Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 6 de maio de 2022 às 17h38.
Última atualização em 6 de maio de 2022 às 18h06.
Ibovespa hoje: em um dia de volatilidade, o principal índice da B3 voltou a cair no início desta sexta-feira, 6, acompanhando a piora das bolsas em Wall Street. O principal foco dos investidores no mercado internacional segue sendo o ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos, que enxuga liquidez dos mercados globais. A fuga da renda variável levou o Ibovespa a mais uma semana de queda — a quinta consecutiva.
Por aqui a temporada de balanços conseguiu frear as perdas do Ibovespa, que recuou 0,16%, aos 105.314 pontos. Ainda assim, a fuga da renda variável levou o Ibovespa a mais uma semana de queda — a quinta consecutiva — baixa de 2,54%. No acumulado do ano, o índice sobe 0,30%.
A aversão a risco, por outro lado, aumenta a atratividade do dólar, que mantém a tendência de alta ante o real. Na máxima do dia, a moeda chegou a superar os R$ 5,11 e, na mínima, ficou perto de perder a marca dos R$ 5,00.
A moeda americana subiu 1,2%, a R$ 5,075, e acumula valorização de 2,7% na semana.
Tamanha volatilidade nesta sexta teve origem nas diferentes leituras dos dados do mercado de trabalho americano — considerada uma das mais importantes variáveis para a inflação e política de juros dos Estados Unidos.
Considerado o principal indicador do mercado de trabalho americano, o payroll revelou a criação de 428 mil empregos em abril, ante a expectativa de 391 mil. O número mais forte que o esperado alimenta as expectativas de que o Federal Reserve (Fed) tenha de aumentar ainda mais o ritmo de alta de juros para conter a inflação. Por outro lado, a taxa de desemprego, projetada para cair para 3,5%, se manteve estável em 3,6%.
Expectativas de aperto monetário mais duro pegam em cheio as bolsas de Nova York, em especial a Nasdaq, onde as principais empresas de tecnologia do mundo estão listadas. O índice Nasdaq, que caiu 3,99% na véspera, voltou a ter o pior desempenho do mercado americano nesta sexta.
A Petrobras (PETR3/PETR4), com a segunda maior participação no Ibovespa, minimizou a queda do índice. Os papéis da petrolífera saltaram mais de 3%, com investidores reagindo ao balanço, que saiu acima das expectativas.
"O resultado, no geral, foi muito bom. Mas os dividendos roubaram a cena", afirmaram analistas do Credit Suisse em relatório. A Petrobras anunciou cerca de R$ 48,5 bilhões em remuneração aos acionistas, com o dividendo por ação, de R$ 3,7 saindo no topo das expectativas do mercado.
Nesta sexta, o presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, disse que seguirá a política de paridade de preços, o que também animou os investidores.
Outro destaque da agenda de balanços foi o Bradesco (BBDC4), que subiu mais de 2%, contribuindo com o sentimento sobre os próximos resultados do setor. O Itaú (ITUB4), que irá apresentar seus números do trimestre na próxima semana, sobe mais de 2%.
Mas as maiores altas do Ibovespa ficam com os papéis do varejo de vestuário. A Alpargatas (ALPA4), dona da Havaianas, subiu mais de 7% mesmo depois de ter anunciado uma queda de 24,5% no lucro líquido.
A empresa, no entanto, reforçou em comunicado que as bases não são comparáveis ano a ano por conta de recentes movimentações de mercado. Entre elas, a compra de fatia na americana Rothy´s e a venda de participação na marca Osklen.
Na sequência, os papéis da Lojas Renner (LREN3) dispararam quase 6% após a companhia reverter prejuízo em lucro. A receita líquida da companhia cresceu 63% na comparação anual e 35% em relação ao primeiro trimestre de 2019, antes da pandemia. O lucro líquido ficou em R$ 191,6 milhões ante o prejuízo de R$ 147,7 do mesmo período do ano passado.
Na ponta negativa, os papéis da Petz (PETZ3) recuaram 12% mesmo com o balanço positivo. A companhia reportou um lucro líquido ajustado de R$ 21,1 milhões no primeiro trimestre de 2022, um crescimento de 57,7% em relação ao mesmo trimestre de 2021.
O resultado foi considerado positivo pelos analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), que classificou o resultado como “sólido” apesar do cenário macroeconômico desafiador, com inflação e juros subindo.
Ainda assim, o sentimento negativo de aversão a risco pesou sobre as ações da empresa, que apresentou a pior queda do dia, seguida de papéis de tecnologia.