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Indústria de fundos mira ganho maior

Panorama dos fundos no Brasil mostra que os investimentos nas diversas categorias somam R$ 2,1 trilhões


	As novas apostas de investimentos também englobam os fundos imobiliários.
 (Germano Lüders/EXAME)

As novas apostas de investimentos também englobam os fundos imobiliários. (Germano Lüders/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2012 às 10h56.

São Paulo - A indústria de fundos de investimento está se reinventando no Brasil. Na esteira da sucessivas quedas da taxa básica de juros, as tradicionais modalidades conservadoras já começam a perder espaço para fundos de maior risco na preferência dos investidores.

Um panorama dos fundos no Brasil mostra que os investimentos nas diversas categorias somam R$ 2,1 trilhões, segundo levantamento de agosto da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Boa parte desse montante, porém, ainda está aplicada em fundos de renda fixa (32%) e referenciado em DI (12%), produtos que perderam rentabilidade com a queda da Selic - na semana passada, o Banco Central reduziu a taxa básica de juros pela décima vez consecutiva, para 7,25% ao ano.

O próprio mercado tentou deixar mais atrativo os fundos de renda fixa e com referencial DI reduzindo as taxas de juros, mas isso não tem sido suficiente para garantir um ganho acima da inflação. "Em um período de dois anos, o Brasil passou a ter um ambiente de taxas de juros mais baixas. Agora, sentimos uma procura por investimentos alternativos", afirma Carlos Ambrósio, CEO da Claritas Investimentos.

O que torna ainda mais necessária essa mudança é que a perspectiva de uma taxa de juros baixa não deve mudar tão cedo. O Boletim Focus, do Banco Central, projeta a Selic a 8% no próximo ano. Diante desse cenário duradouro, especialistas já alertam que ganhos acima da inflação só com maior risco nas aplicações e menor liquidez.

"Obrigatoriamente qualquer investidor e poupador que quiser ganhar mais vai ter de assumir algum risco. No caso da indústria de fundos, o aplicador vai ter de se voltar para um fundo multimercado, por exemplo", diz Luiz Augusto do Rego Monteiro, sócio-diretor da parte de renda fixa da Queluz.


Não por acaso, no radar dos investidores, também já aparecem aplicações em fundos que buscam retornos absolutos e em fundos envolvendo debêntures. A compra dos títulos privados é uma das apostas das gestoras de investimentos. Em países com histórico de juros baixos, a aquisição de debêntures é mais comum. "O volume de debêntures no Brasil ainda é muito pequeno, há até uma dificuldade de encontrar uma nova. Esse mercado ainda vai avançar muito no País", diz José Eduardo Martins, sócio da GPS/Pulsar Invest.

Esse ano, por exemplo, o governo anunciou que nove projetos dos Ministérios dos Transportes e de Minas e Energia serão financiados com a emissão de debêntures. Os investimentos iniciais deverão somar R$ 12 bilhões. A expectativa é de que escolas e hospitais sejam financiados por debêntures no futuro.

As novas apostas de investimentos também englobam os fundos imobiliários. Nessa modalidade, há isenção de Imposto de Renda para pessoa física, o que garante um ganho acima da média de mercado. Já num possível cenário de calmaria no mercado financeiro internacional é provável que um investimento em ações volte a despontar.

"Com um cenário internacional mais calmo, a gente acredita que a Bolsa deve voltar a aparecer bem. E nisso a renda variável deve começar a ter uma demanda maior", afirma Ambrósio, da Claritas Investimentos.

Novas opções

O fim do ganho garantido em fundos de renda fixa e com referencial em DI devem aumentar a quantidade de produtos oferecidos pelo mercado nos próximos anos, segundo projeções dos analistas. O crescimento de produtos vai exigir cada vez mais uma pesquisa do investidor, desde a composição desses fundos até a estratégia prevista para o investimento.

"A gente acha que vai ter uma mortalidade dos fundos de baixa volatilidade. Alguns fundos que vão aumentar o risco não vão conseguir o prometido para os clientes e também vão acabar", afirma Beto Domenici, estrategista da Rio Bravo. 

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