Invest

Investidores agora lucram com problemas jurídicos de terceiros

Fundos que investem em ativos problemáticos e boutiques de financiamento de litígios estão de olho em casos relacionados a sinistros da Covid-19

Empresas buscam financiar ou comprar sinistros relacionados à Covid-19 cujos pagamentos foram negados para segurados sem meios ou disposição para processar seguradoras nos tribunais (Oxford/Getty Images)

Empresas buscam financiar ou comprar sinistros relacionados à Covid-19 cujos pagamentos foram negados para segurados sem meios ou disposição para processar seguradoras nos tribunais (Oxford/Getty Images)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 13 de fevereiro de 2021 às 08h20.

Um nicho de mercado em crescimento, em que investidores lucram com problemas jurídicos de terceiros, ganha impulso com a pandemia de Covid-19.

Fundos que investem em ativos problemáticos e boutiques de financiamento de litígios provavelmente terão muitas opções depois que uma decisão de um tribunal no Reino Unido no mês passado rejeitou os apelos de seguradoras que buscavam evitar pagar indenizações relacionadas à pandemia.

Conheça o maior banco de investimentos da América Latina e invista com os melhores assessores

Essas empresas buscam financiar ou comprar sinistros relacionados à Covid-19 cujos pagamentos foram negados para segurados sem meios ou disposição para processar seguradoras nos tribunais.

“Isso vai ser enorme”, disse Steve Cooklin, CEO da Manolete Partners, financiadora de litígios de Londres, cujo maior acionista é o investidor veterano dos chamados ativos distressed Jon Moulton. “É difícil dizer neste estágio quão grande exatamente é esse problema, mas provavelmente será na casa das centenas de milhões de libras.”

Seguradoras alertaram que os sinistros de cobertura da Covid-19 podem chegar a 100 bilhões de dólares, potencialmente a maior perda do setor na história.

A cobertura contra a interrupção dos negócios -- que protege contra perdas quando empresas têm de fechar por um certo período -- tem sido uma das linhas de apólices mais caras e controversas da pandemia. As indenizações relacionadas ao coronavírus no Reino Unido, incluindo políticas de paralisação das atividades de negócios, podem ultrapassar 2 bilhões de dólares.

Para investidores em um mundo de rendimento zero com preços de ações nas alturas, as batalhas para pagamentos de indenizações apresentam oportunidades que podem ser lucrativas, independentemente do desempenho dos mercados de dívida e acionário, porque “não são correlacionadas”, no jargão da estratégia.

Um acordo pode funcionar assim: primeiro, uma empresa que tinha cobertura para interrupção de negócios tem seu sinistro rejeitado por sua seguradora, que argumenta que a apólice exclui a cobertura de pandemias ou não cobre o tipo de dano solicitado. Um juiz frequentemente analisa a apólice, e isso pode levar anos e centenas de milhares de dólares -- senão milhões -- em comissões legais.

Ao fazer uma proposta para economizar tempo e dinheiro dos segurados, os financiadores de litígios se oferecem para comprar imediatamente o sinistro da Covid-19 com desconto, às vezes por menos de um terço do valor total. Os fundos lucram levando a disputa aos tribunais, com a aposta de que o pagamento final compensará o preço da compra.

Acompanhe tudo sobre:Bloombergbolsas-de-valoresInvestidoresMercado financeiroReino Unido

Mais de Invest

Petrobras ganha R$ 24,2 bilhões em valor de mercado e lidera alta na B3

Raízen conversa com Petrobras sobre JV de etanol, diz Reuters; ação sobe 6%

3 razões para acreditar na ‘mãe de todos os ralis’ para a bolsa brasileira

Quanto rende R$ 18 milhões da Mega-Sena por dia na poupança?