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Investidor abandona aposta no real e compra US$ 20 bi

A troca de posição, reconhece o Banco Central, é a responsável pela recente disparada das cotações

Diante da atual menor da posição "vendida" no futuro, existe o entendimento no BC de que a tendência de alta do dólar é transitória e estaria perto do fim (David Siqueira/Stock.xchng)

Diante da atual menor da posição "vendida" no futuro, existe o entendimento no BC de que a tendência de alta do dólar é transitória e estaria perto do fim (David Siqueira/Stock.xchng)

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Da Redação

Publicado em 22 de setembro de 2011 às 09h35.

Brasília - Medidas para reduzir a especulação no câmbio e a piora da crise levaram investidores a mudar de estratégia. Nos últimos dias, eles compraram um total aproximado de US$ 20 bilhões apostando na alta da moeda americana e abandonando as apostas no real valorizado ante o dólar. Desses, cerca de US$ 13 bilhões foram adquiridos no mercado futuro e US$ 7 bilhões no mercado à vista. A troca de posição, reconhece o Banco Central, é a responsável pela recente disparada das cotações.

Para evitar uma alta ainda mais forte, a instituição decidiu tirar o time de campo: não compra dólares no mercado há uma semana e anunciou hoje que também vai reduzir a atuação no mercado futuro. Avaliação interna no BC é que o dólar deve se acomodar nos próximos dias porque o espaço para a alta estaria "perto do fim".

A cotação acima de R$ 1,85 gerou reações rápidas no Banco Central. Logo após o almoço, às 14h, a instituição avisou que desistira de comprar US$ 1,98 bilhão no mercado futuro nos próximos dias. A operação seria necessária para renovar contratos de swap cambial reverso - que equivalem à compra de dólares - que vencem em outubro.

Fonte da equipe econômica explica que essa decisão foi tomada porque adquirir dólares no mercado futuro geraria mais desequilíbrio e consequente alta extra das cotações. A fonte explica que o BC reconhece que é melhor não adicionar pressão em um mercado que sofre com um verdadeiro "gargalo" nos últimos dias.

Esse estrangulamento aconteceu após medidas que encareceram a aposta de valorização do real e o agravamento da crise. Nesse ambiente, sumiram os vendedores da moeda e passaram a prevalecer apenas os compradores de dólar.

Há 45 dias, as apostas no real forte no mercado futuro somavam US$ 22 bilhões - o que economistas chamam de posição "vendida". Mas, com a mudança das condições do mercado, esses investidores passaram a comprar a moeda para anular a aposta no real e por acreditar que o dólar ficaria cada vez mais caro. Com isso, a aposta no real no futuro caiu para US$ 8,6 bilhões.

No mercado à vista - aquele com dinheiro vivo, bancos já inverteram a posição e estão "comprados" em US$ 1,7 bilhão. Ou seja, investidores reduziram drasticamente a crença no real forte no mercado futuro e já apostam quase US$ 2 bilhões no dólar no segmento à vista. Essa troca fez com que esses mesmos investidores comprassem US$ 13 bilhões no mercado futuro e mais de US$ 7 bilhões à vista nas últimas semanas. Na visão do BC, é por isso que as cotações dispararam.


Diante da atual menor da posição "vendida" no futuro, existe o entendimento no BC de que a tendência de alta do dólar é transitória e estaria perto do fim. "O ajuste foi forte e o espaço para continuar não é tão grande. Não há motivos para continuar e a moeda deve se estabilizar em alguns dias", diz a fonte. Além disso, com a alta das cotações, há chance de chegar a um ponto em que comprar dólar no mercado futuro pode não ser tão vantajoso.

Outro motivo seria o estoque de dólares de exportadores mantidos no exterior. Não há cálculos precisos, mas estimativas feitas pela equipe econômica mostram que poderiam existir entre US$ 20 bilhões e US$ 80 bilhões nessas condições. Parte desses recursos poderiam entrar no País atraídos pela cotação mais favorável.

O economista da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto, diz que essa leitura do BC tem fundamento teórico, mas não concorda que a alta estaria perto do fim. "A racionalidade não funciona muito em um mercado anômalo como o atual. É muito mais difícil fazer previsões. O exportador, por exemplo, pode continuar esperando um dólar mais alto para entrar", diz.

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