Agência do Itaú | Foto: Itaci Batista/ Estadão Conteúdo (Itaci Batista/Estadão Conteúdo)
Guilherme Guilherme
Publicado em 11 de fevereiro de 2022 às 10h41.
Última atualização em 11 de fevereiro de 2022 às 18h41.
As ações do Itaú (ITUB4) registraram forte alta nesta sexta-feira, 11, após o banco superar as estimativas do mercado em resultado do quarto trimestre e apresentar suas projeções operacionais para este ano. Os papéis do banco chegaram a subir mais de 7% na máxima do dia, e encerraram o pregão com ganhos de 5,91%, liderando as altas do Ibovespa.
A forte valorização das ações do Itaú ocorrem dias após os resultados do Bradesco (BBDC4) e do Santander (SANB11) terem adicionado preocupações sobre o setor. Os papéis fecharam o dia negociados em firme alta, assim como os do Banco do Brasil (BBAS3), que irá reportar seus números na próxima semana.
"O resultado e as projeções para 2022 superaram muito as expectativas, sendo muito superiores aos de seus pares", disse Luiz Temporini, analista de ações do BTG Pactual na abertura de mercado desta sexta.
O Itaú registrou 7,159 bilhões de reais de lucro recorrente no trimestre, 32,9% acima do apresentado no mesmo período de 2020. A expectativa era de lucro líquido de 6,696 bilhões de reais, segundo estimativas colhidas pela Bloomberg antes do início da temporada de balanços. O retorno dobre patrimônio líquido (ROE) do Itaú teve crescimento anual de 16,1% para 20,2%.
"Além de crescer, o Itaú está colocando um mix de produtos com maior margem financeira, como em pessoa física, cartão de crédito e crédito pessoal", afirma Alexandre Masuda, chefe de análise e co-gestor da SFA Investimentos.
A carteira de cartão de crédito para pessoa física cresceu 30,2% na comparação anual e 9,5% na trimestral para 331,7 bilhões de reais. "O cartão de crédito é um dos carros-chefes do Itaú. A volta da atividade em 2021 e a confiança com a vacinação ajudou o Itaú a ter um bom desempenho nessa frente, diz Masuda.
Masuda ainda ressalta o controle dos gastos mesmo com reajustes pela inflação. As despesas do Itaú não decorrentes de juros ficou em 13,361 bilhões de reais no trimestre, praticamente estável em relação ao mesmo período de 2020.
A margem financeira com mercado projetada pelo Itaú, porém, ficou a desejar, na opinião do gestor. "É abaixo do apresentado nos últimos anos. O BC subiu o juro muito rápido e isso interfere nas posições estruturais de ativos do banco."
Para 2022, o Itaú espera aumentar sua carteira de crédito entre 9% e 12% e alcançar margem financeira com clientes entre 20,5% e 23,5%. Com o mercado, o banco projeta conseguir entre 1 bilhão e 3 bilhões de reais de margem financeira e ROE "sustentável em torno de 20%".
Masuda espera redução das provisões contra perdas em 2022. "A inadimplência está em níveis historicamente baixos devido às prorrogações de pagamento feitas na pandemia. Isso deve se normalizar até o final do ano."
Como diferencial do Itaú, Masuda cita a transformação digital pela qual o banco tem passado. "O Itaú tem objetivo de ter 50% de suas plataformas em nuvem. Isso deve gerar mais agilidade e eficiência para combater a concorrência. Não é fácil para uma empresa como o Itaú, um transatlântico, mas estão no caminho."
Temporini, do BTG, cita a gestão do CEO Milton Maluhy Filho, como fundamental para esse processo. "Ele tem sido muito forte na liderança da transformação do banco para se tornar cada vez mais digital. As mudanças estão sendo muito positivas. O Itaú é uma das nossas principais teses para o setor."