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Ibovespa registra 1ª alta de 2022 em movimento de recuperação

Preocupações sobre alta de juros trazidas pela ata do Federal Reserve derrubam bolsas globais

Painel de cotações da B3 | Foto Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 | Foto Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 6 de janeiro de 2022 às 10h34.

Última atualização em 6 de janeiro de 2022 às 18h18.

O Ibovespa avançou nesta quinta-feira, 6, registrando sua primeira alta do ano na contramão do desempenho negativo das bolsas globais. O principal índice da B3 recuperou parte das perdas do último pregão, quando caiu 2,42% – o maior tombo desde novembro de 2021 – após a divulgação da ata da última reunião do  Federal Reserve (Fed).

O documento sinalizou que a taxa de juro poderá subir antes do esperado nos Estados Unidos – a chance de 80% de um aumento de 25 pontos-base na taxa já na reunião de março, segundo levantamento da Bloomberg. A notícia elevou os rendimentos dos títulos do Tesouro Americano, atraindo capital que estava alocado em opções mais arriscadas de investimento, como as ações.

Hoje, no entanto, o dia foi de maior alívio no mercado brasileiro, inclusive para o câmbio. “O mercado já absorveu quase todo o tom mais duro da ata do Fed. Mas o patamar da taxa de câmbio ainda reflete a possibilidade de aumento de juros nos EUA antes do previsto. Devemos ver um patamar mais perto de 5,70 reais do que abaixo”, afirma Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest.

No fechamento:

  • Ibovespa: + 0,55%, aos 101.561 pontos;
  • Dólar comercial: - 0,56%, a 5,680 reais.

Lá fora, no entanto, o tom mais contracionista adotado pelo Fed seguiu fazendo preço. As bolsas da Europa, que na véspera fecharam antes da divulgação da ata, hoje caíram mais de 1%. Na Ásia, o dia também foi de quedas, com destaque negativo para a Bolsa de Tóquio que recuou quase 3%.

Já nos Estados Unidos, o clima continuou negativo mesmo após as fortes quedas no pregão anterior. Após despencar 3,3% na última sessão, o índice Nasdaq, mais sensível às perspectivas de alta de juros, fechou o dia em queda, assim como o S&P 500 e o Dow Jones.

  • S&P 500 (EUA): - 0,10%;
  • Nasdaq (EUA): - 0,13%;
  • Dow Jones (EUA): - 0,47%;
  • Stoxx 600 (Europa): - 1,25%
  • Nikkei (Japão): - 2,88%.

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Apesar das incertezas externas, o mercado de commodities segue aquecido e ajudou a sustentar a bolsa brasileira. O minério de ferro subiu 4% nesta madrugada na China em meio à expectativa de maior demanda após as Olimpíadas de Inverno, segundo a Reuters. No país, tentativas de despoluição têm afetado, principalmente, a produção de aço.

A valorização do minério impulsionou as ações da Vale (VALE3), principal ação do Ibovespa e grande responsável pela alta do índice nesta quinta. A Bradespar (BRAP4), holding do Bradesco que detém grande participação na Vale, também avançou. 

  • Vale (VALE3): + 2,02%;
  • Bradespar (BRAP4): + 2,85%.

Apesar dos ganhos, o cenário interno continuou a preocupar. Dados do IBGE divulgados pela manhã mostraram maior fraqueza do setor industrial: a atividade caiu 0,2% em novembro contra expansão esperada de 0,1%. Na comparação anual, a queda foi de 4,4%.

“No futuro, espera-se que o setor industrial continue a enfrentar ventos contrários de condições financeiras mais apertadas (taxas de juros crescentes), demanda fraca – uma vez que a inflação corrói a renda disponível real –, fricções persistentes na cadeia de suprimentos e custos mais altos de logística, energia e outros insumos”, avalia, em relatório, Alberto Ramos, analista do Goldman Sachs.

Outra fonte de preocupação foi a pressão dos agentes públicos por maiores reajustes, o que pode comprometer o quadro fiscal do Brasil. O imbróglio começou com o anúncio de reajuste para policiais federais, sem que fossem contempladas outras categorias.

Em comentário, a Levante avalia que o Executivo poderia abrir crédito suplementar – que não se enquadra no teto de gastos – pedindo por mais recursos para contemplar as demais categorias, mediante autorização do Congresso.

“Evidentemente, do ponto de vista fiscal, uma solução de aumento de gastos, no contexto de um orçamento com mais de 94 por cento das despesas já obrigatórias e alto custo com pessoal, seria muito mal-recebida pelos mercados”, afirma a casa.

Destaques de ações

A BRF (BRFS3) foi, novamente, o maior destaque de alta do Ibovespa. Os papéis estenderam os ganhos da véspera após recomendação positiva do Credit Suisse. O banco passou a ver oportunidade de compra nas ações e aumentou o preço-alvo do ativo em 36%.

As ações de Hapvida (HAPV3) e NotreDame Intermédica (GNDI3) também ficaram entre as maiores altas do dia. Na última terça-feira, a Hapvida afirmou que espera concluir a aquisição da concorrente até fevereiro após a operação ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

  • BRF (BRFS3): + 7,05%;
  • Lojas Renner (LREN3): + 5,12%;
  • Hapvida (HAPV3): + 3,74%;
  • NotreDame Intermédica (GNDI3): + 3,68%.

O setor de tecnologia e e-commerce – alguns dos mais prejudicados em cenários de juros mais altos – ficou com a ponta negativa do índice. Positivo (POSI3), Via (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3) ficaram entre os maiores destaques de baixa.

  • Positivo (POSI3): - 5,31%;
  • Via (VIIA3): - 4,60%;
  • Magazine Luiza (MGLU3): - 2,65%.
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