Fachada do Banco Inter: na primeira fase, Inter Invest deve oferecer em torno de 15 carteiras recomendadas (Inter/Divulgação)
Beatriz Quesada
Publicado em 6 de junho de 2022 às 08h00.
A Inter Invest, plataforma de investimentos do Inter, está remando contra a maré na disputa por investidores. Enquanto a concorrência aposta nos assessores de investimentos para atrair os novatos, o Inter mantém a estratégia de ser 100% digital. A oferta de produtos já era feita sem intermediários, mas a plataforma agora entra em uma nova fase: a de recomendação de investimentos.
A ferramenta Invest Fácil, que acaba de ser lançada, permite que os investidores comprem carteiras recomendadas padronizadas, montadas de acordo com perfil de investimento e momento de mercado. As carteiras são compostas por fundos de investimento e ativos de renda fixa e variável. O serviço opera no modelo “one-click buy”, no qual todas as recomendações podem ser compradas simultaneamente com um clique.
Para Felipe Bottino, diretor da Inter Invest, o passo representa uma nova era dentro do negócio e destaca o diferencial da plataforma frente à concorrência.
“Os principais players pararam de evoluir na experiência digital e passaram a investir em assessoria. Talvez sejamos os únicos que ainda mantêm o modelo digital prioritário, com foco único e exclusivo B2C [vendas diretas da plataforma ao consumidor: business to consumer]”, afirmou em entrevista à EXAME Invest.
Bottino defende que existe espaço no mercado para a convivência dos dois modelos. “Criou-se um mito de que esse mercado pode ter apenas um vencedor, mas acreditamos que podem existir várias casas convivendo. Existe cliente para tudo, e nossa aposta é que eles terão cada vez mais um com foco digital”, disse.
A vantagem da estratégia, segundo o diretor, é oferecer condições mais vantajosas de preços e serviços, já que o modelo phygital – que une o presencial ao digital – tem distribuição mais cara. O Inter também conta com assessores, mas sua função é de relacionamento com o cliente, e não de orientação de investimentos.
A mudança atende ainda a uma demanda dos clientes da plataforma, que são, em sua maioria, jovens e nativos digitais. O banco como um todo conta com 20 milhões de clientes, mas apenas 2 milhões deles estão na Inter Invest. Bottino defende que a nova ferramenta pode ajudar na conversão daqueles que ainda não são investidores ao oferecer praticidade, ideal para quem quer delegar a decisão de investimento para um profissional.
“O mercado de escolha individual de cada produto – o chamado ‘supermercado financeiro’ – está saturado e gera muita deseducação. Os ativos são ordenados por rentabilidade passada e geram uma tentação de investimento, mesmo quando não se entende o que está comprando ”, defende Bottino.
Um dos diferenciais das carteiras do Inter é oferecer opções para além do perfil de risco do investidor. As recomendações podem ser estruturadas de acordo com oportunidades do momento, como por exemplo, indicações para aproveitar o cenário de alta dos juros nos Estados Unidos. Existem também carteiras temáticas, como foco em criptoativos e estratégias ESG.
Na primeira fase, o Inter deve oferecer em torno de 15 carteiras recomendadas, compostas por fundos e papéis de renda fixa. Ativos de renda variável, como ações e ETFs, devem entrar na plataforma nas próximas semanas. Não serão cobradas taxas adicionais além das já que já são cobradas pelos próprios fundos recomendados – e a curadoria dos ativos é gratuita. A atualização das recomendações será trimestral.
Vale lembrar, no entanto, que as carteiras são padronizadas e que o Inter ainda não oferece um serviço individual para cada cliente. Mas isso já está no radar. Na visão de Bottino, a evolução natural da Invest Fácil é o oferecimento de carteiras administradas, um serviço de gestão profissional customizado para cada investidor.