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Ibovespa tem alta pelo 3° dia seguido após eficácia de remdesivir em teste

Fabricante do medicamento afirmou em nota que remédio atingiu seu “objetivo primário”

Bolsa: Ibovespa sobe 2,29% e encerra em 83.170,80 pontos (NurPhoto/Getty Images)

Bolsa: Ibovespa sobe 2,29% e encerra em 83.170,80 pontos (NurPhoto/Getty Images)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 29 de abril de 2020 às 17h30.

Última atualização em 29 de abril de 2020 às 18h55.

A bolsa brasileira fechou em alta, nesta quarta-feira, 29, com o otimismo nos mercado internacionais, após a farmacêutica americana Gilead afirmar, em nota, que seu medicamento remedesivir atingiu seu “objetivo primário” em teste contra o coronavírus covid-19. A expectativa dos investidores é a de que a eficácia do remédio acelere a retomada econômica. Nesta sessão, o Ibovespa, principal índice de ações, subiu 2,29% e encerrou em 83.170,80 pontos. Na semana, o índice já acumula de 10,4%. Desde a mínima do ano, a bolsa já subiu 33,8%. 

Apesar da notícia positiva, a decepção com produto interno bruto (PIB) americano do primeiro trimestre pesou negativamente. Embora o mercado já esperasse uma recessão de 4% no período, a realidade foi ainda mais perversa, apontando para uma contração de 4,8%.

"O PIB foi muito ruim. Se não fosse pelo medicamento, o mercado iria piorar bem", afirmou Bruno Lima, analista de renda variável da Exame Research. Segundo ele, a retração do segundo trimestre deve ser ainda mais intensa. "Será bizarramente pior.".

Também esteve no radar dos investidores a decisão do Federal Reserve (Fed) sobre a taxa de juros americana, que se manteve no intervalo entre 0% e 0,25%. O discurso de Jerome Powell, que voltou a dizer que pode usar todas as ferramentas para conter os impactos econômicos da doença, também agradou os investidores.

No Brasil, as atenções se voltaram para os balanços corporativos. Entre o fechamento do pregão anterior e a abertura de hoje, algumas das principais empresas da bolsa divulgaram resultados do primeiro trimestre, como Vale, Raia Drogasil, Weg e Minerva.

"Os resultados mostram que as empresas conseguiram manter algum nível de lucratividade, o que acaba reduzindo aquele pânico", disse Villa.

Entre elas, o destaque ficou com a fabricante de motores elétricos Weg, que aumentou seu lucro líquido em 43% na comparação anual. A empresa, que está entre as maiores altas do Ibovespa no ano, teve apreciação de 4,48%. A valorização acumulada em 2020 é de 22,92%.

Fora do principal índice da bolsa, a Minerva, maior exportadora de carne bovina da América do Sul, reverteu os prejuízos e teve lucro de 271 milhões de reais no primeiro trimestre. As ações ordinárias da empresa chegaram a avançar quase 10%, fecharam em alta de 3,36%. Já suas units, com menor liquidez, subiram 12%.

Apesar das recentes valorizações na bolsa, Álvaro Villa, economista da Messem Investimentos, vê com cautela o aumento de casos de coronavírus no Brasil e acredita que esse fator possa ter impactos negativos nas ações. De acordo com os últimos dados divulgadas pelo ministério da Saúde, o país tem 78.162 infectados e 5.466 mortos pela doença - quantia de vítimas que já supera a da China. 

"As pessoas estão ignorando [os casos de covid-19 no país] e querendo reabrir os negócios. A maior preocupação é se, com isso, aumentar muito o número de mortes. Aí, mesmo voltando a economia, as pessoas não vão sair de casa, fazendo todo esse processo se tornar mais custoso e demorado", afirmou Villa.    

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