Mercados

Ibovespa tem maior queda mensal em 11 meses pressionado por coronavírus

Temores sobre reabertura de mercado chinês derrubam bolsas nesta sexta-feira; Ibovespa recua 1,53%

Ibovespa: cai 1,57% com preocupação sobre reabertura de mercado chinês (Getty Images/Getty Images)

Ibovespa: cai 1,57% com preocupação sobre reabertura de mercado chinês (Getty Images/Getty Images)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 31 de janeiro de 2020 às 18h21.

Última atualização em 31 de janeiro de 2020 às 19h23.

São Paulo - Fechadas para as festas de Ano Novo Lunar desde a quinta-feira passada (23), as três bolsas de valores da China (Xangai, Shenzhen e Dalian) devem voltar a operar a partir de segunda-feira (3) - caso o recesso não se estenda novamente em razão do risco de contaminação por coronavírus. Uma possível queda acentuada logo na reabertura dos negócios preocupa os investidores. 

Com o temor no radar do mercado, as bolsas do ocidente operaram em queda nesta sexta-feira (31). Nos Estados Unidos, o S&P 500 caiu 1,77%, enquanto o índice pan-europeu Stoxx 50 recuou 1,21%. Por aqui, o Ibovespa fechou em baixa de 1,53%, em 113.760,57 pontos - a pontuação é a menor já registrada em 2020. Em janeiro, o principal índice da B3 caiu 1,63% - a maior queda mensal desde fevereiro de 2019. Somente nesta semana, a desvalorização ficou em 3,9%.

“Os investidores ficaram preocupados em não estarem muito expostos com medo de a bolsa chinesa abrir muito forte”, disse Jefferson Laatus, estrategista-chefe e fundador do grupo Laatus. Segundo ele, uma reação abruptamente negativa poderia causar um “efeito dominó”, se espalhando para os mercados ocidentais. 

Na quinta-feira (30), as bolsas entraram em recuperação após a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretar emergência de saúde pública de importância internacional. A medida, havia sido interpretada por investidores como uma maior liberdade para a OMS controlar o vírus. “Não fazia muito sentido [essa leitura]. A tendência real do que está acontecendo foi o que vimos hoje”, disse Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Investimentos.

Com a volta do mercado chinês, há grande expectativa de que o minério de ferro negociado em Dalian passe por uma queda abrupta. “As fábricas estão paradas na China, então não estão consumindo minério de ferro”, disse Laatus. 

Para evitar que esse rali de venda exerça uma pressão maior sobre a cotação do minério de ferro, é esperado alguma injeção de liquidez por parte do governo chinês. “Há uma dúvida enorme sobre como isso vai funcionar”, comentou Jason Vieira. 

No curto prazo, as ações de siderúrgicas devem sofrer mais com a possível queda de preços. Nesta sexta, os papéis da Vale recuaram 2,39%,. Gerdau, Usiminas e CSN caíram 3,33%, 1,43% e 3,80%, respectivamente.

Entre os papéis com grande peso no Ibovespa, todos fecharam no vermelho. Além da Vale, Petrobras, Ambev, B3 e os grandes bancos recuaram na sessão de hoje.

Pressionados pelo preço do petróleo, que caiu mais de 14% em janeiro, os papéis ordinários e preferenciais da Petrobras tiveram respectivas quedas de 2,07% e 1,69% nesta sexta. As ações da Ambev caíram 2,67%.

No setor financeiro, os papéis do Banco do Brasil puxaram as quedas, recuando 2,53%. Entre os grandes bancos, o movimento de baixa foi seguido por Itaú, Santander e Bradesco, que recuaram 1,88%, 2,39% e 1,67% respectivamente. Já as ações da B3 caíram 1,23%.

Acompanhe tudo sobre:ChinaCoronavírusIbovespa

Mais de Mercados

Funcionário esconde R$ 750 milhões em despesas e provoca crise em gigante do varejo

TotalEnergies suspende investimentos no Grupo Adani após acusações de corrupção

Barclays é multada em mais e US$ 50 milhões por captar fundos ilegalmente no Catar

Ibovespa fica no zero a zero com investidores ainda à espera de anúncio do pacote fiscal