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Ibovespa cai e perde os 95 mil com medo de 2ª onda; Cielo desaba 13%

Mercado teme que crescimento do número de infectados nos Estados Unidos e na Europa desacelere retomada econômica

Bolsa: Ibovespa recua, com pessimismo nos mercados internacionais (NurPhoto/Getty Images)

Bolsa: Ibovespa recua, com pessimismo nos mercados internacionais (NurPhoto/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 24 de junho de 2020 às 17h00.

Última atualização em 24 de junho de 2020 às 18h20.

A bolsa brasileira fechou em queda, nesta quarta quarta-feira, 24, com temores de uma segunda onda de coronavírus, após aumento do número de casos na Europa e nos Estado Unidos. A preocupação dos investidores é a de que novas medidas de isolamento social sejam necessárias e provoquem a desaceleração da recuperação econômica. O Ibovespa, principal índice de ações, caiu 1,66% e encerrou em 94.377,36 pontos. Na lanterna do índice ficaram as ações da Cielo, que recuaram 12,98%, depois que o Banco Central e o Cade suspenderam o pagamento por meio do aplicativo de conversas WhatsApp. A adquirente seria responsável pelas transações pelo aplicativo de mensagens.

No mercado, os temores de que o isolamento social seja retomado, mesmo que em parte, parece cada vez mais próximo da realidade, agora que países europeus passaram a registrar a intensificação de novos casos. Na Alemanha, um novo surto da doença em uma planta de processamento de carnes, fez com que regiões do países retomassem o lockdown.

“A aceleração de casos na Europa preocupa, porque o mercado já via as aberturas econômicas como sustentáveis. Há um medo generalizado de que isso possa ocorrer em outros lugares”, disse Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos.

Nos Estados Unidos, que iniciaram processos de reabertura sem que alguns estados tivessem atingido o pico da pandemia, o ritmo de infecções também tem aumentado. Na terça-feira, o país teve mais 34.700 infectados confirmados, o terceiro maior número diário desde o início da pandemia, de acordo com a AP. Essa foi a maior quantidade em dois meses. Nos Estados Unidos, já são 2.366.961 infectados e 121.662 mortos pela doença, segundo dados da Universidade Johns Hopkins.

Devido à pandemia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou que o PIB mundial deve encolher 4,9% neste ano. As projeções para o Brasil foram ainda piores, com previsão de com contração de 9,1%. A estimativa para o PIB brasileiro é a mesma prevista pela OCDE, em caso de uma segunda onda de coronavírus.

"O FMI botou para baixo a expectativa de recuperação econômica mais forte no segundo semestre. Vai demorar até que o Brasil retome o nível de antes da pandemia, talvez fique para depois de 2022", disse Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.

O mercado também repercutiu negativamente a notícia da Bloomberg que afirma que os Estados Unidos pretendem impor tarifas de 3,1 bilhões de dólares sobre produtos de países europeus, como França, Alemanha, Espanha e Reino Unido. Entre os itens que podem passar por aumento de tarifas estão azeitonas, cervejas, gin e até caminhões.

“Toda vez que há tensão comercial entre potências globais, se eleva o receio sobre o crescimento global, ainda mais neste ano, que se espera um crescimento bem reduzido”, disse Esteter.

Para Marcel Zambello, analista da Necton Investimentos, a medida pode ter mais cunho político do que econômico. “Esse protecionismo de Trump contra o livre mercado tem um viés mais eleitoral, tendo em vista que ele já está perdendo para os democratas nas prévias. A economia e o nível de emprego é o que deve definir as eleições americanas”, comentou.

Destaques

Na bolsa, o destaque do dia ficou com as ações da Cielo, que caíram 12,98%, após a decisão do Banco Central e do Cade de suspender pagamentos por meio do aplicativo de conversas Whatsapp. Na semana passada, os papéis da companhia chegaram a disparar mais de 30%, após a parceria com o Facebook para possibilitar esse tipo de serviço.

Ações que poderiam ser beneficiadas pela reabertura das economias, como as companhias aéreas e empresas de educação, também figuram entre as maiores baixas do dia, com quedas de mais de 8%, como foi o caso dos papéis da GOL. Por outro lado, as ações da B2W, associada ao comércio digital, subiram, apesar do clima negativo no mercado. Os papéis da Sabesp subiram 2,33%, com a votação do marco do saneamento básico no radar.

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