Inadimplência diminui em junho, indica Boa Vista (BOAS3) (EXAME/Exame)
A inadimplência no Brasil caiu 0,6% entre maio e junho, segundos os dados dessazonalizados divulgados pela Boa Vista SCPC (BOAS3).
Os números da Boa Vista mostram como a queda na inadimplência ocorreu após uma sequência de quatro altas consecutivas na mesma base de comparação.
Em maio o crescimento da inadimplência tinha sido de 7,5%.
Por isso, segundo a Boa Vista, a redução registrada em junho, "por si só, não sugere uma reversão na tendência de alta no indicador".
Segundo a empresa de inteligência financeira e análise de crédito, na comparação entre o primeiro e o segundo trimestres de 2022 foi observado um avanço de 14,1% na inadimplência.
A alta de 11,4% da inadimplência na comparação anual desacelerou um pouco o resultado acumulado no ano, que apontava alta de 12,4% até o mês de maio.
Com isso, encerrou o primeiro semestre em alta de 12,3%.
Entretanto, o resultado acumulado da inadimplência em 12 meses registrou uma alta de 7,5%.
“Além do efeito base, a retração em junho pode estar associada a outros dois fatores importantes. O primeiro seria a melhora nos números do mercado de trabalho, lembrando que a taxa de desemprego recuou de 11,1% em março para 10,5% em abril e depois para 9,8% em maio, e o segundo a contribuição da liberação do saque ao FGTS, ainda que o efeito esperado disso seja baixo para o ano, num intervalo de tempo mais curto ele tende a ser um pouco mais nítido. Por outro lado, temos inflação elevada, que só começou a desacelerar entre os meses de abril e maio, renda real em queda e uma taxa de juros que deverá permanecer alta por mais tempo”, explica Flávio Calife, economista da Boa Vista.
O Indicador de Registro de Inadimplência é elaborado a partir da quantidade de novos registros de dívidas vencidas e não pagas informados à Boa Vista pelas empresas credoras.
O Indicador de Recuperação de Crédito da Boa Vista avançou 2,4% na comparação mensal e 8,9% na comparação anual.
O ritmo de crescimento no ano desacelerou um pouco, passando de 9,7% até maio para 9,5% ao final do primeiro semestre, mas na variação acumulada em 12 meses avançou para 6,2%, ante 5,2% em maio.
A alta no mês sucedeu uma queda forte observada no mês de maio, de 5,6%, com os indicadores de registros e recuperação que caminharam em direções opostas.
Segundo a Boa Vista, "os fatores que apontam para um crescimento acelerado dos registros na análise de longo prazo poderão pesar sobre a recuperação de crédito, que tende a oscilar pouco daqui em diante à medida que o mercado de trabalho pode vir a estacionar, enquanto o efeito negativo da inflação e dos juros sobre a capacidade de pagamento tende a ser um pouco mais prolongado".