Lisboa - As descidas dos títulos ligados à energia e da Jerónimo Martins (JM) levaram a Bolsa portuguesa a fechar no "vermelho", apesar das valorizações superiores a 1% do BES e do BPI, face a uma Europa desiludida com a queda surpresa do sentimento econômico na Alemanha, disseram dealers.

O índice de referência nacional, PSI20, caiu 0,49% para 7.227,83 pontos, com 14 cotadas em queda, cinco em alta e uma estável, tendo-se negociado 311 milhões de ações, ou 157,6 milhões de euros (ME), na NYSE Euronext Lisbon.

"Houve um movimento de alguma tomada de mais valias na bolsa nacional, com excepção para os bancos BES e BPI que continuaram a beneficiar da descida da yield soberana", afirmou Albino Oliveira, analista da Fincor.

A pressionar o índice "benchmark" esteve o peso-pesado Jerónimo Martins, que fechou a perder 1,99% para 12,82 euros, e as energéticas EDP e Galp.

A Energias de Portugal desceu 0,89% para 2,904 euros e a Galp Energia caiu 0,34% para 11,77 euros.

A "travar" maiores quedas estiveram o Banco Espírito Santo (BES), o BPI e a incumbente Portugal Telecom.

O BPI valorizou 1,47% para 1,72 euros e o BES ganhou 1,31% para 1,388 euros, beneficiando da descida da "yield" soberana, tendo o BES sido impulsionado também por recomendações favoráveis.

A UBS reviu em alta o preço-alvo do BES para 1,35 euros por ação dos anteriores 1,10 euros, devido à melhoria da percepção de risco soberano de Portugal e a Societé Generale (SocGen) considera que o este banco oferece a melhor posição para tirar partido da recuperação económica em Portugal.

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Entre os restantes títulos de banca, o Millennium bcp caiu 1,73% para 0,1930 euros e o Banif fechou estável em 0,0117 euros.

Por sua vez, a Portugal Telecom subiu 0,5% para 3,40 euros, em vésperas de apresentar os resultados do quarto trimestre de 2013.

Segundo a média de uma Poll de analistas, o lucro da telecom terá caído para metade ou 20,5 ME no quarto trimestre de 2013, apesar do ganho "one-off" de 100 ME com a venda da "Globenet", pressionado pela forte competição em Portugal e custos de reestruturação no Brasil num cenário de pressão sobre o real.

"YIELD" PORTUGAL ESTÁVEL

A taxa de juro das Obrigações do Tesouro (OT) portuguesas a 10 anos segue estável em 4,85%, apesar de ter fixado esta manhã um novo mínimo desde Maio de 2010 em 4,82%.

"A "yield" soberana nacional tem beneficiando dos sinais de recuperação económica e de um enquandramento de melhoria de confiança nos países do sul da Europa", explicou Albino Oliveira.

O primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho, afirmou hoje que o país está a ver validada a sua estratégia de regresso a financiamento em mercado com o sucesso das recentes emissões de dívida, realçando que as perspectivas do país tiveram "uma grande mudança" para melhor.

O Tesouro português regressa amanhã ao mercado primário para realizar dois leilões de Bilhetes do Tesouro (BT) com maturidades a três e 12 meses, num montante indicativo entre 1.000 e 1.250 ME.

Recentemente, o país reabriu uma emissão de dívida a 10 anos, que voltou a mostrar forte apetite dos investidores - procura mais do triplo da oferta - e permitiu colocar 3.000 ME.

EUROPA MISTA

As principais bolsas do Velho Continente fecharam sem tendência definida, oscilando entre uma queda de 0,75% em Madrid e uma subida de 0,9% em Londres, a recuperarem da decepção causada pela queda surpresa do sentimento económico na Alemanha.

O índice alemão ZEW desceu inesperadamente para 55,7 pontos em Fevereiro, de 61,7 pontos no mês anterior e face à estimativa dos economistas de que tivesse permanecido estável.

No mercado cambial, o euro aprecia-se 0,36% face à moeda norte-americana para máximos de sete semanas, em 1,3755 dólares, após os números da indústria manufactureira em Nova Iorque terem mostrado um abrandamento em Fevereiro.

Por sua vez, os preços do petróleo estão em alta nos mercados internacionais, com o contrato do Brent, em Londres, a subir 0,79% para 110,04 dólares, e o do Nymex , em Nova Iorque, a ganhar 1,57% para 101,87 dólares por barril.