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Itaú vê Virgolino como oportunidade de compra

Os títulos em dólar do Grupo Virgolino de Oliveira registram a maior baixa em sete meses

A baixa de 10,9 por cento do real frente o dólar nos últimos três meses está ajudando a mitigar a queda na cotação do açúcar (Divulgação)

A baixa de 10,9 por cento do real frente o dólar nos últimos três meses está ajudando a mitigar a queda na cotação do açúcar (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 7 de maio de 2012 às 11h08.

Nova York - Os títulos em dólar do Grupo Virgolino de Oliveira registram a maior baixa em sete meses, o que para o Itaú Unibanco Holding SA e para o Banco BTG Pactual SA é sinal que os papéis se tornaram uma barganha à medida que usinas de cana aproveitam a recuperação dos preços do açúcar e do etanol e a queda do real.

A taxa dos títulos para 2018 do Virgolino dispararam 104 pontos-base para 12,04 por cento no último mês, no maior avanço desde o período encerrado em 4 de outubro, segundo dados compilados pela Bloomberg, para 12,12 por cento. O custo médio de captação de companhias com a mesma classificação de crédito B do Virgolino caiu 19 pontos-base no mesmo período para 7,53 por cento, segundo o Bank of America Corp.

O preço do açúcar está chegando ao limite de baixa depois que o excesso de oferta, que ajudou a derrubar os preços da commodity para perto da cotação mais baixa em um ano, diminui no Brasil, o maior produtor mundial. A baixa de 10,9 por cento do real frente o dólar nos últimos três meses também está ajudando a mitigar a queda na cotação do açúcar, denominada em dólar, para o Virgolino, disse Alexandre Muller, chefe de pesquisa em dívida corporativa do BTG.

O Virgolino é “um dos nomes que mais gostamos no universo de alto rendimento na América Latina”, disse Muller em entrevista por telefone de São Paulo. “Algumas pessoas ficaram com medo com o movimento que vimos em alguns dos contratos de futuros de açúcar de curto prazo. É uma boa oportunidade de compra.”

Os títulos para 2022 da companhia têm taxa 1.004 pontos-base maior que papéis com prazo semelhante do governo, contra diferença de 884 pontos-base há um mês, segundo dados compilados pela Bloomberg. A nota de crédito B do Virgolino está cinco níveis abaixo do grau de investimento e seis abaixo da nota soberana do País.

Cotação do açúcar

“Após o impacto inicial da crise com a dívida europeia, que fez os bonds de alto rendimento sofrerem, os fundamentos da companhia e do mercado de açúcar estão prevalecendo”, disse Carlos Otto Laure, responsável pela área financeira da empresa. “O mercado de bônus está começando a entender a empresa.”

O contrato futuro de açúcar bruto para entrega em julho subiu para 20,81 centavos de dólar por libra-peso após atingir 20,5 centavos em 2 de maio, a menor cotação para um contrato mais negociado desde 6 de maio de 2011. O produto atingiu o maior valor em 30 anos, de 35,31 centavos, em fevereiro de 2011. O preço médio caiu 7,8 por cento em moeda local este ano, para 40,1 centavos.


A produção de cana na região Centro-Sul do Brasil, a maior área produtora do mundo, vai chegar a 508 milhões de toneladas nesta temporada, de acordo com a Archer Consulting, sediada em São Paulo. A consultoria anteriormente projetava safra de 512 milhões de toneladas. O Brasil representa aproximadamente 50 por cento do mercado global de exportação de açúcar.

Eduardo Vieira, analista de dívida corporativa do Itaú em São Paulo, estima que o contrato de açúcar encerre o ano em 23 centavos por libra devido à diminuição da oferta, beneficiando o lucro da Virgolino.

A Virgolino teve receita líquida de R$ 964 milhões nos 12 meses até janeiro. O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, conhecido como Ebitda, foi de R$ 389 milhões, enquanto a relação dívida líquida/Ebitda ficou em 4,6 vezes, Segundo o Itaú.

Projeção maior

A companhia fundada pelo industrial Virgolino de Oliveira em São Paulo em 1930 mantém a projeção para o volume de esmagamento de cana entre 9 milhões e 9,2 milhões para a colheita 2012-2013, acima dos 8,2 milhões de um ano antes, à medida que eleva a quantidade de matéria-prima produzida em terras próprias em relação à produção em terras arrendadas de terceiros.

Os títulos da Virgolino com vencimento em 2022 “combinam um dos carries mais altos entre as empresas brasileiras com substanciais fatores de mitigação de riscos”, disse Vieira, do Itaú, em relatório a clientes em 3 de maio. “Mantemos uma visão construtiva da habilidade da empresa de aumentar seu volume de esmagamento em bases anuais.”

Vieira se recusou a fazer comentários adicionais.

A Virgolino tem capacidade anual de esmagamento de aproximadamente 12 milhões de toneladas de cana. A Raizen, joint venture entre a Cosan SA Indústria e Comércio e a Royal Dutch Shell Plc, lidera esse setor fragmentado no Brasil, com capacidade de esmagamento de cerca de 64 milhões de toneladas, ou aproximadamente 10 por cento do mercado.

Para Eric Ollom, um estrategista de dívida do Citigroup Inc., os investidores devem comprar títulos do frigorífico Minerva SA em vez de papéis da Virgolino porque a usina terá dificuldade para reduzir a proporção entre a dívida e os lucros à medida que acelera os investimentos para renovar os canaviais.

Os títulos da Minerva com vencimento em 2022 rendem 11,11 por cento, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

A perspectiva para o preço do açúcar “vai dificultar a redução da alavancagem”, disse Ollom em entrevista por telefone. “Gostamos do papel quando está realmente barato em relação a outros créditos com classificação de risco de único B. Quando não está, não gostamos. Para mim, é uma decisão de valor relativo.”

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