Ambev: aumento de custos repassados no preço (Jack Andersen/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 26 de novembro de 2025 às 14h19.
A inflação da cerveja cresceu 4,8% em novembro na comparação do mês anterior e isso mostra que a Ambev (ABEV3) conseguiu repassar reajustes de preço, avalia o Bradesco BBI. A variação ficou levemente acima da do índice geral, o IPCA, que avançou 4,5% na leitura divulgada hoje da sua prévia, o IPCA-15. Já é o terceiro mês consecutivo em que isso acontece.
Os analistas da casa relacionam a alta da inflação ao reajuste de preços da Heineken em julho, "que acreditamos já ter sido totalmente repassado", diz o relatório.
"Isso continua a sugerir que a racionalidade nos preços prevaleceu no setor este ano, mas não esperamos novos aumentos de preços antes do período de maior demanda do verão", acrescentam os analistas.
Por outro lado, o BBI avalia que os volumes do setor cervejeiro continuam a "apresentar fragilidades" em relação ao ano passado. Ainda que o clima atipicamente frio melhore, isso não deve mudar.
" Também questionamos se a Ambev conseguirá manter integralmente os ganhos de participação de mercado obtidos no 3T25 sem comprometer a disciplina de preços, principalmente em um ambiente de consumo que continua a se enfraquecer e que poderá, eventualmente, tornar a concorrência mais agressiva", escreveu o time de research do BBI.
A casa espera que as pressões sobre os custos aumentem, conforme a Ambev já havia anunciado no seu guidance para 2025.
"O custo dos produtos vendidos por hectolitro (CPV/hl) precisaria crescer cerca de 11% em relação ao ano anterior no 4º trimestre de 2025 para que o limite inferior da projeção fosse atingido", diz o relatório do BBI.
O valuation atual para Ambev é 14,4 vezes o lucro por ação (P/L) previsto para 2026. "Um prêmio de 20% em relação às cervejarias globais. Mantemos nossa visão cautelosa sobre a Ambev."