Após receber o upgrade, os papéis do banco comandado por Marcelo Noronha sobem 1,15% às 14h52 (horário de Brasília) (Henrique/SOPA Images/Getty Images)
Repórter de mercados
Publicado em 3 de junho de 2025 às 16h52.
O Itaú BBA alterou sua recomendação para as ações do Bradesco (BBDC4) de neutra para ‘outperform’, desempenho acima da média do mercado, equivalente a compra, com um novo preço-alvo de R$ 20, potencial de alta de 23% em relação ao fechamento de ontem.
A mudança ocorre depois de uma revisão significativa nas estimativas de lucro, impulsionada por melhoras tanto na operação bancária quanto na área de seguros, com destaque para o segmento de saúde.
Após receber o upgrade, os papéis do banco comandado por Marcelo Noronha sobem 1,15% às 14h52 (horário de Brasília).
“As operações bancária e de seguros estão ganhando tração simultaneamente, o que nos dá confiança nas projeções e justifica a elevação da recomendação”, afirmaram os analistas do Itaú BBA.
A projeção do banco é que o ROE consolidado do Bradesco chegue a 15% no segundo semestre de 2025 e 16% em 2026, ante os 12% registrados em 2024. Esse avanço deve ajudar na formação de capital para sustentar o crescimento da carteira de crédito.
As despesas operacionais também estão sob controle, com expectativa de ganhos de eficiência a partir do próximo ano. Isso deve ajudar o banco a lidar com a deterioração gradual da qualidade do crédito ainda esperada.
Mesmo após a valorização recente das ações, o Itaú BBA ainda vê espaço para alta: os papéis estão sendo negociados a 0,9 vez o valor patrimonial e 6,1 vezes o lucro estimado para 2026, múltiplos considerados atrativos frente ao crescimento esperado de 20% ao ano no lucro por ação entre 2024 e 2026.
O segmento de seguros como um todo segue como pilar de rentabilidade do grupo. Em 2024, os lucros somaram R$ 9,1 bilhões, pouco abaixo dos R$ 10,5 bilhões do banco. Para 2025, a expectativa é de novo crescimento, com lucro de R$ 10,3 bilhões e ROE de 25%. Já para 2026, o ritmo deve ser mais moderado, com queda nos juros afetando os ganhos financeiros, embora os ganhos operacionais devam ser mantidos.
A divisão de saúde é uma das apostas do Itaú BBA para sustentar a melhora nos lucros. A Bradesco Saúde, com R$ 45 bilhões em receita, que saiu de um histórico de baixa rentabilidade para um momento de forte recuperação operacional. O lucro saltou para R$ 1,6 bilhão em 2024, praticamente o dobro do ano anterior, puxado pela melhora no índice de sinistralidade (MLR) e controle de custos.
Mesmo com queda na base de beneficiários, a operadora conseguiu elevar receita e margem, devido ao reajustes de preços, maior ticket médio e ganho de eficiência. A equipe de análise destaca que os resultados da Bradesco Saúde vêm se destacando frente aos pares do setor.
Além disso, a joint venture com a Rede D’Or, que inclui hospitais como o São Luiz Guarulhos e o São Luiz Alphaville, já está mostrando resultados promissores. Em Guarulhos, por exemplo, o hospital atingiu o break-even em apenas dois meses, e opera com 90% de ocupação. A estimativa é que a Bradesco Saúde registre R$ 42 milhões em equity income em 2025 e R$ 155 milhões em 2026 com a parceria.
O relatório também ressalta que a Bradesco Saúde não pretende operar hospitais diretamente, mas sim manter alinhamento financeiro por meio de participações em redes premium. Essa estratégia visa garantir qualidade da rede credenciada e previsibilidade de sinistros.
“As sinergias com a Rede D’Or ainda devem se refletir no crescimento da base de beneficiários. Acreditamos que é questão de tempo até que os ganhos em qualidade e estrutura se traduzam em expansão”, aponta o relatório.
Com um cenário macro mais favorável e estratégias claras nos segmentos de seguros e saúde, o Itaú BBA vê o Bradesco como um dos nomes mais promissores entre os bancos brasileiros, e também um destaque no universo de finanças latino-americanas.