São Paulo – As atenções do mercado se voltam hoje (15) a OGX Petróleo (OGXP3), braço petrolífero do Grupo EBX, de Eike Batista. A empresa revelará nesta noite, após o fechamento do mercado, um relatório que atualizará os recursos potenciais de barris de óleo equivalente (boe) e que pode não apenas mudar o tamanho da empresa, mas também trazer clareza aos investidores sobre a capacidade da companhia em cumprir suas metas.

O documento, preparado pela consultoria e certificadora DeGolyer & MacNaughton (D&M), é também muito esperado porque será fundamental nas negociações da venda de uma participação minoritária (farm-out) da OGX na Bacia de Campos, localizada no Rio de Janeiro, para investidores chineses. A entrada de um novo sócio é aguardada há meses pelo mercado porque poderá destravar valor e impulsionar as ações da OGX.

O último relatório produzido pela D&M, divulgado em novembro de 2009, identificou recursos potenciais riscados líquidos de 6,7 bilhões de boe, com 34,5% de probabilidade de sucesso, e recursos contingentes líquidos em 141 milhões de boe.

Na opinião dos analistas, caso os números do novo documento venham melhores, as ações da companhia serão fortemente beneficiadas. Por outro lado, caso venham negativos, os papéis da empresa sofrerão queda acentuada.

Comprar agora ou esperar pelo relatório?

Esta é a pergunta feita por analistas e investidores. Aproveitar ou não os momentos que antecedem a divulgação do relatório para lucrar com a notícia. O analista Nelson Rodrigues de Matos, do BB Investimentos, prefere manter uma “postura mais defensiva” e aguardar pela publicação do documento.

“Prefiro aguardar pelo relatório para alterar as projeções antes de fornecer qualquer recomendação, já que há muitas incertezas em jogo. É melhor esperar pra ver”, afirma. Muitos investidores levam em conta a imagem de Eike Batista e o seu sucesso na hora de correr riscos, especialmente em casos onde há incertezas, assim como este.

Mesmo a OGX tendo bons fundamentos e um time de técnicos capacitados para explorar e perfurar poços de petróleo, o analista destaca que a companhia não é obrigada a divulgar este relatório, mas que o fará apenas por conta da pressão do mercado por mais clareza sobre os potenciais recursos. Neste contexto, a hipótese de notícias negativas constarem no relatório não está descartada.

Eike se viu obrigado a fazer uma teleconferência em fevereiro para justificar o porquê da negociação de farm-out não ter sido concluída. Segundo ele, o motivo seria a indefinição de um preço que agradasse ambos os lados e, por causa disso, optou-se por esperar o resultado do relatório que será divulgado amanhã, já que o mesmo trará informações mais claras sobre a capacidade da companhia.

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Compra especulativa

Oswaldo Telles, analista-chefe da Banif Corretora está mais otimista. Para ele, o mercado ainda não precificou os dados positivos que o relatório da D&M poderá fornecer e, diante deste cenário, prevê um potencial de valorização de até 20% nas ações da companhia.

“Quando uma empresa tem uma notícia negativa para revelar, geralmente ‘se esconde’ e procura não chamar tanta atenção do mercado. Este não é o caso da OGX no momento. A empresa já até soltou comunicado dizendo que publicará o documento e o mercado enxerga isso com bons olhos”, declara Telles.

O mercado “tem falado” que a OGX deverá contar com recursos potenciais riscados líquidos de 8,5 bilhões de boe. “Se isso se confirmar, será um fato positivo e acredito que os papéis ganharão fôlego para subir”. Com recomendação de compra para a petrolífera, Telles acredita que vale a pena apostar. “É uma recomendação de compra especulativa”, esclarece. “Mesmo que os resultados apresentados pela OGX não sejam bons, a ação não está cara com a capacidade de 6,7 bilhões de boe”, ressalta.

A melhor das hipóteses

Analisando o cenário mais otimista possível em meio às incertezas que rondam o relatório da D&M, ambos analistas concordam que, caso o documento traga números positivos e a negociação com os chineses seja concluída, as ações da OGX deverão registrar uma alta considerável. Após a divulgação do relatório na sexta-feira, a OGX fará uma teleconferência com os acionistas no dia 18 de abril para detalhar as informações que constam no documento.

Perfil

A OGX possui 22 blocos marítimos e 7 blocos terrestres no Brasil, além de 5 blocos terrestres na Colômbia. Conforme estudo da D&M, são 52 prospectos exploratórios em 29 blocos localizados em 5 bacias brasileiras diferentes. No total, são 34 poços perfurados com óleo e gás.