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Ibovespa sobe com foco em vacinas; Carrefour desaba 5% após protestos

AstraZeneca informa eficácia e FDA anuncia que pode aprovar vacina da Pfizer daqui a três semanas

Painel de cotações da B3  |  Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

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Beatriz Quesada

Publicado em 23 de novembro de 2020 às 09h10.

Última atualização em 23 de novembro de 2020 às 18h37.

O Ibovespa encerra em alta o pregão desta segunda-feira, 23, com o noticiário sobre avanços de potenciais vacinas contra o coronavírus impulsionando a busca por ativos de risco. O índice avançou 1,26% para 107.378 pontos. Destoando do clima positivo, as ações do Carrefour caíram 5,35%. No fim de semana, a rede de supermercados enfrentou uma onda de protestos motivada pelo assassinato do cliente negro João Alberto Silveira Freitas por seguranças contratados pela empresa. A morte ocorreu na véspera do dia da Consciência Negra e dentro da uma de suas lojas do Rio Grande do Sul.

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Na última sexta-feira, 20, dia seguinte à tragédia, as ações do Carrefour chegaram a cair 2% mas fecharam em alta de 0,49%. "Houve um questionamento da sociedade perguntando se o mercado não se importava com o ocorrido porque os investidores não deram o devido destaque à notícia na semana passada. Por outro lado, hoje já foi possível perceber uma venda de posições que considerou a responsabilidade social da empresa no episódio", afirma Victor Aguiar, especialista em ações da EXAME Research.

O resultado divergiu do cenário geral de alta nas bolsas de valores do Brasil e dos Estados Unidos, que repercutiram o anúncio de que a vacina produzida pela Universidade de Oxford em parceria com farmacêutica AstraZeneca pode ser até 90% eficaz contra o coronavírus. Também esteve no radar dos investidores o comunicado de que a agência reguladora dos Estados Unidos (FDA) deve decidir sobre a autorização emergencial da vacina da Pfizer a partir do próximo dia 10.

Com o otimismo, os três principais índices americanos encerraram o pregão no campo positivo. O Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq avançaram 1,13%, 0,57% e 0,22%, respectivamente.

O progresso no desenvolvimento e regulamentação de vacinas também impulsionam investidores nacionais a continuar o movimento de rotação de posições. A busca por ações de empresas que mais sofreram com a pandemia aumenta enquanto a exposição em papéis beneficiados pelos períodos de isolamento é reduzida. "Neste ambiente, ações de empresas brasileiras que sofreram bastante com as medidas de isolamento social, caso de aéreas, sobem fortemente, assim como a Petrobras, que acompanha a alta de mais de 1% do petróleo", argumenta Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos.

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Os resultados da vacina da AstraZeneca, no entanto, receberam avaliação negativa de pelo menos um analista de sell-side. Geoffrey Porges, do SVB Leerink, disse em relatório que a farmacêutica destacou os resultados de um grupo “relativamente pequeno” de voluntários no teste e que não obteria a aprovação dos EUA devido à falta de diversidade entre os participantes.

As ações da empresa caíram 1,08%, com operadores levando em conta sua menor eficácia em comparação a rivais como a Pfizer, que até agora relatou a maior taxa de imunização, de 95%, seguida pela Moderna, com 94,5%.

As dúvidas foram suficientes para azedar o humor dos mercados na Europa. O índice pan-europeu STOXX 600 encerrou o dia em queda de 0,2%, após ter subido até 0,6% nas negociações da manhã.

Já os dados preliminares da eficácia da CoronaVac, potencial vacina contra Covid-19 da chinesa Sinovac que está sendo testada no Brasil pelo Instituto Butantan, serão anunciados apenas no início de dezembro.

No mercado de câmbio, o dólar iniciou o dia em queda, mas ganhou força contra moedas emergentes ao longo do dia e fechou a 5,43 reais, alta de 0,88% frente ao real. "Tem que levar em conta que o [presidente Donald] Trump está ameaçando fazer medidas contra a China nesses últimos dois meses de governo. É o fator que está levando o dólar a subir. A nossa moeda está muito colada com a de outros países emergentes", afirma Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos.

De acordo com o Wall Street Journal, fontes próximas ao presidente americano afirmaram que a Casa Branca estão pressionando por medidas de "linha-dura" contra a Pequim, o que inclui a criação de uma aliança de países do Ocidente. O plano, ainda segundo a publicação, incluiria retaliações conjuntas quando o país asiático usasse seu poder comercial para coagir nações.

Outro fator que pesa a favor da moeda americana são os resultados dos índices de gerentes de compras (PMIs). O valore referente ao setor de serviços ficou em 57,7 pontos e o industrial, em 56,7 pontos - lembrando que números acima de 50 pontos sinalizam expansão da atividade. Além disso, a moeda nacional enfrenta os questionamentos do risco doméstico sobre a situação fiscal.

Apesar dos entraves, o Boletim Focus mostrou que o mercado reduziu a perspectiva de contração do PIB de 2020 de 4,66% para 4,55%. Por outro lado, o mercado revisou a expectativa da taxa Selic de 2021 de 2,75% para 3%, assim como o IPCA esperado para o fim deste ano de 3,25% para 3,45%.

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