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Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2010 às 10h32.
É com ansiedade que o mercado aguarda a oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês) da OGX, petrolífera do empresário Eike Batista, marcada para esta sexta-feira (13/6). A empresa, além de ser a primeira a colocar ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) após a concessão do grau de investimento ao Brasil, poderá realizar o maior IPO da bolsa brasileira.</p>
Caso a companhia oferte integralmente o lote suplementar de 741.800 ações, sua captação chegará a 6,7 bilhões de reais, superando a da Bovespa Holding, que ficou em 6,6 bilhões de reais. De acordo com analistas, a demanda pelos papéis da OGX foi dez vezes maior que a oferta. Com isso, foi possível fixar o preço inicial em R$ 1131 reais, teto da faixa estimada pelo banco UBS Pactual, coordenador da operação. Será a primeira vez, desde a estréia da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), em novembro do ano passado, que uma empresa consegue colocar suas ações no mercado pelo preço máximo estimado. "Essa oferta terá um grande valor psicológico. Sendo um sucesso, é possível que outras empresas se animem a entrar no mercado e, aos poucos, haja uma retomada dos IPOs", diz João Augusto Frota Salles, economista da consultoria Lopes Filho.
O agravamento da crise do crédito hipotecário de alto risco nos Estados Unidos (subprime), em meados do ano passado, freou os processos de abertura de capital na Bolsa, que vinham acontecendo a um ritmo jamais visto. Foram 64 estréias em 2007, que movimentaram 55,6 bilhões de reais. Em 2008, apenas três empresas colocaram ações na Bovespa, e todas tiveram o preço inicial de seus papéis fixado abaixo do piso projetado pelos coordenadores da operação.
Diferentemente do que aconteceu no ano passado, neste ano os investidores não conseguiram embolsar ganhos vendendo as ações adquiridas no IPO em seu primeiro dia de negociação - operação conhecida como flipagem. Os papéis das três empresas que decidiram manter seus planos de abertura de capital - Nutriplant, Hypermarcas e Le Lis Blanc - estrearam com queda na Bovespa.
Dada a procura pelos papéis da OGX, os analistas acreditam que dessa vez a história poderá ser diferente. "Ao que tudo indica, as ações devem subir. Como o petróleo está batendo recordes de preço no mercado internacional e há entre os investidores uma certa percepção de que Eike Batista é um bom gestor de negócios, a tendência é de que a busca pelas ações continue", diz um analista que prefere não se identificar.
Nasce uma gigante
A OGX já chegará à Bovespa desbancando colossos como Eletrobrás, Aracruz, ALL e Cemig. Com valor de mercado de 36,5 bilhões de reais, a companhia conquista o 12º lugar no ranking das maiores empresas da Bolsa.
| As 20 maiores empresas da Bovespa | |
| Empresa | Valor de mercado em 11/6/08 (R$ bi)** |
| 1 - Petrobras | 444 |
| 2 - Vale | 256,5 |
| 3 - Bradesco | 100,5 |
| 4 - Itaú | 98,7 |
| 5 - Banco do Brasil | 75,5 |
| 6 - Ambev | 63,2 |
| 7 - CSN | 56,7 |
| 8 - Gerdau | 52,7 |
| 9 - Itaúsa | 50,4 |
| 10 - Usiminas | 41,3 |
| 11 - Unibanco | 40,4 |
| 12 - OGX* | 36,5 |
| 13 - Eletrobrás | 33,6 |
| 14 - Santander | 28,8 |
| 15 - Telemar | 24,2 |
| 16 - Telesp | 22 |
| 17 - Gerdau Met | 21,9 |
| 18 - Redecard | 20,9 |
| 19 - Cemig | 18,5 |
| 20 - Brasil Telecom | 17,9 |
| 21 - MMX | 17,7 |
| 22 - CPFL Energia | 17,3 |
| 23 - Telemar | 16,9 |
| 24 - ALL | 16,3 |
| 25 - Aracruz | 15,9 |
| 26 - Bovespa Holding | 15,7 |
| 27 - Tractebel | 15,7 |
| 28 - BM&F | 15,2 |
| 29 - Bradespar | 15 |
| 30 - Vivo | 14,5 |
| * Considerando a colocação máxima de ações | |
| ** Pela cotação de fechamento de 11/06/08 | |
| Fontes: Economática e OGX | |
Criada há menos de um ano, a OGX apresenta-se como "a maior companhia privada brasileira do setor de petróleo e gás natural em termos de área marítima de exploração, com concessões cobrindo aproximadamente 7.000 km 2". Como diferencial de mercado, a empresa destaca seu portfólio, que "inclui prospectos exploratórios de baixo risco evidenciado por meio de perfurações anteriores nessas regiões". Um estudo de viabilidade realizado pela consultoria DeGolyer & MacNaughton atesta que os blocos explorados pela OGX, localizados nas Bacias de Campos, Santos, Espírito Santo e Pará-Maranhão, contam com um potencial de extração de gás e petróleo de 20,2 bilhões de barris. No final do ano passado, a companhia levou 21 dos 23 blocos ofertados no leilão realizado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e levantou, por meio de uma oferta privada de ações, 1,3 bilhão de dólares para bancar seus investimentos.
Nos bastidores, comenta-se que Eike Batista não poupou esforços para levar à sua empresa os melhores profissionais do mercado. Dentre eles, o ex-presidente da Petrobras, Francisco Gros - hoje membro do Conselho de Administração da OGX -, e o ex-presidente da BR Distribuidora, Rodolfo Landim.
E as contratações não devem parar por aí. A estratégia da companhia seria continuar buscando no mercado, e em especial na Petrobras, especialistas para formar sua equipe de funcionários. Esse seria o grande segredo por trás da procura das ações.