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IGP-DI traz de volta receio com inflação e juros sobem

Ao término da negociação normal na BM&F, a taxa do contrato futuro de DI com vencimento em janeiro de 2013 marcava 7,97%, ante 7,92% do ajuste de ontem

Sede da BM&F (Gustavo Kahil/EXAME.com)

Sede da BM&F (Gustavo Kahil/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 8 de maio de 2012 às 17h10.

São Paulo - As taxas dos contratos futuros de juros avançaram nesta terça-feira em toda a curva a termo, em uma reação direta ao IGP-DI divulgado logo cedo pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). A taxa de 1,02% do indicador em abril, quase o dobro do registrado em março e acima das previsões dos analistas, trouxe de volta ao mercado o receio com a evolução da inflação, principalmente no longo prazo. Isso foi suficiente para disparar um movimento de realização e de ajustes nas taxas, que vinham recuando de forma consistente nos últimos dias.

Ao término da negociação normal na BM&F, a taxa do contrato futuro de DI com vencimento em janeiro de 2013 (294.070 contratos) marcava 7,97%, ante 7,92% do ajuste de ontem. Já o DI para janeiro de 2014 (458.865 contratos) tinha taxa de 8,38%, de 8,24% do ajuste anterior. Na ponta mais longa, a taxa do contrato futuro de juros para janeiro de 2017 (77.015 contratos) estava em 9,67%, ante 9,41% do ajuste. Já o DI para janeiro de 2021 (4.605 contratos) marcava 10,17%, ante ajuste de 9,91% da segunda-feira.

A taxa de 1,02% do IGP-DI de abril ficou acima do teto das projeções dos analistas, que esperavam inflação de 0,80% a 0,94%. Em março, o índice subiu 0,56%. "O IGP-DI acabou favorecendo uma realização de lucros na curva, que vinha cedendo bastante nos últimos dias", resumiu Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil. "Os preços no atacado e os agrícolas tiveram forte alta, o que levou ao aumento de hoje nas taxas dos Dis".

Para muitos profissionais, a percepção é de que o IGP-DI acima de 1% funcionou como uma espécie de lembrete: não basta o governo alterar a remuneração da poupança, abrindo espaço para a queda da Selic, para que os juros efetivamente caiam, em especial na ponta longa. "O que aconteceu com a curva ontem, que afundou a taxa, realmente não faz sentido", afirmou Darwin Dib, economista-chefe da CM Capital Markets.

Na segunda-feira, as taxas dos DIs precificavam um dígito em todos os vencimentos até 2021. Nesta terça-feira, o vencimento de janeiro de 2021 já apontava juros de dois dígitos. "É natural que o trecho curto da curva tenda a acompanhar as intenções do Banco Central, mas à medida que o tempo anda, ou seja, no médio ou no longo prazo, vale menos a opinião do BC e mais a realidade", afirmou Dib. "Ontem, o mercado resolveu comprar a ideia de que a inflação não é um problema. E hoje, com o IGP-DI, só não ficou preocupado quem perdeu a capacidade de analisar a questão. O IGP de hoje é o IPC de amanhã", acrescentou.

Na quarta-feira, aliás, o mercado acompanhará atentamente a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril, que serve de referência para a meta de inflação perseguida pelo Banco Central.

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