Indústria espacial: US$ 1 trilhão até 2040, segundo projeções do Citi (Thinkstock/Divulgação)
Um relatório do banco Citi divulgado pela CNBC mostra que as projeções de receita para a indústria espacial, assim como os foguetes, parecem estar nas alturas. Segundo o banco, empresas ligadas ao setor devem movimentar, até 2040, cerca de US$ 1 trilhão. Com isso, a popularidade dos foguetes espaciais parece estar indo além das conversas populares e chegando também à rotina dos investidores.
Por trás do aumento na receita está uma queda vertigionosa nos custos tecnológicos envolvendo grandes lançamentos espaciais — cerca de 95%, segundo o Citi. Com acesso facilitado a inovações que possibilitem o lançamento de foguetes aos montes, como internet via satélite e a fabricação de equipamentos na manufatura, a máxima é de que a indústria se torne um mar aberto para novos entrantes. Hoje, poucos são os players que controlam o setor, vide os casos da Virgin Galactic, SpaceX e Blue Origin, dos bilionários Richard Branson, Elon Musk e Jeff Bezos.
O valor da economia espacial global atingiu US$ 424 bilhões em 2020, segundo pesquisa da Space Foundation, um crescimento de 70% desde 2010. Enquanto isso, os custos para lançamentos de foguetes caíram 40 vezes desde a década de 1980, estima o Citi.
O bom desempenho também tem inspirado fundos de investimento, que na última década injetaram valor recorde em empresas espaciais. Somente no ano passado, as empresas de infraestrutura espacial receberam US$ 14,5 bilhões em investimentos privados vindos de fundos de capital de risco, de acordo com o relatório trimestral da Space Capital, que acompanha cerca de 1.700 empresas.
E para quem acha que investir nesse setor é só para estrangeiros, levantamento da Stake, plataforma de negociação de ADRs para brasileiros, mostra que a Virgin Galatic estava entre as 3 maiores preferências. A empresa americana de capital aberto comanda voos espaciais para missões científicas. Em julho de 2021, a empresa também pôs o pés no mercado de turismo, com voos tripulados para o espaço — e com a presença do próprio Branson.
Apesar da perspectiva otimista do Citi, a empresa enfatizou o aspecto especulativo do setor, ainda incipiente. “Uma analogia semelhante seria tentar prever o valor da internet hoje versus quase 20 anos atrás, quando o termo ‘smartphone’ era relativamente desconhecido e antes da banda larga substituir as conexões de internet discada”, escreveram os analistas.
Parte da insegurança está enraízada no próprio fato de que, mesmo em curva ascendente, as empresas espaciais listadas em bolsa não saõ capazes de driblar o baque sofrido por companhias de tecnologia nos últimoes meses. Segundo o Citi, o valor atual das ações de diversas empresas do setor despencou pelo menos 50% em comparação com o valor praticado durante a oferta pública inicial — a maioria tendo acontecido em 2021.
“Fundamentalmente, com a nova geração de espaço sendo impulsionada pelo setor comercial, a indústria de lançamentos está passando por uma mudança secular de ser baseada em preços de custo mais para ser baseada em valor, a fim de abrir novos mercados e maximizar a lucratividade”, diz o relatório.
Atualmente, o mercado de satélites — que inclui serviços de telecomunicações — representa a maior fatia da economia espacial, com mais de 70%. Mas, segundo o banco, há uma mudança de paradigma em curso. Para os analistas, a conectatividade móvel, internet das coisas (IoT) e banda larga serão as novas fronteiras da exploração espacial daqui em diante. Na vanguarda dessa tedência estão empresas de satélites como Starlink ,da SpaceX e do Projeto Kuiper, da Amazon.
Outro setor em que o Citi vê fortes ganhos é o de imagens de satélite, que a empresa estima representar cerca de 2%, ou US$ 2,6 bilhões, da atual economia espacial. O banco prevê uma expansão no setor impulsionada por aplicativos “espaço como serviço”, atingindo US$ 17 bilhões em vendas anuais até 2040.