Unidade da rede de academias Bluefit: tentativa de realizar o IPO foi adiada | Foto: Bluefit/Divulgação (Bluefit/Divulgação)
Da redação, com agências
Publicado em 25 de setembro de 2021 às 19h14.
Depois do êxito da oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da rede de academias low cost Smart Fit (SMFT3), que movimentou 2,3 bilhões de reais há dois meses e cujas ações estão em alta desde então, a Bluefit, a segunda maior do setor, resolveu levar adiante seus planos de ir à bolsa mesmo com o mercado em condições adversas.
Mas a operação, cujo preço inicial da ação seria definido nesta sexta-feira, 24 de setembro, terá de ser remodelada para reduzir as expectativas de volume financeiro movimentado.
Inicialmente estimada em até 600 milhões de reais, a oferta 100% primária -- em que recursos vão para o caixa da companhia -- agora deve ter o valor reduzido e envolver apenas investidores institucionais, como fundos e fundações, segundo o jornal O Estado de S. Paulo.
No meio da faixa indicativa de preços, que se estendia de 12,25 até 15,25 reais, a oferta movimentaria 450 milhões de reais.
Se isso se confirmar, a Bluefit pode optar por uma oferta restrita (a chamada oferta 476), em que precisa atender a menos exigências da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e que é aberta apenas para investidores profissionais, com ao menos 10 milhões de reais aplicados em ativos.
Segundo fontes, a empresa decidiu esperar mais algumas semanas para tentar reunir uma base mais firme de potenciais compradores de seus papéis. A Blueflit foi abatida pela alta volatilidade do mercado, em meio a riscos fiscais e econômicos crescentes. A situação foi agravada na última semana com a crise da incorporadora chinesa Evergrande.
O adiamento sinaliza que investidores estão mais exigentes na análise de empresas que realizam IPOs, em um momento em que o Ibovespa chegou a cair para o menor nível desde novembro de 2020.
A rede chegou a cortar o preço almejado em sua oferta em 20%, mas nem isso teria sido suficiente para atrair mais investidores. Os recursos levantados, se a oferta for concretizada, serão usados para abertura de novas unidades e também para eventuais aquisições.
A Bluefit quer pegar carona na demanda crescente por academias de baixo custo, com a leitura de que esse é um dos setores mais beneficiados pelo avanço da vacinação contra a covid-19, em um ambiente em que cresceu a preocupação da população com o bem-estar e a saúde.
As ações da Smart Fit estrearam há em meados de julho e acumulam alta de 14,3%, resistindo à onda vendedora que afetou a maioria das ações do Ibovespa. É um modelo que combina tecnologia com personalização de treinos a custos acessíveis.
"Fizemos uma pesquisa com 24.000 pessoas que deixaram de ser clientes e 82%% disseram que pretendem voltar depois de vacinados. E os demais 18% não voltam não necessariamente porque não querem: há pessoas que perderam o emprego ou a renda e os que ainda estão com receio e preferem esperar um pouco mais", disse Edgard Corona, fundador da Smart Fit em 2009, em entrevista recente à EXAME Invest.
O mercado fitness brasileiro é um dos maiores do mundo, conforme dados da associação internacional IHRSA. O setor movimenta 2,2 bilhões de reais no país, com 29.000 unidades e 10,3 milhões de alunos. Mas só 4,9% da população hoje frequenta uma academia. As líderes do ranking global têm penetração muito mais elevadas: Estados Unidos (21,2%), Canadá (16,7%) e Inglaterra (15,6%).
É um mercado ainda muito pulverizado no país, o que abre oportunidades de crescimento. Estimativas apontam que as maiores redes têm menos de 20% de participação no setor.
A Bluefit foi criada em 2015, em Santo André, na Grande São Paulo. A rede começou a crescer em ritmo mais acelerado depois de um aporte do fundo Leste, em 2017. Hoje, são 102 academias, com outros 33 contratos já assinados para inaugurações. Desse total, 61 são unidades próprias.
A Smart Fit, pioneira no modelo de negócios e a maior do setor no Brasil e na América Latina, tem presença muito mais significativa. Encerrou o primeiro semestre com 981 academias, alta de 15% em um ano. No Brasil, a terceira posição é da Selfit, com 63 unidades.
(Com Estadão Conteúdo)