Bovespa operava em alta no início do pregão desta segunda-feira (25) (Marcos Issa/Bloomberg/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 25 de março de 2019 às 10h20.
Última atualização em 25 de março de 2019 às 12h33.
O principal índice acionário da bolsa paulista não mostrava uma tendência clara nesta segunda-feira, 25, oscilando entre altas e baixas nas primeiras horas do pregão, com os investidores ainda preocupados sobre a capacidade de articulação do governo para aprovar a reforma da Previdência, enquanto as principais praças no exterior operavam sem direção comum.
Às 11:35, o Ibovespa subia 0,37 por cento, a 94.078,69 pontos. O volume financeiro era de 3,7 milhões de reais.
Na última semana, o índice acumulou perda de 5,45 por cento, encerrando a sexta-feira cotado a 93.735,15 pontos, menor patamar desde 11 de janeiro.
Para o analista da Coinvalores Felipe Silveira, os mercados seguem no aguardo de mais novidades em relação ao andamento da reforma nas regras de aposentadoria, com tendência de um ruído no curto prazo devido às incertezas quanto ao cenário político.
"As expectativas estão girando em torno da definição do relator da CCJ. A perspectiva de médio e longo prazo ainda é positiva, com o mercado apostando em um cenário de aprovação da reforma e melhora da economia", afirmou.
No final de semana, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), incitou o presidente Jair Bolsonaro a assumir a liderança na articulação do processo para aprovação da emenda constitucional no Congresso Nacional.
No exterior, persistiam os temores sobre o crescimento econômico global, com os principais índices de Wall Street operando em queda, apesar das expectativas de uma nova rodada em negociações comerciais entre Estados Unidos e China no fim desta semana.
- ELETROBRAS PNB avançava 1,86 por cento, e ELETROBRAS ON subia 1,83 por cento, tendo como pano de fundo notícias de que a elétrica Taesa e o grupo de infraestrutura J. Malucelli tiveram aval sem restrições do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para aquisição de ativos da estatal.
- NATURA perdia 1,64 por cento, ainda ecoando a confirmação de que a empresa mantém negociação com a rival Avon para potencial transação envolvendo as companhias.
- VALE tinha queda de 1,08 por cento, após notícia de que as operações da mina de Brucutu não serão retomadas no prazo previsto anteriormente, com impacto anualizado estimado na produção de aproximadamente 30 milhões de toneladas de minério de ferro. Também no radar estava o anúncio de que a mineradora desembolsará 16,96 bilhões de reais na manutenção de suas operações no Brasil em 2019, ante 14,45 bilhões investidos no ano passado.
- PETROBRAS PN ganhava 0,33 por cento, e PETROBRAS ON cedia 0,13 por cento, em sessão negativa para os preços do petróleo no exterior .
- ITAÚ UNIBANCO PN subia 0,87 por cento, enquanto BRADESCO PN ganhava 0,85 por cento, exercendo as principais influências positivas do Ibovespa, dado o peso que os papeis possuem em sua composição.
O dólar recuava acentuadamente ante o real nesta segunda-feira, 25, com dados econômicos alemães amenizando temores de desaceleração global e ajudando a moeda brasileira, enquanto investidores ainda monitoram tensões renovadas ligadas à reforma da Previdência.
Às 12h18, o dólar recuava 0,91 por cento, a 3,8666 reais na venda. Na sexta-feira, o dólar fechou em alta de 2,69 por cento, a 3,9022 reais na venda, maior alta diária em 22 meses.
O dólar futuro caía por volta de 1,1 por cento.
A moeda norte-americana abriu em alta, com investidores reagindo ao noticiário do fim de semana ligado à Previdência e ainda refletindo as movimentações de sexta-feira, quando mercados acionários e moedas emergentes foram abalados por preocupações renovadas de desaceleração global.
No fim da semana passada, dados econômicos fracos da Europa reforçaram os temores e motivaram uma busca por proteção, sentimento que foi endossado após números decepcionantes dos Estados Unidos.
Tais preocupações, que ainda permaneciam na abertura do pregão, foram em parte amenizadas por novos dados vindos da Alemanha que mostraram uma alta na confiança empresarial no país, levando o euro e ativos europeus em geral a subirem.
O real também foi beneficiado pela melhora no cenário externo, com o dólar passando a operar com baixa frente à moeda brasileira, explicou o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues.
A melhora inesperada na confiança empresarial da Alemanha serviu para aplacar em parte as preocupações ligadas à cena política interna, que se deteriorou ao longo do fim de semana após encerrar a semana passada em maus termos.
Nesta segunda-feira, Bolsonaro se reúne com o ministro da Economia, Paulo Guedes, junto a outros ministros agora pela manhã e se encontra em separado com Guedes no período da tarde. Participantes do mercado esperam que essas reuniões resultem em uma reaproximação do governo com o Congresso.
No sábado, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que o presidente Jair Bolsonaro precisa se convencer da importância da reforma da Previdência para o país e assumir a liderança na articulação, mas disse que nesta semana voltará a trabalhar pela aprovação do texto.
Bolsonaro, por sua vez, que estava em visita oficial ao Chile no fim de semana, afirmou que o Brasil precisa "fazer o dever de casa" e aprovar a reforma e que esta responsabilidade está com o Congresso no momento.
"Não se vê luz no fim do túnel nessa briga mesquinha, assim por dizer. Atrasar a tramitação que é o grande problema.... Nota-se que o governo está meio sem saber o que fazer", afirmou Rodrigues.
A preocupação de agentes financeiros, mais objetivamente, é com eventual atraso na tramitação do texto e mais diluição do conteúdo, o que pode resultar em uma economia menor do que a esperada.
O BC vendeu nesta sessão 14,5 mil swaps cambiais tradicionais, equivalente à venda futura de dólares. Assim, rolou 10,150 bilhões de dólares do total de 12,321 bilhões de dólares que vencem em abril.