Bovespa: às 10h05, o Ibovespa cedia 0,92%, aos 50.954,28 pontos (Paulo Fridman/Bloomberg News)
Da Redação
Publicado em 27 de agosto de 2013 às 10h55.
São Paulo - A possibilidade de uma intervenção militar do Ocidente contra a Síria atinge os mercados financeiros nesta terça-feira, 27, e intensifica a realização de lucros iniciada pela Bovespa, na segunda-feira, 26. Somada a essa preocupação está o receio quanto à retirada dos estímulos econômicos do Federal Reserve, que vem afetando diretamente os mercados emergentes.
Contudo, nem o fôlego renovado de alta do dólar ante o real, combinado com uma arrancada das principais commodities, tende a amortecer a queda pronunciada dos negócios locais e pode ameaçar o patamar dos 50 mil pontos. Às 10h05, o Ibovespa cedia 0,92%, aos 50.954,28 pontos.
Operadores consultados nesta manhã lembram que a escalada da tensão política entre Síria e Estados Unidos começou ontem à tarde, quando as declarações do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, migraram as Bolsas de Nova York para o vermelho, definindo uma trajetória de queda da Bolsa brasileira. Nesta manhã, os investidores ampliam a busca por proteção e veem no ouro, no petróleo e no dólar os principais refúgios.
Mais cedo, o petróleo Brent para outubro era negociado no nível mais alto em seis meses, ao passo que o futuro do S&P 500 recuava 1,01%, às 10h05, enfraquecido também pela queda de 0,1% do índice regional de atividade em Chicago em julho ante junho. Logo mais, saem índices de preços de moradias em cidades norte-americanas em junho e, às 11 horas, é a vez do índice de confiança do consumidor em agosto, além do índice regional de atividade em Richmond no mesmo mês.
Mas as atenções estão voltadas para o dólar, tido como um porto seguro em momentos de tensões geopolíticas, o que amplia as perdas entre as moedas emergentes, que já vêm sendo afetadas pela incerteza sobre a condução da política monetária do Fed. No mercado doméstico de balcão, o dólar à vista era cotado a R$ 2,4120, em alta de 1,01%, na mínima, já digerindo o leilão de contratos de swap cambial realizado nesta manhã pelo Banco Central.
Esse comportamento da moeda norte-americana, na visão dos profissionais da mesa de renda variável, não deve trazer o benefício às empresas exportadoras de matérias-primas, conforme observado recentemente. Para eles, a leitura agora é outra, com os investidores avaliando se a artilharia do BC brasileiro terá efeito para aliviar a disparada do dólar, em meio à crescente lista de focos de tensão para os mercados globais. Nesse sentido, avaliam, há espaço para "entregar" um pouco mais da valorização de mais de 6% acumulada desde o início do mês.