14. ISA (Dado Galdieri/Bloomberg)
Repórter de negócios e finanças
Publicado em 30 de julho de 2025 às 18h47.
Última atualização em 30 de julho de 2025 às 19h03.
A Isa Energia, ex-Isa CTEEP, viu seu lucro líquido regulatório recuar 39,9% no segundo trimestre de 2025, para R$ 255,6 milhões. O resultado foi impactado pela reversão de um saldo que a companhia esperava receber da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O valor, de R$ 275,1 milhões, segundo o balanço, diz respeito a indenizações por ativos antigos de transmissão, também conhecidos como Rede Básica do Sistema Existente (RBSE).
Essa reversão contribuiu para a queda de 11,4% no Ebitda da companhia, na comparação anual, para R$ 789,5 milhões. A margem Ebitda, por sua vez, sofreu uma contração de 3,34 ponto percentual, no mesmo intervalo, para 76,8%.
A receita líquida, contando as indenizações com a RBSE, recuou 7,5%, para R$ 1,028 bilhão. Mas a Isa Energia aponta que a receita, excluindo os ressarcimentos, chegou a R$ 762 milhões, com uma alta de 44,9% em relação ao mesmo período do ano passado.
A reversão desse saldo de RBSE ocorreu depois de uma decisão tomada, no mês passado, pela Aneel. A agência reduziu em R$ 5,6 bilhões as indenizações que serão pagas às transmissoras daqui até 2028. Para Rui Chammas, CEO da Isa Energia, ainda que isso represente uma perda de recebimento para a empresa, ficou um "gosto de vitória", já que a redução poderia ter sido ainda maior.
"Poderia ter sido uma redução da ordem de R$ 700 milhões", disse Chammas à EXAME. A Isa ainda tem cerca de R$ 1,2 bilhão em indenizações a receber.
Apesar do efeito RBSE no balanço, a companhia afirma que nada mudou em seu ciclo de investimentos, com R$ 13 bilhões em aportes previstos – R$ 7,3 bilhões em projetos greenfield, nas concessões arrematadas em leilões, e R$ 5,7 bilhões em reforços e melhorias. O capex no segundo trimestre, foi de R$ 1,1 bilhão, com alta anual de mais de 72%.
A Isa Energia tem o desafio de conciliar investimentos bilionários com distribuição de dividendos. Os 75% de lucro em proventos estão garantidos, diz a CFO, Silvia Wada. "Conforme os projetos [greenfield] forem entrando em operação, vão gerar mais R$ 1 bilhão de RAP [receita anual permitida]. Dos cinco projetos, três devem estar totalmente energizados em até 12 meses", afirma.
Em um trimestre sem novas captações por emissão de dívida, o endividamento líquido da companhia chegou a R$ 12,83 bilhões, com alta anual de 37,6%. A alavancagem pela relação dívida líquida e Ebitda, por sua vez, foi a 3,43 vezes (estava em 2,72 vezes ao final do ano passado).
"É natural que a alavancagem fique mais alta durante a construção [dos projetos greenfield]. A partir do momento em que eles entram em operação, começa a reduzir, porque já ajuda o Ebitda", diz Wada. No mês passado, o projeto Água Vermelha iniciou operação comercial em Minas Gerais.
Nos últimos anos, a Isa Energia tenta suspender o pagamento de aposentadorias e pensões de funcionários contratados até 1974. Com a recusa da Fazenda de São Paulo em pagar o benefício cheio, a companhia completa os valores, por determinação da Justiça. A transmissora tenta reverter essa decisão em uma ação que já chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e, no momento, passa por uma tentativa de conciliação.
Uma audiência pública para instalação da mediação ocorreu no último dia 22 de maio. "Enquanto as duas partes tiverem interesse em continuar conversando e buscando uma solução, a gente vai conversar", afirmou o CEO da Isa Energia. Uma decisão favorável à companhia poderia implicar em um ressarcimento bilionário.
Ao longo dos últimos anos, a companhia vem pagando parte das aposentadorias e pensões de funcionários contratados até 1974. O Estado se recusa a desembolsar os valores cheios e a Justiça determinou que a própria Isa CTEEP pagasse o complemento.