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Inflação é risco para bancos no país, diz Moody's

Uma das mais respeitadas agências de classificação de risco de crédito do mundo avalia que a inflação é um risco adicional para o sistema financeiro brasileiro em 2013


	Moody's: em relação ao mundo, os analistas da agência acreditam que este ano tende a ser o menos tenso para o setor bancário global desde a eclosão da crise financeira, em 2008
 (REUTERS/Brendan McDermid)

Moody's: em relação ao mundo, os analistas da agência acreditam que este ano tende a ser o menos tenso para o setor bancário global desde a eclosão da crise financeira, em 2008 (REUTERS/Brendan McDermid)

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Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2013 às 08h35.

São Paulo - A Moody’s, uma das mais respeitadas agências de classificação de risco de crédito do mundo, avalia que a inflação é um risco adicional para o sistema financeiro brasileiro em 2013. Superior até mesmo à elevação da taxa básica de juros (Selic).

Em relação ao mundo, os analistas da agência acreditam que este ano tende a ser o menos tenso para o setor bancário global desde a eclosão da crise financeira, em 2008.

Os dois tópicos foram abordados por Gregory Bauer e Celina Vansetti, respectivamente chefe da área de bancos para o mundo e para a América Latina, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

"Embora o Brasil tenha hoje pleno emprego, a inflação é um complicador para os bancos, porque reduz o poder de compra das pessoas e pode afetar a capacidade de pagamento do consumidor", diz Celina.

De acordo com ela, o esperado ciclo de elevações da taxa básica Selic - iniciado há duas semanas com a alta para 7,50% ao ano - não deve afetar o sistema bancário de forma preocupante.

"Na conjuntura atual, não é mais de esperar que o Banco Central eleve o juro básico em cinco pontos porcentuais", exemplifica. Para Celina, os ajustes de política monetária tenderão a ser mais ‘normais’ daqui para a frente.

Além da inflação, a analista chama a atenção para outros dois desafios dos bancos brasileiros neste ano: a inadimplência ainda elevada, mesmo que em tendência declinante na comparação com 2012, e a pressão sobre as instituições financeiras para que consigam manter-se rentáveis em um ambiente marcado pelo juro básico estruturalmente mais baixo.


Celina frisa que o pior momento para a inadimplência já passou e observa que a alta dos calotes em uma conjuntura de pleno emprego é fruto, em parte, do exagero dos próprios bancos na concessão de empréstimos em 2010 e 2011. "Foi tudo muito rápido e muito cedo", disse, referindo-se à expansão do crédito para a nova classe média, sobretudo no segmento de veículos.

Para a analista, o segmento de bancos pequenos e médios, que viveu alta tensão desde a descoberta das fraudes no Panamericano, em 2010, deve ter um ano mais tranquilo.

Mundo

Em relação ao sistema bancário global, Bauer avalia que as perspectivas são as melhores desde que o banco de investimentos americano Lehman Brothers quebrou, marcando o início da crise internacional. Isso não significa que o setor não enfrente desafios.

Os quatro principais em 2013, na avaliação do especialista, são: a fragilidade da recuperação da economia global e o (ainda) elevado risco alguns países europeus; as taxas de juros ainda muito baixas na maior parte do planeta, o que pode levar investidores e mesmo os bancos a assumir riscos elevados em busca de retornos que considerem adequados; a confiança dos investidores ainda baixa em relação ao sistema financeiro; e a iminência de mudanças regulatórias em três diferentes níveis: mundial, regional e nacional.

Bauer é um dos analistas que, nos últimos anos, passaram a ser temidos pelos principais bancos do mundo por suas decisões em relação ao rating (nota de crédito).

Uma reportagem do Wall Street Journal do ano passado mostrava que uma decisão do seu time na Moody’s poderia custar mais de US$ 9 bilhões para os acionistas do Morgan Stanley, um dos maiores bancos de investimentos dos EUA.

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