Mercados

Indefinição sobre Cesp dificulta avaliação da empresa

Corretoras não mudaram recomendações sobre papéis da empresa, mas ações já subiram 11% em 2011

Analistas tem dúvidas se a melhor saída para a empresa é a privatização ou a federalização (Caio Coronel/Ag. Itaipu)

Analistas tem dúvidas se a melhor saída para a empresa é a privatização ou a federalização (Caio Coronel/Ag. Itaipu)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2011 às 12h54.

São Paulo - Enquanto aguardam indicações mais concretas sobre o futuro da estatal paulista de energia Cesp, analistas estão optando por manter inalteradas as recomendações para as ações da empresa.

A indefinição sobre a renovação das concessões do setor elétrico que vencem a partir de 2015 e as dúvidas sobre o real desejo do governo de São Paulo de tentar novamente a privatização da Cesp ou até sua federalização dificultam os cálculos de qual seria o valor justo para os papéis da empresa.

Das recomendações de oito analistas obtidas pela Reuters, quatro indicam compra das ações da empresa, três apontam para manutenção e um recomenda venda. Não foi registrada nenhuma alteração em recomendações ou preço-alvo para Cesp em 2011.

Em janeiro até o fechamento do dia 13, as ações preferenciais da Cesp, as de maior liquidez, acumulam valorização de quase 11 por cento, contra alta de 2 por cento do Ibovespa.

Os preços-alvos dos analistas para Cesp vão de 27,85 reais (Ágora Corretora) a 35 reais (Merrill Lynch).

O maior salto diário no preço dos papéis da companhia neste ano ocorreu no dia 4, quando o secretário de Energia do Estado, José Aníbal, afirmou à Reuters que Mauro Arce assumirá a presidência da Cesp. Arce estava à frente da Secretaria de Energia paulista quando a Transmissão Paulista (Cteep) foi privatizada.

Aníbal também disse que a privatização da Cesp "é uma hipótese", mas que antes é preciso esperar a decisão do governo federal sobre a renovação das concessões do setor. No caso da Cesp, duas usinas que representam 67 por cento de sua capacidade terão em 2015 seus contratos encerrados.

E nesta semana a Folha de S. Paulo publicou que a Cesp poderia ser federalizada por meio de uma incorporação por Furnas, do sistema Eletrobras.

"O grande fluxo de notícias sobre a Cesp provavelmente continuará, mas acreditamos que deve haver um tempo até que o negócio se concretize", escreveu em recente relatório o analista Vinicius Canheu, do Credit Suisse.

"Em nossa visão, a venda da companhia é a mais provável consequência, mas apenas após a conclusão da nova regulação, e acreditamos que o processo possa levar mais de um ano para ser concluído", acrescentou.

Para o analista Rafael Andreata, da Planner Corretora, se houver privatização, o preço pode chegar a um valor de 45 a 50 reais por ação. Em caso de federalização, o preço poderia ser inferior pela falta de concorrência na operação de venda.


Alguns analistas defendem que uma visão mais clara sobre a melhor alternativa para a Cesp só virá após a definição sobre quais serão as condições de renovação das concessões, considerando que o governo optará por esse caminho.

"Só será possível saber o que é melhor quando houver condição de fazer contas", disse o analista Filipe Acioli, da Ágora, referindo-se ao preço das tarifas por megawatt-hora (MWh) a ser definido em caso de prorrogação das concessões.

Como grande parte dos investimentos nas hidrelétricas já foi amortizada, é consenso que as tarifas terão que ser reduzidas se as concessões forem renovadas.

Em tal cenário e acreditando em preço de 60 reais por MWh, Acioli recomenda venda das ações da Cesp, tendo preço-alvo de 27,85 reais para o final deste ano.

O analista Ricardo Corrêa, da Ativa Corretora, trabalha com 58 reais por MWh a partir de 2015, enquanto o Merrill Lynch é mais otimista, com 65 reais.

Federalizar ou privatizar?

Especialistas se dividem sobre a melhor alternativa para a estatal paulista.

O advogado Rubens Naves, que foi diretor da Cesp na década dos anos 1980, avalia que "a solução com o governo federal é o melhor caminho". "A apropriação permitiria maior segurança estratégica. O governo federal tem mais capacidade de aportar recursos e fazer a Cesp crescer."

O professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (IEE-USP), Ildo Sauer, concorda. "Quando privatiza os investimentos não vão para finalidades públicas."

Já o presidente da Andrade & Canellas, João Carlos Mello, acredita que a privatização seria a melhor alternativa para a Cesp porque o governo estadual "teve boas experiências" passadas. "Federalizar seria complicado porque a Eletrobras não possui ativos em São Paulo", disse Mello.

O economista Fernando Camargo, da LCA Consultores, contudo, não descarta uma terceira opção: a manutenção da Cesp como estatal paulista.

"Existe o desejo anunciado (pela Cesp) no ano passado de participar de leilões de energia... É possível que haja um fortalecimento da empresa. Trilhar um caminho de planejamento estratégico é muito plausível agora... A renovação das concessões fortaleceria a companhia para o Estado", afirmou.

Acompanhe tudo sobre:AçõesCESPcidades-brasileirasEmpresasEmpresas estataisEnergia elétricaEstatais brasileirasMetrópoles globaisSão Paulo capitalServiços

Mais de Mercados

Iguatemi (IGT11) anuncia mudança na presidência

Suzano (SUZB3) anuncia novo aumento de preços da celulose em março

Nem recompra bilionária anima mercado e ações da Renner caem com pressão das margens