Ibovespa: índice abriu o pregão no azul nesta quarta-feira (10) (Ricardo Moraes/Reuters)
Reuters
Publicado em 10 de abril de 2019 às 10h40.
Última atualização em 10 de abril de 2019 às 13h12.
São Paulo — A bolsa paulista mostrava leve queda nesta quarta-feira, ainda em movimento de cautela em relação à Previdência mesmo após parecer favorável do relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara na véspera, enquanto Wall Street operava sem uma direção única.
Às 11:59, o Ibovespa caía 0,41 por cento, a 95.894,84 pontos. O volume financeiro era de 4,5 bilhões de reais.
O relator da reforma da Previdência na CCJ, Delegado Marcelo Freitas (PSL-MG), apresentou na terça-feira parecer pela admissibilidade da proposta, mas recomendou que sejam feitos "ajustes" na técnica legislativa e pediu que o mérito seja analisado com "profundidade" para verificar a "conveniência" e a "justiça" das novas regras.
"Essa notícia mostra que o cronograma de andamento da reforma está no prazo, apesar da pressão da oposição. Porém, a cautela persiste por ainda não termos nada definido", afirmou o analista Victor Beyruti, da Guide Investimentos.
Ele acrescentou que ainda há incertezas sobre o quanto o texto que altera as regras das aposentadorias dos brasileiros pode ser desidratado durante o trâmite no Legislativo e que isso acaba refletindo nos mercados.
Após a agitada sessão na CCJ, o texto voltará a ser debatido a partir da próxima segunda-feira, com expectativa que seja votado até 17 de abril.
No cenário externo, Wall Street tinha o S&P 500 e o Nasdaq em alta, mas o Dow em baixa, após uma série de sessões marcadas pelas incertezas comerciais e temores sobre o crescimento global, com investidores aguardando a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve e atentos ao começo da temporada de balanços.
- EDP BRASIL desvalorizava-se 3,41 por cento, figurando entre as maiores quedas do Ibovespa, tendo no radar que o JPMorgan cortou a recomendação das ações da companhia para "neutra" de "overweight", embora tenha elevado o preço-alvo das ações para 45 reais, de 37 reais antes.
- CSN recuava 2,69 por cento, em meio a ajustes conforme o papel acumulava até a véspera valorização de 89 por cento até a véspera. A companhia anunciou reabertura de bônus para 2023 e oferta de novo bônus de 7 anos com possibilidade de resgate pelo emissor a partir de três anos (7NC3), de acordo com informações do IFR, da Refinitv.
- PETROBRAS PN perdia 0,79 por cento e PETROBRAS ON caía 0,4 por cento, apesar de o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) ter aprovado na véspera o valor de 9,058 bilhões de dólares a ser pago à estatal como parte da conclusão da renegociação do contrato da cessão onerosa. A Petrobras está preparando a venda de mais três gasodutos depois de levantar 8,6 bilhões de dólares com o repasse do controle da TAG à francesa Engie, disseram três fontes com conhecimento do assunto à Reuters.
- VALE recuava 0,25 por cento, em sessão com queda dos preços do minério na China. O JPMorgan elevou a previsão para o preço do minério de ferro em 2019 em 12 por cento, para 87 dólares por tonelada, e em 2020 em 5 por cento, para 74 dólares, destacando que as cotações podem tocar os 92 dólares ao longo do terceiro trimestre.
- CEMIG PN subia 3,77 por cento, tendo de pano de fundo noticiário de que sua controlada Renova Energia fechou acordo com a AES Tietê para venda da totalidade do Complexo Eólico Alto Sertão III. O JPMorgan elevou a recomendação das ações da Cemig para 'overweight', com preço-alvo de 16 reais.
- GOL PN valorizava-se 3,59 por cento, após ter encerrado na véspera em seu menor patamar de fechamento desde 29 de janeiro. Na terça-feira, a companhia aérea divulgou previsão de margem operacional Ebit de 16 a 17 por cento no primeiro trimestre de 2019, de acordo com dados preliminares e não auditados divulgados.
- ELETROBRAS PNB avançava 2,37 por cento, um dia depois de encerrar em seu menor valor de fechamento desde 8 de março.
O dólar recuava ante o real, após parecer favorável do relator à reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, e monitorando dia de agenda cheia no exterior.
O dólar à vista cedia 0,79 por cento, a 3,8248 reais na venda. A moeda brasileira tinha o quarto melhor desempenho numa lista de 33 pares do dólar nesta sessão.
Na véspera, o dólar fechou em alta de 0,13 por cento, a 3,8542 reais na venda.
O dólar futuro caía por volta de 0,70 por cento.
O relator da Previdência na CCJ, deputado Delegado Marcelo Freitas (PSL-MG), apresentou um parecer favorável à proposta encaminhada pelo governo, mas recomendou que sejam feitos "ajustes" na técnica legislativa e pediu que o mérito seja analisado com "profundidade" para verificar a "conveniência" e a "justiça" das novas regras.
Após mais uma sessão tumultuada no colegiado, o texto voltará a ser discutido a partir da próxima segunda-feira para ser votado até 17 de abril.
"Mesmo com todas as fichas sendo direcionadas na aprovação da reforma, a apreensão fica por conta da sua essência. Resumindo, o objetivo de uma economia de 1 trilhão de reais em 10 anos será ou não alcançado?", ponderou em nota o operador de câmbio da Advanced Corretora Alessandro Faganello.
Ainda na noite de terça-feira, o governo aprovou um pagamento de 9,058 bilhões de dólares à Petrobras na renegociação da cessão onerosa.
Em meio a dificuldades fiscais, o governo deverá usar parte dos recursos arrecadados com o leilão do excedente do contrato da cessão onerosa, previsto para 28 de outubro, para pagar os montantes da renegociação à Petrobras.
No exterior, o apetite por risco que predominava nos últimos pregões se esvaiu depois que o Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou suas projeções de crescimento global na véspera e com tensões comerciais renovadas entre Estados Unidos e Europa.
Tendo esse cenário como pano de fundo, investidores voltam as atenções nesta quarta-feira para a decisão do Banco Central Europeu, que manteve a política monetária e orientação apesar da forte desaceleração no crescimento econômico do bloco.
O mercado aguarda ainda a divulgação da ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve, às 15h.
"Com poucas novidades esperadas para o curto prazo, as dúvidas se referem aos detalhes que as autoridades podem fornecer sobre as perspectivas de médio e longo prazo", explicaram economistas da XP Investimentos em nota, referindo-se às reuniões dos bancos centrais.
O Banco Central vendeu o lote integral de 5.350 contratos de swap cambial tradicional ofertados nesta quarta-feira em operação de rolagem do vencimento maio. Em oito leilões neste mês, o BC já vendeu 2,140 bilhões de dólares nesses contratos. O lote a expirar em 2 de maio é de 5,343 bilhões de dólares.