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Investidores vendem ações na África e compram dívida pública

Investidores estrangeiros compraram o equivalente a US$ 2,46 bilhões em dívida, e venderam quase a mesma quantia em ações


	Rand, moeda da África do Sul: investidores estão trocando as ações do país para obter retornos maiores e mais garantidos em títulos de dívida do governo.
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Rand, moeda da África do Sul: investidores estão trocando as ações do país para obter retornos maiores e mais garantidos em títulos de dívida do governo. (.)

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Da Redação

Publicado em 27 de abril de 2016 às 11h31.

Agora os fluxos de investimento na África do Sul funcionam como em um passe de mágica.

Como a perspectiva de crescimento do país está piorando, os investidores estrangeiros estão acumulando dívida do governo para lucrar obtendo retornos no nível de grau especulativo sobre dívida com grau de investimento.

Contudo, esse dinheiro todo está saindo novamente do país porque os investidores estão abandonando as ações no ritmo mais rápido em pelo menos dez anos.

Estrangeiros compraram 35,7 bilhões de rands (US$ 2,46 bilhões) líquidos em dívida do governo sul-africano neste ano e venderam 35,6 bilhões de rands em ações, segundo dados da bolsa que vão até o dia 22 de abril.

Os papéis sul-africanos locais ofereceram os terceiros melhores retornos entre a dívida de 31 países de mercados emergentes neste ano e os yields para as notas de referência com vencimento em dez anos são os mais altos entre 27 países em desenvolvimento acompanhados pela Bloomberg depois da Rússia e do Brasil.

A previsão de crescimento da África do Sul foi reduzida duas vezes neste ano pelo FMI porque os preços baixos das commodities, a alta dos custos do crédito e uma seca afetam a economia.

A decisão tomada em dezembro pelo presidente Jacob Zuma de demitir seu ministro de Finanças piorou a situação e levantou perguntas sobre o compromisso dele com as metas fiscais.

Como as taxas de juros estão próximas ou abaixo de zero em muitos países desenvolvidos, os yields sul-africanos, que são mais altos que os da Rússia, país com nota de grau especulativo, parecem uma alternativa mais atraente do que as ações, segundo a Pioneer Investment Management.

“O crescimento foi rebaixado, a tendência é que o mercado acionário seja afetado negativamente e os que assumem riscos duradouros estão ficando mais corajosos”, disse Hakan Aksoy, gerente de fundos de títulos da Pioneer, com sede em Londres.

“O mercado de taxas está bastante dovish, as taxas estão caindo”, alimentando a demanda pelos papéis sul-africanos, disse ele.

Seca

A pior seca em um século aumentou os preços dos alimentos e empurrou a inflação para acima da faixa mete do banco central, de 3 por cento a 6 por cento.

Uma infração persistente exigiria que o banco central voltasse a reagir após ter aumentado a taxa de referência em 1,25 pontos-base desde julho, disse na semana passada o vice-presidente Daniel Mminele.

Assim, os consumidores terão menos para gastar, o que afetará os lucros corporativos, disse Mogkatla Madisha, diretor de investimentos em renda fixa da Argon Asset Management na Cidade do Cabo.

“O crescimento na África do Sul está sendo revisado e rebaixado continuamente, portanto se você for investidor em ações e tentar tirar proveito do crescimento da África do Sul, ou até mesmo do crescimento do continente, provavelmente você ficará um pouco decepcionado”, disse Madisha.

Mesmo com a taxa de inflação superior a 6 por cento, os yields dos papéis sul-africanos acima de 9 por cento continuam sendo atraentes para os investidores, disse ele.

Esses yields também são suficientemente altos para compensar os investidores pelo risco de um rebaixamento da nota de crédito para o grau especulativo.

A Standard & Poor’s reavaliará em junho sua nota BBB-, a mais baixa com grau de investimento. Um rebaixamento poderia prejudicar mais as ações que os títulos, segundo Abri Du Plessis, administrador de recursos da Gryphon Asset Management na Cidade do Cabo.

A dívida do governo sul-africano deu retorno de 7,7 por cento neste ano, em comparação com o retorno de 3,1 por cento do índice acionário de referência. Os yields sobre os títulos de referência com vencimento em dezembro de 2026 recuavam 1 ponto-base, para 9,08 por cento, às 15h39 em Johannesburgo, e levando a queda neste ano a 71 pontos-base.

“Sempre há investidores que não estão preocupados se nós temos o grau de investimento ou não”, disse Du Plessis. “Ainda temos yields muito bons. Com um yield de 8 por cento a 9 por cento é sempre genial se comparar com o que está acontecendo nos mercados em desenvolvimento”.

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