"O investidor conseguiu enxergar melhor como se dará a reestruturação das empresas de telecomunicações após onda de aquisições", afirma analista (SXC.Hu)
Da Redação
Publicado em 11 de maio de 2011 às 12h33.
São Paulo – As companhias de telecomunicações superaram o Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, e dispararam no primeiro trimestre do ano. Na contramão, as empresas do ramo imobiliário foram as que amargaram as piores perdas.
Segundo levantamento realizado por EXAME.com, o Índice do Setor de Telecomunicações (ITEL) acumulou alta de 18,20% nos três primeiros meses do ano, seguido pelo Índice de Energia Elétrica (IEE) e pelo Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), cujos ganhos atingiram 9,73% e 4,71%, respectivamente.
O Ibovespa aparece somente na 9ª posição – atrás dos índices Valor BM&FBovespa (IVBX), Mid-Large Caps (MLCX), Brasil-100 (IBRX-100), Brasil-50 (IBRX-50) e Financeiro (IFNC) , com desvalorização de 1,04% no período, registrando uma queda de 718,11 pontos, para 68.586,70 pontos.
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Índices | Código | Pontos (30/12/10) | Pontos (31/03/11) | Variação |
---|---|---|---|---|
Índice de Telecomunicações | ITEL | 1.444,90 | 1.707,89 | 18,20% |
Índice de Energia Elétrica | IEE | 27.242,57 | 29.892,13 | 9,73% |
Índice de Sustentabilidade | ISE | 2.087,30 | 2.185,54 | 4,71% |
Ind. Valor BM&FBovespa | IVBX | 6.040,61 | 6.121,16 | 1,33% |
Índice de Mid-Large Caps | MLCX | 979,57 | 988,07 | 0,87% |
Índice Brasil - 100 | IBRX-100 | 22.239,51 | 22.385,50 | 0,66% |
Índice Brasil - 50 | IBRX-50 | 9.634,08 | 9.618,80 | -0,16% |
Índice Financeiro | IFNC | 3.745,36 | 3.722,00 | -0,62% |
Índice Bovespa | IBOV | 69.304,81 | 68.586,70 | -1,04% |
Ind. Ações Gov. Corp. Diferenciada | IGC | 7.629,88 | 7.544,75 | -1,12% |
Ind. Ações c/ Tag Along Diferenciado | ITAG | 9.845,38 | 9.731,91 | -1,15% |
Índice Carbono Eficiente | ICO2 | 1.106,94 | 1.087,32 | -1,77% |
Índice de Small Caps | SMLL | 1.439,56 | 1.412,49 | -1,88% |
Índice de Consumo | ICON | 1.683,81 | 1.629,59 | -3,22% |
Índice do Setor Industrial | INDX | 10.945,52 | 10.539,55 | -3,71% |
Índice Imobiliário | IMOB | 1.036,65 | 919,39 | -11,31% |
O setor de telecomunicações liderou com folga os ganhos no trimestre perante os demais índices do mercado de ações no Brasil, ainda favorecido pela onda de aquisições que se estende desde o ano passado, quando a espanhola Telefônica conseguiu adquirir a participação de 30% da Portugal Telecom (PT) na Vivo, a maior operadora de telefonia celular do Brasil, ao mesmo tempo em que a operadora portuguesa comprou uma fatia no Grupo Oi para evitar sua saída do mercado brasileiro.
Com um cenário externo recente marcado por crise nuclear no Japão, conflitos na Líbia e problemas de dívida pública na Europa, a aversão ao risco aumentou entre os investidores e a busca por setores mais defensivos também cresceu. As ações de empresas de telecomunicações se tornaram então um refúgio entre as opções de investimento.
”Em 2010, as ações do setor de Telecom andaram de lado, ao mesmo tempo em que os demais índices da bolsa eram beneficiados pelo forte crescimento econômico. Isso ocorreu por conta das incertezas dos investidores em relação aos processos de sinergias das empresas, em especial da Vivo e da Oi após a compra de participação feita pela Telefônica e Portugal Telecom, respectivamente”, explica Leonardo Nitta, analista do BB Investimentos.
Já neste ano a perspectiva mudou. “Grande parte das dúvidas e dos processos de integração foram esclarecidas já nos três primeiros meses do ano. O investidor conseguiu enxergar melhor como se dará a reestruturação das empresas. Ainda há temas importantes a serem solucionados, mas os principais pontos dos acordos já foram esclarecidos”, acrescenta Nitta.
Pior performance
Alcançando a pior performance entre os 16 índices de ações da BM&FBovespa, o Índice Imobiliário (IMOB) contabilizou uma perda acumulada de 11,31% nos três primeiros meses de 2011. A baixa foi liderada pelas ações ordinárias da Cyrela Realty (CYRE3), que amargou um tombo de 29,15% no período, seguida pelos papéis da MRV (MRVE3) e da Gafisa (GFSA3), com recuo de 16,34% e 14,29%, respectivamente.
Segundo analistas consultados, os fatores macroeconômicos foram as principais razões para o mau desempenho do setor. Desde o início de 2011, as construtoras e imobiliárias estão sendo pressionadas pelo avanço da inflação e pela expectativa de aumento da taxa básica de juros.
“Isso sem falar no fato de que grande parte dos investimentos do setor é feita por estrangeiros que deixaram de apostar no mercado imobiliário e de construção nos últimos meses. As crises externas, como as que estão ocorrendo na Líbia e no Japão, também elevaram a volatilidade e fizeram o setor sofrer mais que o Ibovespa”, afirma Eduardo Silveira, analista do Banco Fator.
O corte no orçamento de 2011, avaliado em 50 bilhões de reais e promovido pelo governo federal, também afetou as companhias do setor. A redução diminuiu a quantidade de recursos que seria destinada ao programa “Minha Casa, Minha Vida”, voltado à população de baixa renda.
“Essa é uma das razões porque a Gafisa foi fortemente afetada. A companhia, que também atua neste segmento, elevou sua meta (guindance) de gastos com obras e reduziu suas margens operacionais em cinco pontos percentuais, o que assustou o mercado e provocou a venda forte de ações”, acrescenta o analista.
“O mercado já esperava por essa revisão do guidance, mas não imaginava que seria algo tão expressivo”, completa. Silveira acredita que o setor imobiliário e de construção ainda amargará perdas no segundo trimestre e que melhorias não devem surgir no curto prazo. “Enquanto a inflação não estiver controlada, o cenário econômico preocupar e o fluxo estrangeiro não voltar, o setor seguirá pressionado”, prevê o analista.
Contudo, sinais positivos podem surgir a partir do segundo semestre de 2011. “Se as perspectivas econômicas melhorarem até lá, o mercado ainda irá gozar da disponibilidade de crédito e da demanda dos consumidores e poderá, portanto, se recuperar”, estima Silveira.