Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 17 de junho de 2021 às 13h30.
Última atualização em 17 de junho de 2021 às 16h03.
Após passar a manhã operando em alta, o Ibovespa entrou no campo negativo no início da tarde desta quinta-feira, 17, pressionado por ações ligadas a commodities. Às 16h, o principal índice da B3 caía 1,29% para 127.590 pontos.
Por outro lado, o dólar cai 0,64% e volta a ficar próximo de perder a marca dos 5 reais, chegando a ser negociado a 5,002 reais na mínima do dia. A queda da moeda americana ocorre em meio à repercussão do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), feito na última noite, após elevar a taxa Selic em 0,75 ponto percentual (p.p.) para 4,25% ao ano.
No documento, além de voltar a sinalizar uma alta de "mesma magnitude" na próxima reunião, o Copom deixou a porta aberta para uma elevação de juros ainda mais dura, dependendo do comportamento da inflação. No mercado, investidores acreditam em uma alta de até 1 p.p., com a Selic passando para 5,25% já em agosto.
Novas altas de juros tendem a fortalecer o real, com a maior atração de investidores estrangeiros para a renda fixa brasileira. No mercado de câmbio, o real tem uma das melhores performances desta quinta, perdendo apenas para o rublo russo entre as principais moedas emergentes.
Na bolsa, porém, a queda do dólar tem derrubado ações de empresas exportadoras de commodities. Com a maior participação no Ibovespa, a Vale (VALE3) cai 2,04% e puxa a queda do índice, mesmo com a alta do minério de ferro nesta madrugada. Siderúrgicas apresentam forte desvalorização, com a CSN (CSNA3) caindo 4,91%. Ações de frigoríficos e do setor de celulose também são negociadas em queda.
Outra empresa com grande participação no índice, a Petrobras (PETR3/PETR4) recua 3,89% e 4,05%, respectivamente, acompanhando a desvalorização do petróleo no mercado internacional. Do mesmo setor, a PetroRio (PRIO3) recua mais de 4,79% e lidera as quedas do índice. .
No mercado internacional, investidores ainda digerem a sinalização de que o Federal Reserve (Fed) pretende fazer duas altas de juros em 2023, um ano antes do esperado.
O que ajuda a resfriar a percepção de aperto monetário por parte do Fed são os pedidos semanais de seguro desemprego, que voltaram a ficar acima das expectativas no país. Divulgado nesta manhã, o número ficou em 412.000 pedidos contra 359.000 esperados. A quantidade de pedidos também ficou acima da registrada na semana passada, que foi revisada para 375.000.
Nos Estados Unidos, os índices Dow Jones e S&P 500 operam em queda, enquanto o Nasdaq, com maior presença do setor de tecnologia, sobe. Movimento semelhante ocorre na bolsa brasileira, com ações da Magazine Luzia (MGLU3), Banco Inter (BIDI11), Locaweb (LWSA3) e Totvs (TOTS3) operando em alta.
Locaweb e Magalu lideram as altas, subindo mais de 4%. As varejistas também se beneficiam das melhores perspectivas de retomada econômica no Brasil. “Em meio a declarações de Bolsonaro sobre o aumento do Bolsa Família e com o otimismo proveniente da prorrogação do auxílio emergencial e do progresso da vacinação, o setor de comércio varejista segue seu ciclo de alta”, acrescentam, em nota, analistas da Ativa Investimentos.
Também na ponta positiva do índice, os papéis da BR Distribuidora (BRDT3) sobem 2,46%, e ficam entre as maiores altas do dia. As ações avançam com a notícia do Estadão de que a oferta subsequente de ações (follow-on) para a venda das ações da BR detidas pela Petrobras deverá ser lançada hoje para ter o preço definido no dia 30 deste mês.
Investidores também ficam atentos hoje à votação da MP de privatização da Eletrobras (ELET3/ELET6) no Senado. Os papéis ordinários da companhia (ELET3) recuam 4,27%, enquanto os preferenciais (ELET6) caem 4,72%. O Conselho de Administração da estatal bateu o martelo sobre a venda da participação no fim da semana passada.