Agricultor peneirando grãos de soja: O BBA ressalta a produção de alguns commodities, como soja, milho e cana-de-açúcar, que tiveram um salto exponencial nas últimas duas décadas, o que colaborou para que o Brasil se tornasse um dos maiores exportadores do mundo (Lucas Ninno/Getty Images)
O Itaú BBA (ITUB4) começou, nesta semana, a cobrir e divulgar relatórios do mercado do agronegócio.
Em um primeiro relatório, o BBA afirma que as suas visão a longo prazo para o mercado é positiva, com chances de crescimento para todas as empresas listadas -- mesmo que algumas delas tenham sua classificação (rating) rebaixada.
O banco ressalta a produção de algumas commodities, como soja, milho e cana-de-açúcar, que tiveram um salto exponencial nas últimas duas décadas. O crescimento colaborou para que o Brasil se tornasse um dos maiores exportadores do mundo, sendo o segundo maior exportador global de milho e etanol.
No campo negativo, o BBA tlembra que o setor sofre com volatilidade das commodities, que influencia diretamente o preço dos papéis das companhias no curto prazo.
Os analistas do BBA trouxeram a recomendação de compra para quatro papéis, e destacaram a compra das ações da SLC Agrícola (SLCE3) como a sua favorita.
As outras empresas da agricultura escolhidas pelos analistas do BBA são:
Além das recomendações de compra, o relatório também rebaixou a recomendação de duas companhias de “compra” para “neutro”, são elas a Boa Safra Sementes (SOJA3) e a Hidrovias do Brasil (HBSA3).
Quando o assunto é açúcar, o BBA realça a recuperação da produção da Raízen ((RAIZ4) e de um maior aproveitamento da capacidade das suas usinas, além de pontuar a resiliência da distribuição de combustíveis.
O preço alvo estabelecido pelo BBA é de R$ 7, mas o banco lembra que esse valor é referente à uma análise sem levar em consideração os planos de expansão das usinas de etanol de segunda geração da Raízen, pois o mercado ainda continua descrente do projeto.
Por fim, os analistas lembram dos futuros desdobramentos da problemática da redução do ICMS nos combustíveis, que afeta diretamente a paridade do etanol com a gasolina.
Com um preço alvo de R$ 55, a SLC Agrícola (SLCE3) é, aos olhos do BBA, a favorita dessa primeira cobertura. O que mais chamou a atenção dos analistas foi um preço de entrada atrativo, uma vez que as ações da SLC sofreram uma queda de 35% nos últimos 45 dias, após uma revisão para baixo dos resultados de produção da safra 2021/2022.
Além disso, o banco também aponta o portfólio da empresa como um ponto forte, uma vez que ele é composto por milho, soja e algodão, que têm alta demanda e tornam a empresa mais preparada para a possível volatilidade do período eleitoral em 2022.
Apesar da redução do preço alvo para R$ 22, explicada por conta do aumento das taxas de longo prazo no Brasil, os analistas do BBA ainda recomendam a compra das ações da Rumo (RAIL3).
O banco de investimentos traz a abertura da empresa às tendências do mercado do agronegócio como um diferencial positivo, além de esperarem que no curto prazo a Rumo consiga ajustar as suas tarifas para mais.
Por fim, o BBA levanta um ponto negativo da companhia, a geração limitada de caixa em médio prazo por conta dos altos planos de investimento da empresa.
O preço-alvo esperado pelo banco para o papel da São Martinho (SMTO3) é de R$ 45, levando em conta a correção de cerca de 30% no preço nesse papel nos últimos 45 dias e compensando parte da valorização de 50% que aconteceu entre janeiro e maio.
Como ponto positivo, o BBA vê os preços ainda sólidos para o açúcar no próximo ano safra. Além disso, também enxergam potencial no etanol de milho da empresa, que deve começar a ser produzido no quarto trimestre do ano.
A expectativa do banco é de que as ações sejam negociadas até 4,6 vezes o valor da empresa em comparação ao seu resultado operacional (EV/Ebitda), tornando este papel uma opção atraente.
A recomendação do BBA para as ações da Boa Safra Sementes (SOJA3) é neutra, com um preço-alvo estabelecido de R$ 12, representando uma possível valorização de 13%.
No olhar otimista do banco, os planos de expansão do Boa Safra são uma oportunidade de dobrar a produção da empresas nos anos que estão por vir, além dos analistas acreditarem que a companhia tem um papel importante na consolidação do mercado brasileiro de sementes, que continua sendo fragmentado.
Porém, o BBA também acredita em “baixas barreiras” de entrada no setor, o que traz uma desvantagem competitiva para a Boa Safra. Juntamente a esse fator, se encontra a baixa liquidez desse papel, que pode ser um fator limitante para alguns investidores.
Com um preço-alvo de R$ 2,50, a posição do BBA sobre a Hidrovias do Brasil (HBSA3) é neutra. A valorização esperada até o fim de 2022 totaliza 17%.
Do lado positivo, o que o BBA afirma no relatório, é que há um espaço grande para crescimento uma vez que houve uma baixa na produção da Hidrovias em 2021.
O banco também afirma que a concorrência pode ser acirrada no futuro, além de destacar a cobrança de pedágio da BR-163 e da malha férrea que irá operar da Rumo até a Lucas do Rio Verde.