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IPO da Xiaomi deixará dezenas de funcionários milionários

Oito anos atrás, antes de a chinesa Xiaomi vender qualquer smartphone, 56 dos primeiros funcionários reuniram US$ 11 milhões para investir na startup

Xiaomi: funcionários recorreram a suas poupanças e pediram empréstimos para investir na empresa (Getty Images/Getty Images)

Xiaomi: funcionários recorreram a suas poupanças e pediram empréstimos para investir na empresa (Getty Images/Getty Images)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 22 de maio de 2018 às 16h59.

Última atualização em 22 de maio de 2018 às 17h00.

(Bloomberg) -- Oito anos atrás, antes de a chinesa Xiaomi vender qualquer smartphone, 56 dos primeiros funcionários reuniram US$ 11 milhões para investir na startup. Funcionários comuns recorreram a suas poupanças e pediram empréstimos aos pais. Uma recepcionista usou o dinheiro de seu dote.

Hoje, são 56 sortudos. A Xiaomi é uma das fabricantes de smartphones mais bem-sucedidas do mundo e está preparando uma grande oferta pública inicial. A participação deles na empresa em breve poderá valer de US$ 1 bilhão a US$ 3 bilhões, dependendo da venda de ações. Significa que, no ponto intermediário, cada um terá US$ 36 milhões.

A decisão fortuita começou com trabalhadores como Li Weixing, um ex-engenheiro da Microsoft que foi o funcionário número 12. Em 2010, a equipe trabalhava sete dias por semana em um parque de escritórios básico em Pequim para colocar a desconhecida fabricante de celulares em funcionamento. Quando se espalhou a notícia de que Lei Jun e seus cofundadores estavam reunindo dinheiro próprio para uma rodada de financiamento de risco, Li e outros quiseram se juntar a eles.

Li, que ajudou a criar o sistema operacional móvel da Xiaomi, tinha cerca de 500.000 yuans (US$ 79.000) em economias. “Não era suficiente para comprar uma casa, então ele perguntou se em vez disso poderia investir na Xiaomi”, disse o CEO Lei, em entrevista, em março, na sede de Pequim. “Nós dissemos ’não podemos permitir que apenas Weixing invista’, por isso deixamos que todos entrassem.”

Alguns dos primeiros funcionários da Xiaomi já eram ricos, inclusive Lei, que fez fortuna comandando a produtora de software Kingsoft e investindo em startups chinesas. Mas muitos funcionários naquela época tiveram que juntar dinheiro para participar. Li e outros preferiam investir em uma iniciativa que conheciam, e não no incerto mercado de ações. Agora, Li deverá ganhar entre US$ 10 milhões e US$ 20 milhões, dependendo do valor do IPO da Xiaomi.

A funcionária número 14, uma recepcionista que atualmente trabalha no escritório de recursos humanos da Xiaomi, contribuiu com seu dote, que somava 100.000 a 200.000 yuans (US$ 16.000 a US$ 31.000). A participação pode valer agora US$ 1 milhão a US$ 8 milhões. A Xiaomi preferiu não disponibilizar essa funcionária nem outros membros da equipe dos primórdios da empresa para entrevistas. Li preferiu não comentar.

Após uma primeira onda de interesse, Lei decidiu estabelecer o valor máximo de 300.000 yuans para os investimentos de cada funcionário comum, para limitar o risco e impedir que eles contraíssem empréstimos para investir. “O interesse era avassalador, mas estabelecemos um limite porque ficamos preocupados. Se todos colocassem muito dinheiro, seria muito ruim se a empresa falisse”, disse o cofundador Li Wanqiang, em entrevista, em março.

O grupo poderá chegar a ganhar coletivamente US$ 3 bilhões se a Xiaomi vender 15 por cento da empresa a uma avaliação de US$ 100 bilhões ao abrir o capital, em Hong Kong, no fim do ano, segundo cálculos baseados no prospecto da Xiaomi. Uma estimativa mais conservadora prevê pagamento de US$ 1,4 bilhão para os 56 funcionários se a Xiaomi vender 25 por cento da empresa por US$ 50 bilhões.

 

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