Presidente do Fed pode indicar o caminho da política monetária até 2025 (Alex Wong//Getty Images)
Repórter colaborador
Publicado em 23 de agosto de 2024 às 05h59.
Última atualização em 23 de agosto de 2024 às 08h55.
Os mercados aguardam nesta sexta-feira o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em Jackson Hole, Wyoming. A conferência vai até sábado, e a expectativa é que Powell traga alguma sinalização sobre os juros, que hoje estão entre 5,25% e 5,5%.
Para o mercado, o Fed vai começar a cortar a taxa já no mês que vem - e seguirá cortando até o final do ano e em 2025. Esse sentimento ficou mais latente após a divulgação da ata da sessão do banco em julho, em que "uma vasta maioria" dos membros do conselho se mostraram a favor de um corte em setembro - a redução esperada é de 0,25%.
O presidente do Fed da Filadélfia, Patrick Harker, levou o ponto ainda mais longe na quinta-feira quando disse à CNBC que em "setembro precisamos iniciar um processo de redução das taxas".
A aposta dos mercados é se a primeira redução em mais de quatro anos nos juros dos EUA será de 0,25% (o mais provável) ou de 0,5%.
Um corte maior neste momento provavelmente exigiria uma deterioração substancial nos dados econômicos - especificamente outro número considerado fraco no mercado de trabalho.
Em anos anteriores, Powell usou o discurso de Jackson Hole para fornecer pistas sobre o futuro da política monetária
Em sua primeira aparição, em 2018, ele descreveu suas opiniões sobre as taxas de juros e desemprego como "neutras". Um ano depois, ele indicou que cortes nas taxas estavam chegando. Em um discurso feito em meio a protestos raciais em 2020, Powell revelou uma nova abordagem que permitiria que a inflação corresse mais forte do que o normal, sem aumentos de taxas, no interesse de promover um mercado de trabalho mais inclusivo.
Essa "meta de inflação média flexível", no entanto, precederia um período de alta de preços — deixando Powell nos três anos seguintes para navegar em um mar mais turbulento.
Desta vez, a tarefa será confirmar as expectativas do mercado e, ao mesmo tempo, indicar suas impressões sobre a economia e, em particular, a moderação das pressões inflacionárias e algumas preocupações sobre o mercado de trabalho.
"Esperamos que Powell expresse um pouco mais de confiança na perspectiva de inflação e coloque um pouco mais de ênfase nos riscos de queda no mercado de trabalho do que em sua coletiva de imprensa após a reunião do FOMC de julho, à luz dos dados divulgados desde então", disse David Mericle, economista do Goldman Sachs, em nota recente.
O Goldman está alinhado às expectativas do mercado: cortes de taxas em cada uma das próximas três reuniões, seguidos por mais flexibilização em 2024 que eventualmente reduzirão cerca de 2 pontos percentuais da taxa de juros — um caminho que será preparado, em termos muito gerais, por Powell em Jackson Hole.
Os presidentes do Fed professam não ser sensíveis aos movimentos do mercado financeiro, mas Powell sem dúvida viu a reação após a reunião de julho e vai querer amenizar os temores de que o banco central continuará esperando antes de começar a flexibilizar os juros.
"Powell está inclinado a apoiar o mercado de ações", disse Komal Sr-Kumar, chefe da Sri-Kumar Global Strategies à CNBC. "Repetidamente, ele indicou que as taxas vão cair. Elas não caíram, mas desta vez, ele vai fazer isso."