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IPCA, desoneração da folha de pagamento, Oriente Médio e balanços: o que move o mercado

Caso a inflação de abril venha melhor do que o esperado, as incertezas sobre o ciclo de corte de juros no Brasil podem diminuir

Radar: mercado acompanha divulgação do IPCA de abril (Stock/Getty Images)

Radar: mercado acompanha divulgação do IPCA de abril (Stock/Getty Images)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 10 de maio de 2024 às 08h47.

Última atualização em 13 de maio de 2024 às 13h01.

Os mercados internacionais operam com otimismo na manhã desta sexta-feira, 10. Os índices futuros do Estados Unidos sobem após dados dos pedidos de seguros-desempregos virem acima do esperado. Na Europa, as bolsas abriram em alta à espera da ata do Banco Central Europeu (BCE).

Na Ásia, embaladas pelo otimismo em Wall Street após o indicador, as fecharam majoritariamente em alta. Na contramão dos principais mercados mundiais, o Ibovespa futuro cai, ainda impactado pela diminuição do ritmo de corte de juros por aqui.

IPCA

O mercado acompanha agora pela manhã a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador é a principal referência para a inflação brasileira e pode acrescentar mais pessimismo no mercado caso venha acima do esperado. A Reuters projeta alta de 0,35% no mês e de 3,66% em 12 meses, frente aos 3,93% do acumulado até março.

O índice ainda não deve refletir os impactos provocados pelas enchentes que assolam o Rio Grande do Sul. Caso venha melhor do que o esperado, as incertezas sobre o ciclo de corte de juros no Brasil podem diminuir. Na quarta-feira, 8, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu em 0,25 p.p. (pontos percentuais) a Selic para 10,50%, o que foi uma desaceleração no ritmo frente aos cortes de 0,50 p.p. anteriores.

Em abril, o IPCA registrou um aumento de 0,38%, uma elevação de 0,22 ponto percentual em relação ao índice de março, que foi de 0,16%. No acumulado do ano, a inflação atingiu 1,80%, enquanto nos últimos 12 meses alcançou 3,69%, abaixo dos 3,93% registrados nos 12 meses anteriores. Em comparação com abril de 2023, quando a variação foi de 0,61%, houve uma desaceleração.

No último mês, sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados apresentaram aumento de preços. Os grupos de Saúde e Cuidados Pessoais, com uma alta de 1,16%, e Alimentação e Bebidas, com 0,70%, foram os mais significativos no índice de abril, contribuindo com os maiores impactos, ambos com 0,15 ponto percentual.

Desoneração da folha de pagamento

No radar político, houve um acordo entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Congresso Nacional em relação a reoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia que são intensivos em mão de obra. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), juntamente com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), confirmou esse entendimento.

Essa reoneração afeta setores econômicos que empregam mais de 9 milhões de pessoas. Tanto entidades empresariais quanto sindicatos destacam sua importância para a criação e manutenção de empregos e renda.

Esse modelo possibilita que as empresas substituam a contribuição previdenciária, que é de 20% sobre os salários dos funcionários, por uma alíquota sobre a receita bruta do empreendimento, variando de 1% a 4,5%, conforme o setor e serviço prestado. O acordo prevê que a contribuição continuará sobre o faturamento, ou seja, no formato atual, neste ano.

Escalada de tensões no Oriente Médio

Forças de Israel bombardearam áreas de Rafah nesta quinta-feira, 8, segundo relatos de palestinos que moram na região. A ofensiva israelense continua, apesar da ameaça do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de reter armas de Israel se houver uma operação completa na cidade do sul de Gaza.

De acordo com a Reuters, um alto funcionário israelense disse na noite de quinta-feira que a última rodada de negociações indiretas no Cairo para interromper as hostilidades em Gaza havia terminado e que Israel prosseguiria com sua operação em Rafah e outras partes da Faixa de Gaza conforme planejado.

Os conflitos no Oriente Médio podem pressionar o preço do petróleo. Por volta das 8h30, os contratos futuros do tipo Brent avançavam 0,72%, a US$ 84,30/barril, enquanto o WTI registrava alta de 0,77%, a US$ 79,76/barril.

Balanços

Agenda cheia na temporada de balanços do primeiro trimestre de 2024. Do lado positivo, o Banco do Brasil (BBAS3) registrou um lucro líquido ajustado de R$ 9,3 bilhões, um aumento de 8,8% em relação ao mesmo período de 2023. A Lojas Renner (LREN3) também apresentou números positivos, com um lucro líquido de R$ 139,3 milhões, um aumento significativo de 197,6% em relação ao primeiro trimestre de 2023. Outras empresas que relataram lucros foram a Vibra Energia (VIBR3), com um lucro líquido de R$ 789 milhões, um aumento de 874% em comparação ao 1T23, e Ultrapar (UGPA3), que registrou um lucro líquido de R$ 455 milhões, representando um aumento de 66% em relação ao ano anterior. Já Arezzo (ARZZ3) registrou um lucro líquido recorrente de R$ 78,8 milhões no período, alta de 7,7% na comparação com o 1T23.

Por outro lado, a Braskem (BRKM5) reportou um prejuízo líquido de R$ 1,39 bilhão, marcando um aumento significativo em comparação com as perdas de R$ 242 milhões no primeiro trimestre de 2023. MRV (MRVE3) também registrou um prejuízo líquido de R$ 169,3 milhões, revertendo um lucro de R$ 30,6 milhões no mesmo período do ano anterior. Além disso, Casas Bahia (BHIA3) apresentou um prejuízo de R$ 261 milhões no primeiro trimestre, embora isso representasse uma melhoria de 12,2% em relação ao mesmo período de 2023.

Outras empresas também enfrentaram desafios financeiros, como a Cogna (COGN3), que registrou um prejuízo líquido de R$ 8,5 milhões no primeiro trimestre de 2024, revertendo um lucro líquido de R$ 54,3 milhões registrado no mesmo período de 2023. A Eletrobras (ELET3) obteve um lucro líquido de R$ 331 milhões no primeiro trimestre, uma queda de 19% em comparação anual. Já a Minerva (BEEF3) registrou um prejuízo líquido de R$ 186,2 milhões no primeiro trimestre, revertendo um lucro de R$ 114 milhões reportado no mesmo período de 2023. A SLC Agrícola (SLCE3) registrou um lucro líquido de R$ 228,9 milhões no primeiro trimestre, uma queda anual de 60,2%. Já o Grupo Soma (SOMA3) registrou lucro líquido ajustado de R$ 21,3 milhões no 1T24, queda de 63,7% em relação a igual período de 2023.

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