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Ibovespa fecha em queda com mercado atento ao futuro de Moro no governo

Ministro da Justiça pediu a saída do cargo, após ser informado sobre troca da diretoria da Polícia Federal, diz jornal

Bolsa de valores: investidores estão preocupados com a substituição de ministros cuja credibilidade sustenta o governo Bolsonaro (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)

Bolsa de valores: investidores estão preocupados com a substituição de ministros cuja credibilidade sustenta o governo Bolsonaro (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 23 de abril de 2020 às 17h18.

Última atualização em 23 de abril de 2020 às 17h33.

A bolsa brasileira B3 aprofundou a queda na tarde desta quinta-feira após a Folha de S.Paulo noticiar em seu site que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, pediu demissão. O Ibovespa, principal índice da bolsa, fechou o pregão em queda de 1,26%, em 79.673,30 pontos. A notícia também foi sentida no mercado de câmbio, com o dólar comercial, referência nas transações entre bancos e empresas, subindo 2,2% e fechando em níveis recordes, a 5,528 reais.

De acordo com o jornal, Moro disse que iria sair após o presidente Jair Bolsonaro avisar que pretende trocar o diretor geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, homem de confiança do ministro da Justiça. Bolsonaro, sempre segundo a Folha, ainda está tentando reverter a decisão do ministro, cujo prestígio entre a população é um dos pilares do governo. 

“O Moro é um dos portos seguros do governo. O mercado reage fortemente ao aumento das incertezas políticas”, diz Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos.

A ameaça de Moro se dá em meio ao aparente enfraquecimento de outro nome forte do governo, o ministro da Economia, Paulo Guedes. "O próprio governo está minando a atuação desses ministros, e o mercado financeiro interpreta que nem o Guedes está a salvo. Ainda mais agora que ele começa a entrar no embate de questão fiscal versus o aumento de gastos", diz Bruno Lima, analista da Exame Research, o braço de análise de investimentos da EXAME.

Mais cedo, o Ibovespa chegou a subir mais de 1,5%, acompanhando o bom humor externo e refletindo a possibilidade de o Banco Central voltar a cortar a taxa básica de juros Selic, que está agora em 3,75%, o menor nível da história. A redução do juro acaba forçando os investidores que aplicam em renda fixa a buscar ativos de maior risco que possam dar maior retorno também.

No início da tarde, porém, o índice de referência brasileiro passou a cair com a notícia de que o medicamento remdesivir, tido como grande promessa no tratamento do novo coronavírus, falhou em um teste. De acordo com o site de notícias médicas STAT, uma pesquisa publicada acidentalmente no site da Organização Mundial da Saúde mostrou que o remédio não traz benefícios para os pacientes com a infecção respiratória covid-19. Na semana passada, a notícia de que o medicamento teria sido eficaz para tratar 120 pessoas infectadas serviu de gatilho para uma elevação dos ativos de risco no mundo inteiro ao alimentar esperanças de que a pandemia que travou a economia possa ser domada logo.

Nos Estados Unidos, as bolsas de valores encerraram praticamente estáveis, após ficarem no campo positivo na maior parte do dia. Pela manhã, o S&P, que encerrou em leve queda de 0,05%, chegou a ter alta de mais de 1%. Parte do bom humor se deu em razão das estatísticas sobre o desemprego no país, que é o mais afetado pela pandemia. Os pedidos de seguro desemprego recuaram para 4,427 milhões de pedidos na semana passada. Embora muito acima do normal, o número é inferior aos 5,237 milhões registrados na anterior. Na pior semana da atual crise, os Estados Unidos chegaram a registrar mais de 6 milhões de pedidos de seguro desemprego.

“Os pedidos estão caindo a cada semana. Isso aumenta a expectativa de uma reabertura econômica”, disse Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.

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