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Ibovespa sobe com ajuste e de olho em política

Perto do fechamento, a alta do Ibovespa chegou a perder parte do fôlego, após a renúncia da presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques

B3: "O recente escândalo político tem o potencial de tirar a recuperação do Brasil dos trilhos" (Facebook/B3/Reprodução)

B3: "O recente escândalo político tem o potencial de tirar a recuperação do Brasil dos trilhos" (Facebook/B3/Reprodução)

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Reuters

Publicado em 26 de maio de 2017 às 18h34.

São Paulo - O principal índice da Bovespa fechou em alta nesta sexta-feira, em movimento de ajuste amparado nas apostas de investidores no andamento das reformas no Congresso Nacional, a despeito da crise que afeta o Planalto desde as denúncias contra o presidente Michel Temer.

Perto do fechamento, a alta do Ibovespa chegou a perder parte do fôlego, após a renúncia da presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Silvia Bastos Marques, mas voltou a ganhar força nos ajustes.

Além disso, a agência de classificação de risco Moody's informou após o fim do pregão que mudou a perspectiva de rating do Brasil para "negativa" ante "estável" por causa da incerteza gerada pela crise política.

O Ibovespa subiu 1,36 por cento, a 64.085 pontos. Na semana, o índice acumulou alta de 2,3 por cento, devolvendo parte da perda de mais de 8 por cento registrada na semana passada. O volume financeiro somou 8,74 bilhões de reais.

Maria Silvia informou pessoalmente sua renúncia do cargo a Temer nesta sexta-feira, alegando motivos pessoais. Segundo operadores, sua saída levanta questões sobre como se dará o processo de sucessão em meio a um cenário político tumultuado, além de receios sobre eventuais novas baixas no governo.

O governo vem tentando passar a imagem de normalidade no Legislativo, apesar da forte crise no Planalto desde a semana passada, diante da divulgação de conversa entre Temer e um dos sócios da JBS.

Essa perspectiva de manutenção da agenda de reformas vem guiando a recuperação no mercado acionário, mas analistas alertam que o grau de incerteza segue elevado.

"O recente escândalo político tem o potencial de tirar a recuperação do Brasil dos trilhos", disse o estrategista em mercados emergentes do banco de investimentos Julius Baer, Heinz Ruettimann, em nota a clientes.

A equipe do banco avalia que se a implementação das reformas for adiada, diluída ou interrompida, as expectativas dos investidores sobre a gestão Temer diminuiriam e ameaçariam o ciclo de flexibilização monetária.

"Isso, no fim, seria negativo para o crescimento (da economia)", escreveu Ruettimann.

Destaques

- JBS ON caiu 6,09 por cento, em mais uma sessão agitada para os papéis e marcada por leilões ao longo do pregão. As ações da empresa de alimentos têm mostrado volatilidade intensa desde a delação de seus executivos, na semana passada. Na véspera, os papéis subiram 22,56 por cento, com investidores aproveitando as baixas cotações e também em meio à expectativa por venda de ativos. A diretoria da Sociedade Rural Brasileira (SRB) enviou uma carta ao BNDES defendendo saída dos irmãos Joesley e Wesley Batista do conselho de administração da empresa de alimentos.

- PETROBRAS PN caiu 0,44 por cento, enquanto PETROBRAS ON ganhou 0,62 por cento. No radar estava o anúncio de redução do preço de combustíveis, o que foi surpreendente na visão de analistas do BTG Pactual, uma vez que os preços médios e spot indicavam a necessidade de pequenos aumentos para manter os prêmios estáveis. Os analistas destacam, no entanto, que seguem positivos com o papel.

- ITAÚ UNIBANCO PN subiu 2,71 por cento e BRADESCO PN avançou 2,31 por cento, ajudando o viés de alta do Ibovespa devido ao peso em sua composição. BANCO DO BRASIL ON liderou os ganhos do setor bancário, com alta de 4,15 por cento e SANTANDER UNIT avançou 2,83 por cento.

- CCR ON avançou 2,47 por cento, em sessão de queda das taxas de juros futuros e com aumento das chances de corte de 1 ponto percentual da Selic na próxima semana.

- CEMIG PN ganhou 3,2 por cento. Como pano de fundo estava a expectativa pelo plano de desinvestimentos da empresa que, segundo analistas, deve sair até o fim do mês. Em teleconferência com investidores realizada em meados de maio, o diretor financeiro da Cemig disse que o programa seria anunciado nas semanas seguintes, sem precisar o momento.

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