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Inflação menor: a chance da Camil de melhorar rentabilidade com o bolso do consumidor ficando maior

Redução dos preços abre espaço para maior consumo e acesso a produtos de maior valor agregado, segundo CFO; no primeiro trimestre fiscal, foram os produtos de alto valor que mais ajudaram

Camil: Ebitda da companhia caiu na comparação anual, mas ficou 26,5% maior do que no quarto trimestre (Germano Lüders/Exame)

Camil: Ebitda da companhia caiu na comparação anual, mas ficou 26,5% maior do que no quarto trimestre (Germano Lüders/Exame)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 13 de julho de 2023 às 19h00.

Última atualização em 13 de julho de 2023 às 19h18.

A redução da inflação de alimentos observada mais recentemente — como mostrou o IPCA de junho com deflação de 0,08% — deve ajudar a Camil a ganhar mais rentabilidade nos próximos meses. “Nos segmentos de alto giro [arroz e feijão, por exemplo], essa dinâmica de repasse de preços é muito rápida. Mas a dinâmica competitiva nos segmentos de alto valor [massas e biscoitos] permite operar com maior rentabilidade, porque o tempo de conversão de preços é maior. Também tem um efeito benéfico de aumentar um pouco a capacidade do consumidor de ter acesso ao alimento e a conseguir testar uma marca melhor”, diz Flávio Vargas, diretor financeiro da empresa de alimentos.  

A recuperação de rentabilidade é um movimento que já começou no primeiro trimestre fiscal (encerrado em maio) de 2023 se comparado ao trimestre imediatamente anterior. No primeiro trimestre, a companhia viu seus segmentos de alto valor ajudarem a melhorar seus números em um cenário de desafios, mas o contexto macro e os juros altos ainda pesaram sobre a linha final do balanço. “Para este ano, temos um foco muito grande em como que a gente recupera a rentabilidade”, afirma Vargas.  

No período, a receita líquida da empresa somou R$ 2,7 bilhões, 11% mais do que um ano antes. Houve um crescimento sequencial de volume de 17,5%, impulsionado pelo segmento de alto giro e alto valor no Brasil (+23,5% e +16,5%, respectivamente). No ano, porém, o volume ainda caiu 2,7% devido à menores volumes no internacional e no alto giro Brasil. Ainda assim, esse desempenho poderia ser pior não fosse o bom desempenho do alto valor, que cresceu 37,2%.  

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ainda caiu 18,8% na comparação anual, para R$ 198,5 milhões, mas ficou 26,5% maior do que no quarto trimestre. O lucro líquido da companhia atingiu R$ 64 milhões, uma queda de 33,9% na base anual, mas uma melhora expressiva de 303,6% ante o quarto trimestre. “Um grande ofensor na última linha vai ser o maior custo da despesa financeira, já que o custo de capital ainda não começou a trajetória de recuo”, argumenta o CFO.  

Reforma tributária  

A desoneração de itens da cesta básica é um fator positivo para a companhia. “No contexto geral a gente enxerga de uma maneira bastante positiva simplificação. Acho que um fator que daí é específico mais para indústria, que é a desoneração de itens da cesta básica, captura aparentemente grande parte do nosso portfólio, como arroz, feijão, açúcar, massa e café. Parece que a única coisa que vai ficar de fora é a parte de biscoito e pescado. Então, essa desoneração ela acaba ajudando tanto na capacidade e no valor relativo do produto”, explica Vargas.  

Há dúvidas, no entanto, sobre os impactos para os benefícios fiscais estaduais relacionados aos investimentos para produção. “Uma série de investimentos que a gente tem hoje que foram feitos por conta do cenário tributário. O benefício que você tem em cada estado, tudo isso vai ter de ser feito vai ter de ser revisto, né? Então, para novos investimentos vamos levar em conta, como que vai ser o cenário daqui a dez anos. A gente também vai ter de repensar, principalmente como ficará o nosso footprint.” 

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