Alta das ações da Petrobras ajudaram Ibovespa a fechar no azul em dia de cautela nos mercados (Paulo Whitaker/Reuters)
Guilherme Guilherme
Publicado em 16 de setembro de 2019 às 18h15.
Última atualização em 16 de setembro de 2019 às 19h17.
O ataque do fim de semana contra as instalações de processamento de petróleo da Aramco, na Arábia Saudita, teve forte impacto nos mercados globais, que reagiram em tom de cautela no pregão desta segunda feira (16), fazendo com que índices acionários do mundo todo fechassem em queda. Por aqui, no entanto, a valorização das ações da Petrobras, que representam 11,68% do Ibovespa, ajudaram o índice a fechar em alta de 0,17%, a 103.680,41 pontos.
O atentado atingiu o campo de Abqaiq, a maior instalação de petróleo do mundo, e comprometeu 5% de toda produção mundial. Isso fez com o que o preço futuro da commodity disparasse quase 20% e só parasse de subir após o governo americano autorizar o uso de suas reservas de petróleo. Ao fim do dia, tanto o WTI quanto o Brent tinham apreciação de cerca de 14%.
Com tamanha valorização, a ação ordinária da Petrobras teve avanço de mais de 5% no início do pregão e fechou alta de 4,66%. Os papéis preferenciais da estatal fizeram movimento semelhante e subiram 4,52%.
Para o analista Rafael Passos, da Guide Investimentos, não é certo que o aumento repentino do preço do petróleo faça com que as ações da estatal brasileira deslanchem no médio e longo prazo. “A Petrobras pode se beneficiar com o dólar e o petróleo altos, mas tem que ver como vai ser a política de preço, se o [Roberto] Castello Branco vai ter liberdade ou vão intervir, como fizeram na greve dos caminhoneiros no ano passado”, afirmou.
Listadas em bolsas estrangeiras, outras petrolíferas também viram seu valor de mercado aumentar após o revés da Aramco. Nesta segunda, as ações da Exxon Mobil, Royal Dutch Shell e Chevron subiram 1,50%, 2,53% e 2,19%, respectivamente.
Embora alguns ativos tenham se beneficiado, o atentado no Oriente Médio jogou ainda mais incertezas sobre os investidores. “O mercado diminuiu o apetite ao risco, isso pode ser percebido pelo aumento do preço do ouro”, afirmou Rafael Passos.
Além das petrolíferas, os papéis da Cielo também subiram e fecharam com valorização de 6,02%. No domingo, o colunista do jornal O Globo, Lauro Jardim, noticiou que a Cielo e a Stone "andaram namorando nas últimas semanas", e, embora a "relação tenha esfriado no noivado", "as portas para para uma retomada das conversas mantêm-se abertas". Negociada na Nasdaq, as ações da Stone subiram 1,8%.
Outra empresa que teve desempenho bem acima da média nesta segunda foi a Kroton, que viu seu valor de mercado subir 4,66% e ir a 11,22 reais, após o Itaú BBA estipular o preço-alvo da ação a 14 reais para o fim de 2020. A expectativa da casa de investimentos é a de que os resultados operacionais apoiem o desempenho do papel no segundo semestre.
As ações da Oi subiram 1,9% nesta segunda (16), depois que veio a público o interesse da dona da Vivo em adquirir a operadora. Os papéis chegaram a subir 8% nesta manhã, As ações da Vivo (VIVT4), segunda maior empresa em telefonia fixa no país, subiram 1,33%.
A alta do preço do petróleo derrubou as ações de companhias aéreas listadas na Bolsa. Com cerca de 30% de suas despesas operacionais vinculadas ao combustível, Gol perdeu 8,45% de seu valor de mercado e a Azul, 7,77%, liderando as quedas do Ibovespa. Os papéis das companhias aéreas também foram prejudicados pela alta do dólar, que se valorizou 0,061% nesta segunda e fechou a 4,0905 reais.
Também na ponta negativa figuraram as ações de mineradoras, como a Vale e a CSN, que caíram 2,41% e 1,44%. De acordo com Rafael Passos, a queda foi motivada pelo dado sobre o crescimento da atividade industrial da China, que ficou abaixo da expectativa do mercado.