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Da Redação
Publicado em 23 de abril de 2012 às 15h25.
São Paulo – Operações no mercado financeiro feitas com robôs são um instrumento sofisticado para investidores que buscam ganhos e boas operações em curtos espaços de tempo. Pensando nas oportunidades que a modalidade traz, dois irmãos do Reino Unido inventaram um esquema para fazer com que investidores acreditassem que uma moderna ferramenta estava sendo utilizada para seus investimentos.
Em 2007, os gêmeos Alexander John Hunter e Thomas Edward Hunter, na época com 16 anos de idade, deram início a um esquema que pegou 75 mil investidores – a maior parte, dos Estados Unidos - de jeito. Os irmãos estão sendo acusados de fraude pela Securities and Exchange Commission (SEC, autarquia que regula o mercado financeiro nos Estados Unidos). A pouca idade e a maneira como o esquema era feito é para deixar Madoff com inveja.
O objetivo era fazer com que investidores acreditassem que um moderno robô estava elegendo os melhores papéis para eles. Na verdade, a seleção era feita pelos próprios irmãos, que recebiam dinheiro para indicar alguns papéis “patrocinados”.
Como funcionava
A lista de ações escolhidas pelo que os investidores acreditavam ser um robô era distribuída por meio de uma newsletter, com uma assinatura anual que custava 47 dólares. A estimativa do regulador americano é de que eles podem ter arrecadado 1,2 milhão de dólares com essa venda de assinaturas.
As assinaturas e ‘propaganda’ da ferramenta de ponta eram feitas por meio de dois sites, o daytradingrobot.com e o doublingstocks.com. Nenhum dos dois está no ar, mas uma pesquisa rápida no Google aponta como resultado um bom número de reclamações de usuários. Existem desde discussões antigas sobre a veracidade da ferramenta, até reclamação de investidores que se sentiram enganados, mas não teriam o dinheiro de volta.
Segundo a SEC, nos endereços e nas newsletters, eles descreviam sua ferramenta como um altamente sofisticado sistema de trading (compra e venda de ações), resultado de uma extensiva pesquisa e desenvolvimento.
Os irmãos poderiam não ser tão bons em desenvolvimento de tecnologias para o mercado, mas com certeza eram mestres em contar uma boa história. Além do milhão de dólares arrecadado com assinaturas, eles chegaram a receber uma taxa adicional de 97 dólares de investidores que queriam uma “versão caseira” do software.
Ok, não havia robô nenhum. Ainda assim, uma lista de ações era enviada na newsletter. Mas como, então, os irmãos escolhiam os papéis indicados?
Fraude
Nesta parte do esquema entrava um terceiro site criado pelos irmãos, o equitypromoter.com, também fora do ar.
Nele, os gêmeos se descreviam como uma espécie de promotores de ações, que poderiam impulsionar os preços de um papel com esse serviço. Quem queria aumentar os negócios com um determinado papel pagava uma taxa de ao menos 1,865 milhão de dólares para os irmãos.
Obviamente, quem recebia a newsletter não sabia que as ações indicadas estavam sendo promovidas.
Os e-mails eram disparados bem no início do pregão e o preço e volume das ações tinham altas extraordinárias – e inexplicáveis – quase que imediatamente. Porém, tão rápido quanto os papéis subiam, eles caíam, levando prejuízo para boa parte dos investidores no mesmo dia.
Em seu comunicado sobre o assunto, a SEC não detalhou quais ações eram patrocinadas ou se alguma empresa estava envolvida na fraude.