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Inflação prejudica retorno de carteiras mistas nos EUA

Diante da inflação teimosamente alta e dos sinais de crescimento econômico ainda sólido, os bonds começaram a cair paralelamente às ações novamente em fevereiro

Os movimentos conjuntos enfatizaram uma tendência preocupante desde que o Fed começou a aumentar agressivamente as taxas de juros há um ano: o aperto do banco central superou praticamente todo o resto (fotog/Getty Images)

Os movimentos conjuntos enfatizaram uma tendência preocupante desde que o Fed começou a aumentar agressivamente as taxas de juros há um ano: o aperto do banco central superou praticamente todo o resto (fotog/Getty Images)

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Agência de notícias

Publicado em 7 de março de 2023 às 12h43.

Última atualização em 7 de março de 2023 às 12h49.

No início do ano, os yieds pareciam ter subido o suficiente para permitir que os bonds retomassem sua função tradicional como um refúgio da turbulência do mercado acionário. Não durou muito.

Diante da inflação teimosamente alta e dos sinais de crescimento econômico ainda sólido, os bonds começaram a cair paralelamente às ações novamente em fevereiro, à medida que operadores descartavam as apostas de que o Federal Reserve começaria a cortar as taxas de juros ainda este ano. Isso eliminou quase metade dos ganhos deste ano para carteiras com proporção 60/40 dividida entre ações e títulos.

Os movimentos conjuntos enfatizaram uma tendência preocupante desde que o Fed começou a aumentar agressivamente as taxas de juros há um ano: o aperto do banco central superou praticamente todo o resto, derrubando ativos de todos os tipos. Isso causou estragos nas estratégias clássicas de investimento, incluindo a mistura de ações e títulos destinados a proteger o risco de perdas.

Embora os yields dos treasuries tenham subido acentuadamente, os payouts mais altos por si só podem não ser suficientes para compensar um cenário difícil para renda fixa e ações se o Fed aumentar mais as taxas - e por mais tempo - do que o previsto.

“Até que tenhamos uma sensação de pressão desinflacionária ou evidência de uma recessão, não acho que você verá uma divergência significativa entre ações e títulos”, disse Jack McIntyre, gestor da Brandywine Gestão Global de Investimentos.

Antes do aumento da inflação pós-pandemia, os treasuries normalmente subiam quando as ações vacilavam, ajudando a sustentar o desempenho geral das carteiras 60/40.

Isso se desfez no ano passado. O índice de bonds agregado da Bloomberg para os EUA caiu 13% em 2022, a primeira queda de dois dígitos desde pelo menos 1976 e apenas o quinto declínio anual registrado. Como ações também caíram, carteiras 60/40 foram atingidos com perdas de cerca de 17%, as piores desde a crise financeira de 2008.

A estratégia em janeiro, no entanto, parecia destinada a uma retomada, já que os mercados especulavam que o Fed estava chegando ao fim de seus aumentos de juros. As carteiras 60/40 ganharam 7% no início de fevereiro. Mas depois de uma série de dados mais fortes do que o esperado sobre a economia, cerca de metade desses ganhos foram eliminados.

A mudança fez com que alguns investidores se concentrassem nos treasuries de prazo mais curto, cujos rendimentos saltaram tão alto que fornecem pagamentos atraentes em relação a ações mais arriscadas e títulos de longo prazo. Bank of America disse em uma nota de 3 de março que as entradas foram particularmente fortes em fundos de treasuries de curto prazo.

“Inflação persistente, com o Fed em espera e com potencial para mais aumentos de juros não é bom para a correlação e o aspecto de diversificação dos títulos”, disse Roger Aliaga-Diaz, economista-chefe Américas da Vanguard Group Inc. “Mas se o Fed finalmente chegar a um nível terminal que seja restritivo o suficiente, nesse ponto a relação normal emerge.”

Isso significa que os investidores podem ter dificuldades até que pareça certo que a inflação esteja voltando solidamente para a meta de 2% do Fed. Pagamentos de juros mais altos estão fornecendo um amortecedor; mas não foram suficientes para compensar a recente queda de preço. Até agora neste ano, o ganho de 0,4% desses pagamentos em um índice amplo de Treasuries foi eclipsado pela queda no preço, deixando-os com uma pequena perda.

Bill Gross, o famoso gerente de renda fixa que co-fundou o Pacific Investment Management Co., disse em postagens recentes no Twitter que os títulos não retomarão seu papel como hedge até que tenham precificado adequadamente os aumentos de juros do Fed. E ele disse que isso ainda não aconteceu, argumentando que o yield do Treasury de 10 anos  deve ser de pelo menos cerca de 4,5% se o Fed empurrar as taxas de juros para o pico de 5,5% sendo precificadas pelos futuros de taxas de juros. O rendimento é pouco menos de 4% agora.

Assim que o Fed acabar, é claro, o mercado de títulos provavelmente funcionará como um refúgio novamente das quedas do mercado ação. É apenas uma questão de quando.

Quando o Fed estava elevando as taxas de juros em 2005, os títulos também tiveram um desempenho medíocre, com o índice agregado americano atingindo apenas 2,4% naquele ano. Quando os formuladores de políticas terminaram e mantiveram a taxa overnight ancorada em 5,25% durante grande parte de 2006 e 2007, os retornos saltaram para 4,3% e 7%, respectivamente.

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