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Investidor que não olhar para o macro terá cada vez mais dificuldade, diz gestor

Episódio 55 do clube da Exame Invest ouve gestor de fundo que deu retorno de 23% no ano passado e faz análise baseada em fatores macroeconômicos

Paolo Di Sora, sócio-fundador da RPS Capital: 'cenário externo está menos ruim do que o imaginado anteriormente' (LinkedIn/Reprodução)

Paolo Di Sora, sócio-fundador da RPS Capital: 'cenário externo está menos ruim do que o imaginado anteriormente' (LinkedIn/Reprodução)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 11 de março de 2023 às 11h34.

O cenário atual para quem investe na bolsa de valores no Brasil está desafiador. Com o cenário macroeconômico atual, a alta dos juros, o investidor tem migrado para a renda fixa. Mesmo assim, algumas gestoras têm se destacado e apresentado rentabilidade interessante. É o caso da RPS Capital.

Em entrevista ao podcast Clube EXAME Invest esta semana, Paolo Di Sora, sócio-fundador da gestora, contou sobre a estratégia adotada pela casa nos últimos 10 anos, que tem como foco o mercado de renda variável e faz análise de investimentos baseada em fatores macroeconômicos. No ano passado, o fundo de Long Biased da gestora, teve um retorno de 23%, enquanto o fundo Long Only, teve retorno de cerca de 15%.

“O nosso cotista ganhou dois CDIs no ano passado. A nossa estratégia mostra que dá para sobreviver como cotista de fundo de ações em um cenário desafiador. O investidor que continua dizendo que não olha para o macro terá cada vez mais dificuldade”, afirma Di Sora.

China e Estados Unidos

Ao analisar o cenário econômico atual, o gestor destacou a reabertura da economia chinesa. Para ele, a reabertura no final do ano passado foi a melhor do que imaginava. “Eu achava que ia abrir e fechar e abrir de novo, como foi o resto do mundo. Mas não. Eles abriram em novembro e seguiram. Estamos em plena abertura.”

Disse ainda que acredita que período que a China ficou fechada houve um incentivo fiscal e monetário para que o preço do setor imobiliário parasse de cair, além disso afirmou que o mercado de capitais ajudou a capitalizar as incorporadoras e construtoras.

“O preço dos imóveis estabilizou e sensação de empobrecimento das famílias estagnou. As famílias não estão endividadas e a inflação está baixa. Tem espaço fiscal e monetário para fazer um pouco mais. Acompanho a China há 20 anos, e ela sempre entrega um pouco mais do que tinha prometido.” A expectativa é que a China apresente um PIB de 5,5%. “Serão dois anos de recuperação cíclica da economia chinesa.”

Em relação aos Estados Unidos, o gestor afirmou que o mercado ‘descobriu’ que a economia americana aguenta um juro de 5% ao ano. Ele destacou que com o aperto monetário, não houve grandes problemas na economia. No final do mês, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciará uma nova decisão sobre a taxa de juros.

“Eu acho que o FED virá com uma alta de 0,25 ponto percentual. Quantas altas de 0,25 p.p ele dará isso dependerá dos dados que virão. É importante lembrar que o juro saiu do 0% ao ano para 5% ao ano. E 5,5% ao ano já está no preço. Estamos próximo do fim dessa alta e a economia aguenta este juro sem ter uma quebradeira.”

E o Brasil?

Sobre o Brasil, Paolo Di Sora afirmou estar cauteloso, mas um pouco mais otimista. Um dos motivos que é cenário externo está menos ruim do que o imaginado anteriormente, com a China sendo um ‘driver’ positivo. “Não vejo uma derrocada do preço de commodities. Vamos continuar com a balança boa. Nosso juro está alto e a inflação implícita nas curvas de juros está elevadíssima. O juro real está cerca de 6%."

O gestor ressaltou ainda sobre o prêmio de risco atual da bolsa que está alto, o que não é comum. “2018, 2019 e 2020 vi a bolsa subir, mas sem prêmio na bolsa doméstica. Estamos vendo um desvio padrão acima da média histórica.”

Assista abaixo ao episódio 55 completo abaixo ancorado por Daniel Cunha, sales no BTG Pactual e Bruno Lima, equity research analyst do BTG Pactual: 

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