JBS: o BNDES quer anular a decisão que colocou José Batista Sobrinho na presidência da companhia (Ueslei Marcelino/Reuters)
Rita Azevedo
Publicado em 18 de setembro de 2017 às 11h16.
Última atualização em 18 de setembro de 2017 às 16h09.
São Paulo -- As ações da JBS começaram a semana em forte queda, dando claros sinais de que os investidores da companhia não gostaram da troca de comando da empresa, anunciada no último domingo. A família Batista indicou o patriarca José Batista Sobrinho para substituir o filho, Wesley Batista, preso na última semana por uso de informação privilegiada.
Na mínima do dia, os papéis chegaram a recuar 4,75%, a 8,43 reais. Na última semana, as ações acumularam ganhos de quase 10%, com o mercado de olho na saída dos Batista do comando da empresa.
José Batista Sobrinho, conhecido como "Zé Mineiro", criou a JBS em 1953 e era membro do conselho de administração há mais de uma década. Pelo que foi aprovado no final de semana pelo alto escalão da empresa, ele irá ocupar a presidência até 2019, quando o mandato do filho chega ao fim.
A ideia é que ele seja assessorado por um "Time Global de Liderança", composto por Wesley Batista Filho, André Nogueira e Gilberto Tomazoni, que já ocupavam cargos na gigante de alimentos.
A decisão, tomada de forma unânime pelo conselho, também não agradou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que é dono de 21% da empresa.
O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, afirmou à agência Reuters que irá consultar a Comissão de Valores (CVM) sobre a validade da reunião do conselho.
Para ele, a reunião "na calada da noite foi um ato de malandragem" e a representante do BNDSPar no conselho, Claudia Silva de Azeredo Santos, não deveria ter comparecido ao encontro. Claudia foi favorável ao nome de José Batista Sobrinho.
Em nota enviada à imprensa, a JBS informou que a reunião foi convocada com dois dias de antecedência e que foi realizada "com a presença da totalidade dos conselheiros de administração".
"A presença da totalidade dos membros do Conselho de Administração tornaria dispensável, até mesmo, a convocação prévia e a indicação de ordem do dia, como previsto no art. 18 do Estatuto Social da Companhia", diz o texto.
"O momento atual é de equilíbrio, de união e de pensar no melhor interesse da JBS e de seus acionistas, tendo assim agido o Conselho de Administração, em estrita consonância com a lei e o Estatuto Social da Companhia", complementa.