Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Em um dia de volatilidade, o Ibovespa encerrou o pregão em alta nesta quarta-feira, 30, acompanhando a forte alta nas bolsas americanas. Investidores também estiveram de olho, no desemprego em queda no Brasil e no otimismo sobre uma PEC da Transição possivelmente desidratada.
O Ibovespa acumula alta de 3,2% na semana até o pregão desta quarta-feira. No mês de novembro, no entanto, o índice acumulou baixa de 3,1%, prejudicado pela volatilidade trazida pelo cenário político. Investidores ainda aguardam decisão sobre a política fiscal do novo governo Lula e quem será o próximo ministro à frente da Fazenda.
Nesta quarta, o Ibovespa diminuiu as perdas do mês com um salto diante do discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
Powell sinalizou que o Fed pode diminuir o ritmo de alta de juros. “Faz sentido moderar o ritmo de aumentos de nossas taxas à medida que nos aproximamos do nível de restrição que será suficiente para reduzir a inflação”, disse o presidente do Fed em um discurso na Brookings Institution em Washington. A expectativa é que a mudança ocorra já na reunião de política monetária de dezembro, a última do ano.
A fala foi positiva para os mercados, dando novo impulso às bolsas americanas. O Ibovespa acompanhou, e fechou na máxima do dia.
O cenário externo também foi mais favorável, com as bolsas de valores na China ganhando fôlego. O movimento deu impulso para ativos importantes para o Ibovespa, como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), que são os papéis com maior peso no índice.
Vale lembrar que os papéis das empresas de commodities já vinham sendo o grande destaque de alta da véspera, acompanhando o clima na China. Por lá, investidores repercutem um maior otimismo para a economia chinesa, com expectativas de afrouxamento das medidas anti-covid e incentivos para o setor de construção.
O preço do petróleo tipo Brent, que é referência para a Petrobras, registrou forte alta nesta quarta-feira, subindo mais de 5%, por causa da maior demanda chinesa e pelos novos cortes decretados pela OPEP+ na reunião do dia 4 de dezembro.
Acompanhando o movimento global, o dólar voltou a cair nesta quarta-feira contra a moeda brasileira, estendendo a forte baixa de 1,46% na véspera.
O cenário doméstico também deu confiança aos investidores. Os dados sobre o desemprego divulgados nesta quarta-feira mostram uma queda de 8,3% na taxa. Além disso, o protocolo da PEC da Transição na última terça-feira, 29, mostrou que existe uma margem de negociação que poderia reduzir o tamanho do estouro do teto de gastos.
Houve alguma oscilação na bolsa ao longo da tarde quando o ex-ministro da Fazenda e do Planejamento e integrante do governo de transição, Nelson Barbosa, disse que Fernando Haddad - principal nome cotado para assumir a pasta da Fazenda - é "um dos melhores quadros políticos do PT e do Brasil".
Barbosa minimizou as resistências do mercado ao nome de Haddad, mas falou em elevação de tributos, sinalizando que o governo não deve aumentar demais os gastos sem uma contraproposta.
As maiores altas do Ibovespa nesta quarta-feira foram lideradas pelos papéis da Locaweb e contou com a Petrobras no pódio, sinalizando mais um dia de fortes ganhos para as commodities.
Na ponta negativa, as maiores quedas ficaram com os frigoríficos, que possuem a receita dolarizada e recuam em dia de queda da moeda americana.
O Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) subiu 5,01% nesta quarta-feira após o CEO Marcelo Pimentel afirmar que a companhia está acelerando a expansão.
É com base nesses investimentos, que vêm na esteira de um novo modelo de loja e de intensificação da digitalização da operação, que Pimentel acredita que o GPA deve começar a recuperar valor.
As declarações foram recebidas, e a ação encerrou o dia entre as maiores altas do pregão.
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O Ibovespa acumula alta de 3,2% na semana até o pregão desta quarta-feira. No mês de novembro, no entanto, o índice acumulou baixa de 3,1%, prejudicado pela volatilidade trazida pelo cenário político.