 26,01 bilhões em 2021. O valor corresponde a mais da metade do Ebitda recorde de R$ 45,66 bilhões registrado por todo o grupo JBS no ano. A receita líquida também bateu recorde anual, ficando em R$ 350,7 bilhões.

A JBS USA Beef teve a maior margem Ebitda ajustada da companhia, com 18,6% no quarto trimestre e 17,7% no ano, 6,2 pontos percentuais acima da registrada em 2020.

Desafios no Brasil

Nas operações brasileiras, a diversificação de negócios tem sido uma das estratégias para defender as margens da Seara, marca que tem sofrido maior dificuldade em repassar a alta de custo de insumos. A margem Ebitda da Seara caiu 2,9 pontos na comparação anual, para 11,2%, e deve vir ainda mais fraca no primeiro trimestre, sinalizou Wesley Batista Filho, presidente da JBS para América Latina, Oceania e para negócios de plant-based (à base de plantas). 

A expectativa de Batista Filho é que a pressão de custos se concentre até o segundo trimestre, quando espera que a chamada "safrinha" -- cultivo de grãos e outras culturas após a safra -- arrefeça os preços dos grãos no Brasil. ”Sem dúvida nenhuma, a guerra na Ucrânia traz pressão para todo tipo de grão”, afirmou.

Apesar das margens pressionadas, a receita líquida da Seara aumentou 34,2% frente ao quarto trimestre do ano passado, para R$ 10,12 bilhões.

“O crescimento de volume foi acima de seus pares, embora a melhora de 11% no preço tenha sido um pouco mais fraca. Em 2021, o faturamento da Seara foi [equivalente a] 76% do faturamento da BRF, ante 51% apenas três anos atrás”, apontaram os analistas do BTG Pactual no relatório.

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