O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy: o relatório FMI calcula em cerca de 40 bilhões de euros as necessidades para sanear os bancos espanhóis (Dominique Faget/AFP)
Da Redação
Publicado em 8 de junho de 2012 às 13h48.
Madri - Os mercados financeiros especulam nesta sexta-feira sobre um iminente resgate dos fundos europeus aos bancos espanhóis neste fim de semana, apesar de Madri e a Comissão Europeia não confirmarem essa hipótese.
Como era de se esperar, a Bolsa de Madri abriu em queda nesta sessão após a agência de classificação Fitch ter rebaixado em três escalões a nota da dívida espanhola, para BBB, mas as ações retomaram a trajetória de ganhos em seguida.
Já no mercado da dívida, a taxa de risco - o custo extra pago pelo país para obter financiamento com relação à Alemanha - voltou a subir, aproximando-se do patamar simbólico dos 500 pontos.
Esta pressão - que se reflete no conjunto das bolsas europeias - que abriram também no vermelho, confirma que a quarta economia da Eurozona é fonte de preocupação generalizada.
Rumores de que Madri poderia solicitar ajuda europeia para seus bancos neste sábado em uma suposta teleconferência entre os líderes europeus contribuíram para a volatilidade.
"Não estou a par desta conferência", disse à AFP a porta-voz do governo, Soraya Sáenz de Santamaría, afirmando que não faria nenhum comentário sobre a iminência de um resgate: "nós repetimos o que disse ontem (quinta-feira) o presidente Mariano Rajoy: não comentamos especulações".
Também a Comissão Europeia afirmou que "não tem notícias de uma solicitação de ajuda financeira por parte da Espanha", mas confessou que está preparada para tal eventualidade.
Uma reunião de altos funcionários de finanças da zona euro poderia, no entanto, acontecer neste final de semana, disseram à AFP duas fontes diplomáticas europeias.
"O 'Euro working group' (grupo de trabalho do Eurogrupo) está preparado, pronto para reunir-se neste fim de semana caso haja um pedido da Espanha", disse à AFP uma destas fontes.
Os mercados parecem perder a paciência e exigem que a Espanha solicite o quanto antes um possível resgate europeu para seus bancos.
Contudo, o governo espanhol continua inflexível: "esperarei que o FMI e os avaliadores independentes digam quais são, em sua opinião, as necessidades de recapitalização do sistema financeiro espanhol e a partir dessa avaliação darei minha cifra e o governo dirá de quanto necessita para recapitalizar seu sistema financeiro", disse na véspera o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy.
O relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), que calcula, segundo os veículos espanhóis, em cerca de 40 bilhões de euros as necessidades para sanear os bancos, está previsto para esta segunda-feira, enquanto que é realizado pelos auditores Roland Berger e Oliver Wyman, será conhecido mais tarde, em 21 de junho, segundo o banco central espanhol.
Contudo, as coisas poderiam mudar antes, pois, como recordou na quinta-feira Rajoy: "o FMI tem uma reunião, creio (nesta sexta-feira), quando dará sua opinião".
Segundo o analista da Inversis, David Navarro, parece que a reunião não acontecerá este fim de semana, o que tem descontentado o mercado.
"Parece que a forma do resgate já está praticamente definida: será através do FEEF para o FROB, que dará aos bancos", disse.
A Espanha conseguirá assim, tal como deseja, uma ajuda na medida para os bancos e não um resgate global do país, que geraria condições estritas ditadas pelos credores internacionais.
Falta agora saber o total da ajuda. A Fitch, que na quinta-feira reduziu a nota soberana da Espanha em três escalões, a BBB, calcula as necessidades do setor bancário espanhol entre 60 e 100 bilhões de euros. Já a Standard and Poor's prevê cifras entre 50 e 82 bilhões de euros.