Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 6 de junho de 2022 às 10h32.
Última atualização em 6 de junho de 2022 às 17h23.
Ibovespa hoje: o principal índice da bolsa brasileira cai nesta segunda-feira, 6, pressionado pela alta na curva de juros, que avança pressionada pelo movimento similar nos Estados Unidos. Alta do dólar e risco fiscal brasileiro também estão no radar.
No exterior, a preocupação com o avanço da inflação aumenta as apostas de um aperto monetário mais duro. Nesta segunda, o rendimento do título de 10 anos do Tesouro americano volta a superar 3% pela primeira vez desde o início de maio. Vale lembrar que o Índice de Preço ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) – indicador importante na decisão da política de juro americano – será divulgado nesta sexta-feira, 10.
A alta dos rendimentos ajuda a impulsionar o dólar contra moedas emergentes e desenvolvidas. A moeda americana, que iniciou o dia em queda, passou a subir, acompanhando o movimento dos títulos americanos. No Brasil, o dólar sobe, voltando a ser negociado próximo da casa dos R$ 4,80.
No cenário interno, as preocupações estão voltadas para as medidas populistas do governo Jair Bolsonaro. Nesta segunda, o presidente afirmou que o novo Ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, quer “mudar toda a Petrobras”, em uma tentativa de conter a alta dos combustíveis em ano eleitoral.
A fala foi feita dois dias depois do governo propor a criação de um subsídio ao diesel de R$ 25 bilhões com uso dos dividendos da Petrobras pagos à União.
As sinalizações foram mal recebidas por investidores, que, mais cedo, voltaram a penalizar as ações da petroleira. Ao longo da tarde, no entanto, os papéis amenizaram as perdas.
Os principais destaques negativos do dia são ações de tecnologia, mais afetadas em um cenário de juros mais altos. Positivo (POSI3) e Méliuz (CASH3) recuam mais de 5%. Hapvida (HAPV3), Americanas (AMER3) e Petz (PETZ3) também ficam entre as maiores baixas do dia.
Entre as poucas altas do índice, destaque para a exportadora Suzano (SUZB3), que fica entre os maiores ganhos acompanhando a alta do dólar. Outra ação que sobe é a CSN Mineração (CMIN3): todo o setor ligado ao minério de ferro avança nesta segunda, acompanhando a retomada da atividade econômica da China, após remoção de restrições à covid-19 em Pequim.
Entre o alívio das medidas está a volta da permissão para comer dentro de restaurantes e a retomada do trabalho presencial. Bolsas da Ásia fecharam em firmes altas, enquanto o minério de ferro foi à máxima em 10 meses na bolsa de Dalian.
A valorização da commodity contribui com a alta das ações da Vale (VALE3), que, por serem os papéis de maior peso na carteira do índice, impedem uma queda ainda maior do Ibovespa.
Assim como o setor de mineração, o bom humor com a China impulsiona as principais bolsas da Europa e Estados Unidos.
Além da maior expectativa de demanda chinesa, sinais de alívio do cerco às empresas de tecnologia do país endossam o apetite ao risco no exterior. As ações da chinesa Didi Chuxing saltam mais de 60% em Nova York, após notícia do Wall Street Journal sobre o fim da investigação sobre a companhia e a suspensão do banimento da adesão de novos usuários à plataforma de aplicativos de transporte, como 99.
O índice Nasdaq, das principais ações de tecnologia dos Estados Unidos, é destaque positivo desta manhã. Na última sessão, o Nasdaq teve o pior desempenho entre os índices de Wall Street, recuando cerca de 2,5%, com temores sobre as pressões inflacionárias, após dados do mercado de trabalho americano terem saído acima do esperado.