Visão aérea da plataforma P-52 da Petrobras na Bacia de Campos: para reduzir a projeção, o Itaú levou em conta os investimentos que a estatal terá de fazer para explorar o campo de Libra (Bruno Domingos / Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de fevereiro de 2014 às 14h05.
A Itaú Corretora divulgou relatório para os clientes reduzindo o preço-alvo dos papéis da Petrobras. O papel preferencial (PN, sem voto) da estatal valeria, segundo o Itaú, R$ 22,50, menos que os R$ 23,60 da projeção anterior. A recomendação continua sendo de manter a ação. Hoje, o papel era negociado na BMFBovespa a R$ 14,51, em queda de 3%, enquanto o Ibovespa perdia 1,59% às 13h50.
A corretora reduziu o preço justo levando em conta os investimentos que a estatal terá de fazer para explorar o campo de Libra, um ajuste fino na curva de produção da empresa, preços internacionais do petróleo mais elevados em 2014 e 2015 acompanhados de um reajuste menor do que o estimado nos preços locais do diesel e da gasolina no fim do ano passado, a ser compensado este ano, e níveis de depreciação dos ativos mais elevados. O maior risco, porém, é uma alta além o esperado do dólar, que pode comprometer todo o cenário para a estatal.
O banco destaca que o balanço patrimonial da estatal segue pressionado pelo endividamento alto e receita abaixo do desejado, o que continua a representar um obstáculo para seu desempenho sustentável. Mas destaca alguns pontos que podem valorizar o papel.
Reajuste dos combustíveis
O primeiro seria um pequeno aumento dos preços dos combustíveis, de até 4%, antes do anúncio do plano estratégico de 2014-2018. A corretora do Itaú acha que o governo terá de dar ao menos um reajuste para afastar a impressão que a fórmula dos preços, que garantiria a paridade com as cotações internacionais, é apenas teórica. E a empresa precisará usar a paridade para fazer suas projeções do plano estratégico.
Plano estratégico
O segundo ponto a favor das ações seria o próprio plano estratégico, que pode ser divulgado junto com o balanço do ano passado. Ele terá de conciliar o investimento adicional de Libra, um dólar mais alto, os níveis crescente de endividamento, a falta de paridade internacional nos preços dos combustíveis, e as refinarias “premium”.
A corretora acredita que a empresa incluíra uma terceira faixa de investimento, menor que as demais, para evitar estourar a meta de manter a relação dívida líquida/geração livre de caixa (lajida) em 2,5 vezes e tranquilizar as agências de rating. “No entanto, será preciso mais do que isso para reduzir as preocupações relativas ao balanço patrimonial”, diz o Itaú.
Produção menor
A corretora do banco fez ainda uma nova estimativa para a curva de produção da Petrobras, incluindo as novas plataformas. A expectativa é de que a produção cresça este ano, após a implantação de nove plataformas, “porém, há a possibilidade de atrasos adicionais”, destaca. “Reunimo-nos recentemente com alguns fornecedores da Petrobras e a impressão geral é a de que a companhia ainda está lutando com os ramp-ups (avanços) da produção.”, diz o relatório.
O Itaú estima que a produção média doméstica alcançará 2.057 mil barris por dia, abaixo dos 2.070 mil previstos anteriormente.
Dólar, eis a questão
Já o dólar pode afetar profundamente o desempenho da empresa, alerta o Itaú. “Se o real sofrer novas desvalorizações, nenhuma das questões acima mencionadas será relevante no fim das contas”, diz o relatório.
A corretora projeta uma relação dívida/Lajida de 3,5 vezes no fim de 2014. Uma alta maior do dólar, de 5%, anularia a vantagem do aumento de preços de 4%, além de pressionar ainda mais o balanço e aumentar as preocupações com os índices de endividamento.
Ano difícil para ganhar com Petrobras
O Itaú lembra ainda a questão das eleições este ano, que podem influenciar as ações da Petrobras, e sugere usar o mercado de opções para o investidor escapar do alto nível de incertezas.
“Entretanto, não se engane, será um ano difícil para ganhar dinheiro com a Petrobras, independentemente do desempenho recente e do desconto de 30% em relação aos seus pares, com base no P/L (relação entre o preço da ação e o lucro por ação projetado) para 2014”, conclui o relatório, assinado pelos analistas Paula Kovarsky, Diego Mendes e Ricardo Paranhos.