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Ibovespa fecha em alta e recupera perdas da semana com ajuda do Fed

Cenário externo otimista com manutenção da taxa de juro americana próxima de zero contribui com tom positivo no mercado interno

Bolsa: Ibovespa sobe 1,51% e fecha em 102.142,93 pontos (REUTERS/Paulo Whitaker/Reuters)

Bolsa: Ibovespa sobe 1,51% e fecha em 102.142,93 pontos (REUTERS/Paulo Whitaker/Reuters)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 28 de agosto de 2020 às 17h00.

Última atualização em 28 de agosto de 2020 às 18h32.

A bolsa brasileira fechou em alta nesta sexta-feira, 28, com ajuda do cenário externo positivo, com os investidores ainda repercutindo a sinalização de que a taxa de juro americana deve permanecer próxima de zero por um longo período. Por aqui, a declaração do presidente Jair Bolsonaro de que o auxílio não é para sempre também ajudou a impulsionar a bolsa, segundo analistas. O Ibovespa, principal índice da B3, subiu 1,51% e encerrou em 102.142,93 pontos. Com isso, o índice recuperou as últimas perdas e encerrou a semana em alta de 0,61%

“As indicações dadas pelo presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, continuam ditando o rumo dos mercados”, avaliam analistas da EXAME Research. Na véspera, Powell anunciou a meta de inflação média, que sugere uma abordagem mais branda sobre o controle da inflação.

Em relatório assinado pelo executivo-chefe de investimentos da EXAME Reseach, Renato Mimica, e pelo economista da casa, Arthur Mota, a manutenção da taxa de juro americana próxima de zero nos Estados Unidos tende a manter o dólar desvalorizado e dar espaço para outras economias também deixarem seus juros baixos — o que favorece investimentos em renda variável, como ações.

“Se lembrarmos do que manda a regra de paridade de juros, o juro local precisa pagar pelo menos o juro americano, uma taxa de prêmio de risco e expectativa de desvalorização da moeda”, afirmam em relatório.

Por aqui, o Ibovespa esticou o movimento de alta, após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que o auxílio emergencial "não é aposentadoria". Por outro lado, o governo irá mantê-lo até o fim do ano. O valor do auxílio deve ser definido ainda nesta sexta. Mas a expectativa é que o ministro da Economia, Paulo Guedes, ceda aos interesses do presidente, e deixe o valor em 300 reais.

Os gastos com o auxílio emergencial tem sido a principal pauta da semana no mercado brasileiro, que teme o estouro do teto de gastos. Segundo Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos, a declaração de Bolsonaro contribuiu para a valorização das ações, mas "ainda é muito cedo para avaliar os impactos" e os temores fiscais seguem permeando o mercado.

No cenário local, o mercado também repercute positivamente a transferência de 325 bilhões de reais do Banco Central para o Tesouro Nacional. Os recursos fazem parte dos ganhos da reserva cambial com a valorização do dólar e servirão para o pagamento da dívida pública mobiliária interna.

“Isso adia um problema de curto prazo. Mas é um alívio temporário, que evidencia quão problemática está a situação fiscal no país. O colchão de liquidez do governo praticamente não existe mais”, afirma Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

Destaques

Com o bom humor externo elevando o preço de commodities no mercado internacional, as ações da Petrobras subiram 2% e as da Vale, 0,5% contribuindo para a alta do Ibovespa. Também com forte peso no índice, os grandes bancos voltaram a ser negociados em alta, com Itaú, Banco do Brasil, Bradesco e Santander avançando 1,03%, 2,95%, 2% e 1,6%, respectivamente. "Fazia um bom tempo que esses papéis não subiam e, com essas incertezas no mercado, os grandes bancos também servem como ativo de segurança", comenta Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.

Na liderança do índice ficaram as ações da Cyrela, com alta de 7,39%, após a recomendação de compra por parte de analistas do J.P. Morgan, que fixaram o preço-alvo de 30 reais. O papel da companhia é negociado a 25 reais

Na ponta negativa, as ações da Braskem recuaram 1,08%, após a empresa ser processada nos Estados Unidos por não ter informado acionistas sobre os problemas da companhia em Alagoas, onde a planta de mineração de sal-gema provocou fissuras no solo de bairros de Maceió. A informação foi dada pelo colunista de O Globo, Lauro Jardim. "A notícia é negativa para a Braskem, embora não traga maiores complicações de curto prazo. Trata-se de mais um fator de pressão para a petroquímica, que poderá ter de arcar com desembolsos extras no futuro relacionados à ação coletiva", afirma analistas da EXAME Research em relatório.

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