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Da Redação
Publicado em 18 de março de 2013 às 09h32.
São Paulo - A resistência da inflação vai fazer com que o investidor brasileiro tenha mais dificuldade para obter um ganho real nas aplicações.
Na semana passada, o Banco Central (BC) informou que houve uma piora da inflação e que a resistência de alta dos preços não está mais concentrada apenas no curto prazo. O próprio BC elevou a expectativa de aumento dos preços para este ano e para 2014.
A inflação já está corroendo o ganho dos investimento. Em fevereiro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,6% e superou o rendimento dos investimentos mais tradicionais.
Em 12 meses, a inflação oficial do País acumula alta de 6,31% e está um pouco abaixo do teto da meta do governo, que é de 6,5%.
O momento do cenário de investimento tem como pano de fundo a incerteza do mercado em relação ao aumento ou não da taxa básica de juros (Selic) nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), do BC. Hoje, os juros em 7,25% ao ano.
"Mas é interessante notar que o mercado futuro está prognosticando uma alta na taxa de juro, encostando nos 9%", afirma Otto Nogami, professor da escola de negócios Insper.
"A taxa de juros entrou na pauta da Presidência da República. Está evidente que existe um embate técnico (do BC) versus o político (do governo)", diz Nogami, sobre a possibilidade de alta da taxa básica. Nesse cenário de inflação alta, os analistas recomendam os títulos do Tesouro da série NTN-B.
"Reforçamos a indicação da NTN-B Principal, que paga IPCA mais um prêmio, que está por volta de 4% ao ano", afirma Roberto Indech, da equipe de venda de ativos do home broker Rico. A indicação é para um papel com vencimento em 2024, considerada um "meio do caminho" entre as demais opções do mercado.
"A gente continua indicando o meio do caminho para não pegar uma volatilidade ou uma série de outras questões que podem prejudicar a aplicação", afirma Indech. Outra recomendação é o investidor levar o título para o período de vencimento.
Na avaliação do professor do Insper, numa perspectiva de curto prazo, os papéis atrelados à inflação são uma boa alternativa.
O investimento em título dos Tesouro está facilitado - é possível aplicar pela internet - e algumas corretoras também optam por uma taxa zero de corretagem. "É um investimento muito democrático", afirma Samy Dana, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Vale lembrar que há incidência de Imposto de Renda nesse tipo de investimento, mas ela é regressiva. Ou seja, num prazo de até 180 dias, a alíquota incidente é de 22,5%. Num período maior de dois anos, cai para 15%.
Mercado acionário
Num cenário de juro baixo e inflação em alta, também surge no radar dos especialistas o investimento no mercado de ações. "Para o investidor que tem uma perspectiva de longo prazo e que acredite na economia brasileira, o mercado de ações pode despontar", afirma Nogami, do Insper. "Pode ser uma opção interessante, mas não para você canalizar todos os seus recursos."
Segundo Indech, do home broker Rico, atualmente, o mercado - sobretudo o investidor estrangeiro - está bastante cético em relação ao desempenho da Bolsa. "Acredito que esse ceticismo não se mantenha no futuro. Mas isso vai depender de uma definição do Banco Central e da política monetária do governo brasileiro", afirma.
Nos últimos meses, os investidores do mercado acionário rejeitaram o intervencionismo do governo em alguns setores. O desempenho do Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) também tem sido prejudicado pelo baixo crescimento do País.
Ainda no mercado de ações, os papéis que podem se beneficiar da inflação em alta são os das empresas de concessão de rodovias, por exemplo. Nesse caso, o preço do pedágio é reajustado de acordo com a inflação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.